segunda-feira, 25 de junho de 2018

25 de junho - São Máximo de Turim

Entre o final do quarto século e o início do quinto, temos a figura de São Máximo, Bispo de Turim, em 398, que contribuiu decididamente para a difusão e o consolidamento do cristianismo no norte da Itália. São poucas as notícias sobre ele; em compensação chegou até aos nossos dias uma coletânea de cerca de noventa Sermões. Deles sobressai aquele vínculo profundo e vital do Bispo com a sua cidade, que afirma um ponto de contato evidente entre o ministério episcopal de Ambrósio, e o de Máximo.

Naquela época graves tensões perturbavam a convivência civil ordenada. Máximo, neste contexto, conseguiu reunir o povo cristão em volta da sua pessoa de pastor e de mestre. A cidade estava ameaçada por grupos espalhados de bárbaros que, tendo entrado pelas portas orientais, se adentraram até aos Alpes ocidentais. Por isso Turim era estavelmente presidiada por guarnições militares, e tornava-se, nos momentos críticos, o refúgio das populações em fuga dos campos e dos centros urbanos privados de proteção. As intervenções de Máximo, perante esta situação, testemunham o compromisso de reagir à degradação civil e à desagregação. Foi uma lúcida escolha pastoral do Bispo, que entreviu neste tipo de pregação o caminho mais eficaz para manter e fortalecer o próprio vínculo com o povo.

Nesta perspectiva, para ilustrar o ministério de Máximo na sua cidade, gostaria de expor por exemplo os Sermões 17 e 18, dedicados a um tema sempre atual, o da riqueza e da pobreza nas comunidades cristãs. Também neste âmbito a cidade estava invadida de graves tensões. As riquezas eram acumuladas e ocultadas. 
"Ninguém pensa nas necessidades dos outros", constata amargamente o Bispo no seu décimo sétimo Sermão. "De fato, muitos cristãos não só não distribuem os próprios bens, mas subtraem também os dos outros. Não só, digo, recolhendo o seu dinheiro não o levam aos pés dos apóstolos, mas também afastam dos pés dos sacerdotes os seus irmãos que procuram ajuda". E conclui: "Encontram-se na nossa cidade muitos hóspedes e peregrinos. Fazei quanto prometestes" aderindo à fé, "para que não se diga também a vós quanto foi dito a Ananias: "Não foi aos homens que mentistes, mas a Deus" (Sermão 17, 2-3).

No Sermão sucessivo, o dezoito, Máximo estigmatiza formas recorrentes de crueldades sobre as desgraças do próximo. "Diz-me, cristão, diz-me: porque te apoderaste da vítima abandonada pelos salteadores? Por que introduziste na tua casa um "proveito", como tu mesmo consideras, dilacerado e contaminado?". "Mas talvez", continua, "tu digas que o compraste e por isso pensas que evitas a acusação de avarento. Mas não é deste modo que se pode fazer corresponder a compra à venda. É uma boa coisa comprar, mas em tempo de paz e o que se vende livremente, não o que foi roubado durante um saque... Portanto, comporta-se como cristão e como cidadão aquele que compra para restituir" (Sermão 18, 3).

Sem o evidenciar demasiado, Máximo chega assim a pregar uma relação profunda entre os deveres do cristão e os do cidadão. Aos seus olhos, viver a vida cristã significa também assumir os compromissos civis. Ao contrário, cada cristão que, "mesmo podendo viver com o seu trabalho, captura a vítima do próximo com a fúria das feras"; quem "insidia o seu vizinho, que todos os dias procura corroer os confins do outro, apoderar-se dos produtos", não é sequer semelhante à raposa que degola as galinhas, mas ao lobo que se lança contra os porcos" (Sermão 41, 4).

Em síntese, a tonalidade e o conteúdo dos Sermões deixam supor uma aumentada consciência da responsabilidade política do Bispo nas específicas circunstâncias históricas. Ele é "a sentinela" posta na cidade. Quem são estas sentinelas, pergunta de fato Máximo no Sermão 92, "a não ser os beatíssimos Bispos que, por assim dizer, são postos sobre uma fortaleza de sabedoria para a defesa dos povos, veem de longe os males que chegam inesperadamente?". E no Sermão 89 o Bispo de Turim ilustra aos fiéis as suas tarefas, servindo-se de uma comparação singular entre a função episcopal e a das abelhas: "Como a abelha", diz ele, os Bispos "observam a castidade do corpo, concedem o alimento da vida celeste, usam o aguilhão da lei. São puros para santificar, meigos para restaurar, severos para punir". Assim São Máximo descreve a tarefa do Bispo no seu tempo.
Papa Bento XVI – 31 de outubro de 2007

Máximo nasceu depois da metade do século IV, na região do Piemonte, na Itália. Foi discípulo de dois grandes santos: Eusébio de Vercelli e Ambrósio de Milão, e sob a orientação de ambos fundou a diocese de Turim, da qual foi nomeado o primeiro bispo.
De personalidade firme e decidida, com caráter manso e benévolo, diante da invasão dos bárbaros chegou a propor aos seus fiéis, amedrontados pela aproximação do inimigo destruidor, empunhar as armas do jejum, da oração e da misericórdia para enfrentá-lo.

Aos medrosos e acovardados, que pensavam em abandonar a cidade, pregou que seriam injustos e pífios se abandonassem a mãe no perigo, pois a pátria é sempre uma doce mãe.

Entretanto, ao tratar dos temas da doutrina dogmática, a sua palavra era uma luz que aclarava imensamente os textos bíblicos, os quais interpretava com a mais perfeita ortodoxia. Venerado como um dos Padres da Igreja pela Igreja ocidental, documentos mais recentes revelam que ele teria convocado o Concílio de Turim, na condição de primeiro bispo daquela diocese, em 398.
Morreu no ano 423, e segundo antiga tradição local, suas relíquias ficaram escondidas por muitos séculos. Depois, perderam-se durante as várias invasões dos bárbaros e pela ação dos hereges iconoclastas no início do século IX. Finalmente, alguns poucos fragmentos dessas relíquias foram encontrados no século XVII e são conservados na catedral de Turim.


O bispo Máximo tinha uma particular veneração por são João Batista, cuja devoção incutiu aos fiéis que elegeram aquele santo como padroeiro de Turim. Por esse motivo, a Igreja marcou a festa litúrgica de são Máximo de Turim para 25 de junho, um dia após a celebração da Natividade de São João Batista

Nenhum comentário:

Postar um comentário