Depois de ter
celebrado o Nascimento de Jesus na terra, hoje comemoramos o nascimento para o
céu de Santo Estêvão, o primeiro mártir. Não obstante à primeira vista possa parecer
que entre as duas celebrações não há um vínculo, na realidade existe, e é muito
forte.
Ontem, na liturgia
do Natal, ouvimos proclamar: “O Verbo fez-se
carne e habitou entre nós”. Santo Estêvão pôs em crise os chefes do seu
povo porque, cheio de fé e do Espírito Santo, acreditava firmemente e
professava a nova presença de Deus entre os homens; sabia que o verdadeiro
templo de Deus já é Jesus, Verbo eterno que veio habitar entre nós e que se fez
como nós em tudo, exceto no pecado. Mas Estêvão é acusado de pregar a
destruição do templo de Jerusalém. A acusação que dirigem contra ele é de ter
afirmado que Jesus de Nazaré há de
destruir este lugar e há de mudar as tradições que Moisés nos legou.
Com efeito, a
mensagem de Jesus é importuna e incomoda-nos, porque desafia o poder religioso
mundano e provoca as consciências. Depois da sua vinda, é necessário
converter-se, mudar de mentalidade, renunciar a pensar como antes, mudar,
converter-se. Estêvão permaneceu ancorado na mensagem de Jesus até à morte. Eis
as suas últimas orações: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” e “Senhor,
não tenhas em conta este pecado que eles cometeram”; estas duas preces
são o eco fiel daquelas pronunciadas por Jesus na cruz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito” e “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Aquelas
palavras de Estêvão tornaram-se possíveis porque o Filho de Deus veio à terra e
morreu e ressuscitou por nós; antes destes acontecimentos elas eram expressões
humanamente impensáveis.
Portanto também
nós, diante do Menino Jesus no presépio, podemos rezar-lhe assim: “Senhor
Jesus, confiamos-te o nosso espírito, recebe-o”, para que a nossa
existência seja verdadeiramente uma vida boa, segundo o Evangelho.
Papa
Francisco – 26 de dezembro de 2017
Hoje celebramos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário