São
José de Anchieta soube comunicar o que ele mesmo experimentara com o Senhor,
aquilo que tinha visto e ouvido dele; o que o Senhor lhe comunicava nos seus
exercícios. Ele, juntamente com Nóbrega, é o primeiro jesuíta que Inácio envia
para a América. Um jovem de 19 anos... Era
tão grande a alegria que ele sentia, era tão grande o seu júbilo, que fundou
uma Nação: lançou os fundamentos culturais de uma Nação em Jesus Cristo.
Não estudou teologia, também não estudou filosofia, era um jovem! No entanto,
sentiu sobre si mesmo o olhar de Jesus Cristo e deixou-se encher de alegria,
escolhendo a luz. Esta foi e é a sua
santidade. Ele não teve medo da alegria.
São
José de Anchieta escreveu um maravilhoso hino à Virgem Maria à Qual,
inspirando-se no cântico de Isaías 52, compara o mensageiro que proclama a paz,
que anuncia a alegria da Boa Notícia. Ela, que naquela madrugada de Domingo sem
sono por causa da esperança, não teve medo da alegria, nos acompanhe no nosso
peregrinar, convidando todos a levantar-se, a renunciar às paralisias para
entrar juntos na paz e na alegria que nos promete Jesus, Senhor Ressuscitado.
Papa Francisco –
Homilia em 24 de abril de 2014
José de Anchieta, nascido na
ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias,
em março de 1534. Dos doze irmãos, além dele abraçaram o sacerdócio Pedro Nuñez e
Melchor.
Anchieta viveu com a família
até aos quatorze anos de idade, quando se mudou para Coimbra,
em Portugal, a fim de estudar Filosofia. Ingressou
na Companhia de Jesus em 1 de Maio de 1551 como noviço.
Tendo o padre Manuel da Nóbrega,
Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitado mais braços para a atividade de evangelização do
Brasil (mesmo os fracos de engenho e os doentes
do corpo), o Provincial da Ordem
indicou, entre outros, José de Anchieta.
Desde jovem, Anchieta
padecia de tuberculose óssea, que lhe causou uma escoliose,
agravada durante o noviciado na Companhia de Jesus. Este fato foi determinante
para que deixasse os estudos religiosos e viajasse para o Brasil. Aportou em
Salvador a 13 de Julho de 1553, com menos de 20 anos de idade
e vindo na armada do segundo governador-geral do Brasil, com
outros seis companheiros.
Anchieta ficou menos de três
meses em Salvador, partindo para a Capitania de São Vicente no
princípio de outubro, com o padre jesuíta Leonardo
Nunes, onde conheceria Manuel da Nóbrega e permaneceria por doze anos.
Anchieta abriu os caminhos
do sertão, aprendendo a língua tupi, catequizando e ensinando latim aos
índios. Escreveu a primeira gramática tupi-guarani da América Portuguesa, chamada "Arte da Gramática
da Língua Mais Falada na Costa do Brasil.
No seguimento da sua ação
missionária, participou da fundação, no planalto de Piratininga, do Colégio de
São Paulo, um colégio de jesuítas, embrião da cidade de São
Paulo, junto com outros padres da Companhia, em 25 de
janeiro de 1554, recebendo este nome por ser a data em que se
comemora a conversão do Apóstolo São Paulo. Esta povoação
contava, no primeiro ano da sua existência com 130 pessoas, das quais 36 haviam
recebido o batismo.
Sabe-se que a data da
fundação de São Paulo é o dia 25 de Janeiro por causa de uma carta de Anchieta
aos seus superiores da Companhia de Jesus, na qual diz:
A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554
celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da
conversão do Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!
O religioso cuidava não
apenas de educar e catequizar os indígenas, como também de defendê-los dos abusos dos
colonizadores portugueses que queriam não raro escravizá-los e tomar-lhes as
mulheres e filhos.
Nesse período, em 1563, intermediou
as negociações entre os portugueses e os indígenas reunidos na Confederação
dos Tamoios, oferecendo-se Anchieta como refém dos Tamoios em
Iperoig, enquanto o padre Manuel da Nóbrega retornou a São Vicente juntamente
com Cunhambebe (filho) para ultimar as negociações de paz entre os
indígenas e os portugueses.
Durante este tempo em que
passou entre os gentios compôs o "Poema à Virgem". Segundo uma
tradição, teria escrito nas areias da praia e memorizado o poema, e apenas mais
tarde, em São Vicente, o teria trasladado para o papel.
Ainda segundo a tradição, foi também durante o cativeiro que Anchieta teria
"levitado" entre os indígenas, os quais, imbuídos de grande pavor,
pensavam tratar-se de um feiticeiro.
Em 1566 foi enviado à Capitania
da Bahia com o encargo de informar ao governador Mem de
Sá do andamento da guerra contra os franceses,
possibilitando o envio de reforços portugueses ao Rio de Janeiro. Por esta
época foi ordenado sacerdote aos 32 anos de idade.
Dirigiu o Colégio dos
Jesuítas do Rio de Janeiro por três anos, de 1570 a 1573. Em 1569, fundou a
povoação de Reritiba (ou Iriritiba), atual Anchieta,
no Espírito Santo.
Em 1577 foi nomeado
Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos,
sendo substituído em 1587 a seu próprio pedido. Retirou-se para Reritiba, mas
teve ainda de dirigir o Colégio do Jesuítas em Vitória,
no Espírito Santo. Em 1595 obteve dispensa dessas funções e conseguiu
retirar-se definitivamente para Reritiba onde veio a falecer, sendo sepultado em
Vitória.
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