terça-feira, 5 de junho de 2018

05 de junho - De quem é a figura e a inscrição que está nessa moeda? Mc 12,16


O Evangelho apresenta-nos um novo encontro entre Jesus e os seus opositores. O tema enfrentado é o do tributo a César: uma questão espinhosa, a respeito da legalidade ou não de pagar o imposto ao imperador de Roma, a quem estava submetida a Palestina na época de Jesus. As posições eram diversas. Portanto, a pergunta que lhe foi dirigida pelos fariseus: É permitido ou não pagar o imposto a César? constitui uma cilada para o Mestre. Com efeito, de acordo com a resposta que tivesse dado, seria acusado de ser a favor ou contra Roma.

Mas também neste caso, Jesus responde com calma e aproveita a pergunta maliciosa para dar um ensinamento importante, elevando-se acima da polêmica e das posições opostas. Diz aos fariseus: Mostrai-me a moeda do tributo. Eles mostram-lhe um denário e Jesus, observando a moeda, pergunta: De quem é esta imagem e esta inscrição? Os fariseus respondem: De César. Então Jesus conclui: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Por um lado, intimando que se restitua ao imperador aquilo que lhe pertence, Jesus declara que pagar o imposto não é um gesto de idolatria, mas um ato devido à autoridade terrena; por outro, e é aqui que Jesus dá o “golpe de asa”, evocando o primado de Deus, pede que se lhe dê aquilo que lhe pertence como Senhor da vida do homem e da história.

A referência à imagem de César, gravada na moeda, diz que é justo sentir-se a pleno título, com direitos e deveres, cidadãos do Estado; mas simbolicamente faz pensar na outra imagem que está gravada em cada homem: a imagem de Deus. Ele é o Senhor de tudo, e nós, que fomos criados “à sua imagem”, pertencemos sobretudo a Ele. Da pergunta que lhe fazem os fariseus, Jesus extrai uma interrogação mais radical e vital para cada um de nós, uma pergunta que podemos fazer a nós mesmos: a quem pertenço? À família, à cidade, aos amigos, à escola, ao trabalho, à política, ao Estado? Sim, sem dúvida. Mas antes de tudo, recorda-nos Jesus, tu pertences a Deus. Esta é a pertença fundamental. Foi Ele que te deu tudo aquilo que és e que tens. Por conseguinte, podemos e devemos levar a nossa vida, dia após dia, no reconhecimento desta nossa pertença fundamental e na gratidão do coração ao nosso Pai, que cria cada um de nós singularmente, irrepetível, mas sempre segundo a imagem do seu amado Filho Jesus. É um mistério maravilhoso!

O cristão é chamado a comprometer-se concretamente nas realidades humanas e sociais, sem opor “Deus” a “César”; contrapor Deus a César seria uma atitude fundamentalista. O cristão é chamado a empenhar-se concretamente nas realidades terrenas, mas iluminando-as com a luz que deriva de Deus. A confiança prioritária a Deus e a esperança nele não requerem uma fuga da realidade mas, ao contrário, um dar industriosamente a Deus aquilo que lhe pertence. É por isso que o crente olha para a realidade futura, a de Deus, a fim de levar a vida terrena em plenitude e enfrentar com coragem os seus desafios.

A Virgem Maria nos ajude a viver sempre em conformidade com a imagem de Deus que trazemos dentro de nós, oferecendo também a nossa contribuição para a construção da cidade terrena.

Papa Francisco – 22 de outubro de 2017

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