Frei Jacinto Maria
Cormier testemunhou a verdade de Cristo seguindo a escola de São Domingos. Bendito
seja Deus que nos concede reunir nesta manhã em uma só festa membros de três
ramos da grande família dominicana, tão fortemente ligados à pregação da
verdade!
A verdade não é uma
noção abstrata, é para nós uma pessoa, a pessoa de Cristo, o rei do
universo. Em sua vida, o Frei Cormier vivia constantemente a verdade e
transmitia-a a todos os seus irmãos dominicanos com humildade e
perseverança. Não tinha ele unido a verdade à caridade em seu lema: "Caritas
veritatis"? Ele disse que levar a verdade é "a mais bela
caridade".
No Frei Cormier, a
Igreja quer reconhecer e honrar a ação do intelecto humano, iluminado pela
fé. De fato, o fundador da Universidade Angelicum nos lembra que Deus nos
pede para usar as faculdades do nosso espírito, um reflexo de si mesmo, para
torná-lo glorioso. Homem sedento da verdade, ele também sabia se entregar-se
a seus irmãos como Prior, como Provincial e como Mestre Geral da Ordem
Dominicana, respeitando suas tradições seculares. Ele liderou os filhos de
São Domingos com sua sabedoria e competência para levá-los a Deus, para
torná-los autênticos filhos e testemunhas do Reino.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação –
20 de novembro de 1994
Luis
Enrique Cormier nasceu em Orleans, na França, em 1832, de uma família de
comerciantes. Estudou na escola dos Irmãos das Escolas Cristãs e depois no
seminário maior e menor de Orleans. Neste período ele fez um voto privado
dos três conselhos evangélicos e se matriculou na Terceira Ordem
Dominicana. Quando ele quis se juntar aos dominicanos, foi-lhe dito que
ele "carecia de vocação; ou que era imaturo". Ele não foi
dissuadido por um julgamento tão duro e persistiu em seu desejo até que ele
conseguiu entrar, e até mesmo conseguiu uma dispensa para ser ordenado
sacerdote antes da idade em 1856.
Em
1904 foi nomeado Mestre Geral da Ordem. Ele visitou as províncias da
Itália, Áustria, Holanda e Alemanha, restaurou várias províncias como a
Colômbia, Aragão, e criou outras novas: Canadá e Califórnia. Ao longo de
sua vida, dedicou-se a duas ocupações: oração e estudo.
“O Mestre Geral da Ordem, sendo o
sucessor de Santo Domingos, é o prelado apropriado e imediato de todos os
frades, conventos e províncias". Ao longo de sua existência, a Ordem foi dirigida por mais de
80 Mestres.
Frei
Jacinto Maria foi um dos mais eminentes Mestre Geral da Ordem. Francês de origem, ingressou na Ordem como sacerdote e
desenvolveu várias tarefas importantes: Secretário do Mestre, formador de
noviços, Provincial e mestre da Ordem (1904-1916). Embora tenha se destacado em cada tarefa, ele brilhou acima
de tudo como um Mestre, particularmente por seu interesse na boa formação dos
dominicanos, de acordo com o espírito do Fundador da Ordem, São Domingos, que
não hesitou em enviar seus primeiros frades para estudar em Paris e Bolonha,
transformando a preparação intelectual em sinal da sua Ordem.
“Santo Domingo, sem pequenas
inovações, inseriu profundamente no ideal de sua Ordem o estudo dirigido ao ministério
da salvação.” A
harmonia de Cormier com este ideal foi evidenciada, acima de tudo, na atenção
que dedicou aos dois centros de estudo mais emblemáticos da Ordem: em Roma e em
Jerusalém.
A
Ordem tinha em Roma, desde a Idade Média, o Colégio Santo Tomás para a formação
dos dominicanos. Cormier
estimulou seu desenvolvimento e conseguiu promovê-lo ao Pontifício Anqelicum
Athenaeum, com a equalização de seus graus acadêmicos com os das Universidades
Católicas (1908). Ela seria elevada à
Pontifícia Universidade em 1963. Por seu turno, a dominicana Marie-Joseph
Lagrange havia fundado em Jerusalém um centro superior de estudos bíblicos
(1890), que logo se tornaria uma referência para a ciência bíblica. Seu objetivo era investigar a Bíblia em profundidade, com
critérios técnicos e aplicando o positivo do método crítico-literário das
Biblistas alemãs (protestantes), campeões no campo. Esta abordagem da Bíblia provocou convulsões em ambientes
católicos tradicionais, com forte oposição e crítica. Seu eco reverberou na
direção da Ordem. O que fazer? Cormier agiu com toda a prudência, salvando e encorajando o
trabalho científico da Escola de Jerusalém e evitando possíveis excessos. Isso é demonstrado por sua prolífica correspondência com
Lagrange. Seu desempenho alcançou o sucesso
desejado.
Ele
morreu em 17 de dezembro de 2016, no convento de San Clemente, em Roma, em
decorrência de uma úlcera sangrenta. São Pio X disse que ele era "o
Santo de Roma". De fato,
ele foi beatificado por João Paulo II em 20 de novembro de 1994.
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