A rigidez do
hipócrita nada tem a ver com a lei do Senhor, mas com algo escondido, uma vida
dupla que nos torna escravos e nos faz esquecer que estar do lado de Deus
significa viver a liberdade, a mansidão, a bondade, o perdão. São precisamente
estas as atitudes do cristão, que não deve fingir que é bom para mascarar a
doença da rigidez.
Jesus repete muitas
vezes a palavra “hipócrita” aos rígidos e a quantos assumem uma atitude de
rigidez em cumprir a lei, que não têm a liberdade do filho: sentem que a lei se
deve fazer assim e são escravos da lei. Mas a lei não foi feita para nos tornar
escravos, mas para nos tornar livres, filhos. E Jesus, com poucas pregações,
mas muitos fatos, fez-nos compreender esta realidade.
Portanto, por
detrás da rigidez há sempre algo escondido, em muitos casos uma vida dupla. Mas
há também algo doentio: como sofrem os rígidos e quando são sinceros e se dão
conta disto, sofrem porque não conseguem ter a liberdade dos filhos de Deus;
não sabem como se caminha na lei do Senhor e não são bem-aventurados. E sofrem
muito. Assim, mesmo se parecem bons, porque seguem a lei, por detrás há algo
que não os torna bons: ou são maus, hipócritas ou são doentes. Contudo, sofrem.
Para esclarecer
melhor, lembremos a história dos dois filhos da parábola do filho pródigo. O
filho mais velho era bom, a ponto que todos os vizinhos, todos os amigos do pai
diziam: Que bom este filho, faz sempre o que o pai lhe diz! Mas depois nos seus
comentários acrescentavam: Pobre pai com o segundo filho que foi uma
catástrofe, foi-se embora com o dinheiro e leva uma vida impura, uma vida de
pecador!
Contudo, no final,
a história inverte-se e aquele pecador, que se foi embora, dá-se conta que se
comportou mal e volta, pede perdão e o pai faz festa. Ao contrário, o filho bom
está ali e mostra o que está por detrás da sua bondade. Ou seja, a soberba de
se julgar justo: “a ele faz-lhe festa, que é deste jeito, e a mim, que sou tão
bom, que sempre te servi, não me fazes festa?”
Eis, a atitude do hipócrita:
por detrás de fazer o bem, há soberba. Por sua vez, o filho pródigo, sabia que
tinha um pai e no momento mais difícil da sua vida foi ter com o pai. O filho
mais velho, ao contrário, compreendia apenas que o pai era patrão, mas nunca o
tinha sentido como pai: era rígido, caminhava na lei com rigidez. Mais ainda: o
filho pródigo deixou a lei de lado, e foi-se embora sem a lei, contra a lei,
mas a um dado momento pensou no pai, voltou e foi perdoado.
Não é fácil
caminhar na lei do Senhor sem cair na rigidez, mas os rígidos, como já disse,
sofrem muito. Rezemos pelos nossos irmãos e irmãs que pensam que caminhar na
lei do Senhor significa tornar-se rígidos: o Senhor lhes faça sentir que é pai
e que gosta da misericórdia, da ternura, da bondade, da mansidão, da humildade.
E a todos nos ensine a caminhar na lei do Senhor com estas atitudes.
Papa Francisco – 24
de outubro de 2016
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