sexta-feira, 30 de junho de 2017

30 de junho - Beato Januário Maria Sarnelli

"Santificar a Cristo como Senhor em vossos corações" (1 Pd 3, 15). Estas palavras da Carta de São Pedro também lançam luz sobre a intensa e frutuosa atividade apostólica que Januário Maria Sarnelli, redentorista, deixado tanto nas pregações às pessoas quanto nos seus numerosos escritos. A comunhão íntima e pessoal que teve com Cristo era a fonte constante de seu zelo pastoral incansável.

Sua vida humana e religiosa, como a de Santo Afonso Maria de Ligório de quem ele era um amigo e colaborador, foi expressa de uma forma particular, em uma acentuada sensibilidade em relação aos pobres, aproximou-os à luz da sua realidade como filhos de Deus.

Sua evangelização era caracterizada por grande dinamismo: ele foi capaz de conciliar o compromisso missionário com o de escritor e o ministério sacerdotal, não menos desafiador, conselheiro e guia espiritual. Enquanto prosseguia nos padrões culturais da época, o novo Beato nunca negligenciou a procurar formas renovadas de evangelização para enfrentar os desafios emergentes. E por que, apesar de ter vivido em um período histórico em muitos aspectos longe do nosso, Januário Maria Sarnelli pode ser encaminhado para a comunidade cristã de hoje, no limiar do novo milênio, como apóstolo  que se abriu para receber toda inovação útil para um anúncio mais incisivo da mensagem perene de salvação.


Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 12 de maio de 1996

Januário Maria Sarnelli, filho do Barão de Ciorani, nasceu em Nápoles no dia 12 de setembro de 1702.
Quando tinha 14 anos, acompanhou a beatificação de Francisco Régis e decidiu tornar-se um jesuíta. Foi logo desencorajado por seu pai, devido a sua pouca idade. Começou então os estudos de jurisprudência e se doutorou em leis eclesiásticas e civis em 1722. Logo se destacou na Associação dos Advogados e se inscreveu na Ordem dos Cavaleiros das Profissões Médico-Legais, dirigida pelos Pios Operários em São Nicolau de Toledo. Entre as normas desta associação, havia a obrigação de visitar os doentes no Hospital dos Incuráveis. E foi neste ambiente que ele se sentiu chamado ao sacerdócio.

Em setembro de 1728, tornou-se seminarista e foi encardinado pelo Cardeal Pignatelli, como clérigo na paróquia de Santana di Palazzo. No dia 4 de junho de 1729, com o objetivo de estudar em condições mais favoráveis, tornou-se interno no Colégio da Sagrada Família, conhecido como o Colégio Chinês, fundado por Mateus Ripa. No dia 8 de abril do ano seguinte, deixou o colégio e no dia 5 começou o noviciado na Congregação das Missões Apostólicas.

No dia 28 de maio de 1731, concluiu seu noviciado e a 8 de julho do ano seguinte, foi ordenado sacerdote. Durante esses anos, além de visitar o hospital, ele se empenhou em ensinar catecismo às crianças que já eram obrigadas a trabalhar. Visitava também os velhinhos no Asilo de São Januário e os condenados perpétuos e que se encontravam internados por doenças. Nesses anos, ele desenvolveu uma amizade com Santo Afonso de Ligório e entrou em contato com seu apostolado. Juntos eles se dedicaram a ensinar catecismo aos leigos adultos, organizando reuniões à noite.

Após sua ordenação, foi designado pelo Cardeal Pignatelli, Diretor de Instrução Religiosa na paróquia de São Francisco e São Mateus, no Bairro Espanhol. Tornando-se consciente e preocupado com a realidade gritante da corrupção de meninas, decidiu canalizar suas energias contra a prostituição. Neste mesmo período (1733), ele corajosamente defendeu seu amigo, Afonso de Ligório, contra críticas infundadas e injustas, após a fundação da Congregação Missionária do Santíssimo Redentor, em Scala, no dia 9 de novembro de 1732. 
Em junho de 1733, tendo ido a Scala para ajudar os Redentoristas na missão de Ravello, decidiu tornar-se também Redentorista, continuando ao mesmo tempo a ser membro das Missões Apostólicas. Após sua entrada para a Congregação, em abril de 1736, ele se dedicou sem restrições às missões paroquiais e a escrever. Escreveu principalmente em defesa das "meninas em perigo". Também escreveu sobre a vida espiritual. Trabalhava a tal ponto que chegou à beira da morte. Com o consentimento de Santo Afonso, voltou a Nápoles para tratamento da saúde e lá retomou seu apostolado de recuperação das prostitutas.

Fazendo um apostolado redentorista juntamente com as Missões Apostólicas, ele incentivou a meditação em comum junto aos leigos, ao publicar "O Mundo Santificado". Fez também campanhas contra a blasfêmia, em outro livro que escreveu. Em 1741 participou com Santo Afonso na grande missão pregada nos arredores de Nápoles, em preparação à visita canônica do Cardeal Spinelli. Apesar da precariedade de sua saúde, continuou a pregar até o fim de abril de 1744, quando sua saúde decaiu e ele muito doente voltou a Nápoles, onde morreu no dia 30 de junho com a idade de apenas 42 anos. Seu corpo jaz na igreja de Ciorani, a primeira igreja redentorista.

Januário Maria Sarnelli nos deixou 30 escritos, entre meditações, teologia mística, direção espiritual, leis, pedagogia, temas morais e pastorais. Devido a seus trabalhos sociais em defesa da mulher, é considerado um dos mais importantes autores que tratou deste assunto na Europa, na primeira metade do século dezoito.

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