No Evangelho de
hoje Jesus volta a uma catequese a Ele muito querida: a catequese sobre as
riquezas. E é muito claro o seu conselho: “Não acumuleis tesouros na terra”.
Mas Jesus explica também o porquê: Onde a ferrugem e as traças os corroem e os
ladrões arrombam os muros, para os roubar. Em síntese, Jesus diz-nos que é
perigoso brincar com este comportamento de acumular tesouros na terra. É
verdade, que talvez na raiz deste comportamento haja a vontade de segurança.
Como para dizer quero estar seguro e por isso tenho esta poupança.
Mas as riquezas não
são como uma estátua, não estão paradas: as riquezas têm a tendência a crescer,
a mover-se, a ocupar um lugar na vida e no coração do homem. E assim aquele
homem que, para não se tornar escravo de uma pobreza, acumula riquezas, acaba
por ser escravo das riquezas. Eis então o conselho de Jesus: Não acumuleis
tesouros na terra. De resto, as riquezas invadem também o coração, apropriam-se
do coração e corrompem-no. E aquele homem acaba corrompido por este comportamento
de acumular riquezas.
Jesus fala de
traças e ferrugem: mas quais são? Há a destruição do coração, a corrupção do
coração e também a destruição das famílias. E o trecho que se segue ao que foi lido é muito claro: ninguém
pode servir a dois senhores, porque odiará um e amará o outro; ou afeiçoar-se-á
a um e desprezará o outro. Enfim, diz o Senhor, não podeis servir a Deus e à
riqueza.
É uma afirmação
muito clara: É verdade, ouvimos as pessoas que têm esta atitude de acumular
riquezas, elas “acumulam” muitas desculpas para se justificar, tantas! Contudo, no final estas riquezas não dão segurança para sempre. Aliás, rebaixam-te
na dignidade. E isto é válido também em família: muitas famílias separam-se
precisamente por causa das riquezas.
E mais: Também na
raiz das guerras há esta ambição que destrói, corrompe. De fato, neste mundo,
neste momento, estão em ato muitas guerras por causa da avidez de poder, de
riquezas. Mas pode-se pensar na guerra no nosso coração: “Afastai-vos de toda a
cobiça!” diz o Senhor. Porque a avidez vai aumentando sempre: sobe um degrau,
abre a porta, depois chega a vaidade — considerar-se importante, poderoso — e
no final o orgulho. E a partir disto todos os vícios: são degraus, mas o
primeiro é a avidez, a vontade de acumular riquezas.
Quando o Senhor abençoa
uma pessoa com as riquezas, faz dela um administrador daquelas riquezas para o
bem comum e de todos e não para o próprio bem. Mas não é fácil tornar-se um
administrador honesto porque existe sempre a tentação da avidez, de se tornar
importante: o mundo ensina-nos isto e leva-nos por esta estrada.
Ao contrário,
devemos pensar nos outros, considerar que o que tenho está ao serviço dos outros
e nada levarei comigo. E se usar o que o Senhor me concedeu para o bem comum,
como administrador, isto santifica-me, faz-me santo. Contudo não é fácil. Assim
todos os dias devemos entrar no nosso coração para nos perguntar: onde está o
meu tesouro? Nas riquezas ou nesta administração, no serviço para o bem comum?
Portanto, quando um
rico vê que o seu tesouro é administrado para o bem comum, e vive com
simplicidade no seu coração e na sua vida, como se fosse pobre: este homem é
santo, caminha na estrada da santidade, porque as suas riquezas são para todos.
Mas é difícil, é como brincar com o fogo. Por este motivo muitos tranquilizam a
própria consciência com a esmola e doam o que lhes sobra. Mas isto não é ser
administrador: o verdadeiro administrador conserva para si o que sobra e dá aos
outros, em serviço, tudo. De fato, administrar a riqueza é um despojamento
contínuo do próprio interesse e não pensar que estas riquezas nos
proporcionarão a salvação. Portanto acumular sim, tesouros sim, mas os que são
cotados — digamos assim — na “bolsa do céu”: lá, acumulai-os lá!
De resto, o Senhor
viveu como pobre, mas quanta riqueza tinha!
Papa Francisco - 19 de junho de 2015
Hoje celebramos:
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