Caros irmãos, a Beata Albertina consumou no breve período
de 12 anos, a sua existência terrena, mas atingiu os tempos da maturação cristã
com uma extraordinária correspondência à graça divina, que ela conheceu nos
caminhos ordinários da educação cristã e da vida sacramental e de oração.
Os seus familiares, gente de fé profunda e devoção
sincera, educaram-na desde cedo, nas verdades da fé e nos princípios da moral
cristã, instilando em Albertina o vivo sentido da própria adesão a Jesus e à
vida virtuosa.
As testemunhas do processo canônico contam-nos acerca
dela, com quanta simplicidade e devoção amava a oração e como aprendeu com
diligência as suas fórmulas e zelosamente, amava recitá-las.
A confissão frequente, a Eucaristia participada
assiduamente, a Comunhão tomada com fervor, foram os passos
"ordinários" de um extraordinário caminho de santidade.
De fato, um dia, ela recordava entre todos como sendo o
mais feliz da sua vida, o dia do encontro, do Primeiro Encontro, com o Esposo
Divino no sacramento da Eucaristia. A este Esposo ela seria depois,
integralmente fiel e a Ele, totalmente oferecida.
No ambiente simples e cristão da sua família, Albertina
cresceu ajudando os pais e formando-se numa vida plena e honesta. Nesta vida o
fruto da santidade amadureceu cedo, inesperado, suavíssimo e precioso.
E é precisamente isto que admiramos nas crianças Santas:
estas, como ao contrário da maior parte de nós, amadureceram com simplicidade a
semente nelas posta pelo Divino Agricultor, oferecendo para tal fim, um terreno
livre de espinhos, de pedras, profundo: o de uma inocente infância. Mas esta
semente germinou depressa e então o milagre do fruto maduro ofereceu-se ao
semeador atento... talvez pudesse parecer demasiado precoce a estação, talvez
ainda não esperada a fadiga da colheita, mas não se podia esperar mais, não
fosse qualquer invejoso mover-se para roubar aquele fruto.
Cardeal José Saraiva Martins - Homilia de Beatificação - 20 de outubro de 2007
Albertina Berkenbrock -
conhecida pelo povo da Diocese de Tubarão como “a nossa Albertina” - nasceu no
dia 11 de abril de 1919, na comunidade de São Luís, município de Imaruí, Estado
de Santa Catarina. Filha de um casal de agricultores, Henrique e Josefina
Berkenbrock, teve mais 8 irmãos e irmãs. Foi batizada no dia 25 de maio de
1919, crismada em 9 de março de 1925 e fez a primeira comunhão no dia 16 de
agosto de 1928.
Aos 12 anos de idade, no dia
15 de junho de 1931, às 16 horas, Albertina foi assassinada porque quis
preservar a sua pureza espiritual e corporal e defender a dignidade da mulher,
por causa da fé e da fidelidade a Deus. E ela o fez, heroicamente, como
verdadeira mártir.
O martírio e a conseqüente
fama de santidade espalharam-se rapidamente de maneira clara e convincente.
Afinal, ela foi uma menina de grande sensibilidade para com Deus e com as
coisas de Deus, para com o próximo e com as coisas do próximo. Isso se
depreende, com nitidez, de sua vida, vivida na simplicidade dos seus tenros anos.
Seus pais e familiares
souberam educar Albertina na fé, no amor e na esperança, as virtudes teologais
da religião cristã. Transmitiram-lhe, pela vida e pelo ensinamento, todas as
verdades reveladas na Sagrada Escritura. E ela aprendeu a corresponder a tudo
com grande generosidade de alma. Buscar em Deus inspiração e força para viver
tornou-se algo espontâneo. Rezava, pois, com alegria, seja sozinha, seja na
família, seja na comunidade. Aprendeu a participar ativamente da vida
religiosa, em todos os seus aspectos.
Família da Beata Albertina |
Quando chegou o tempo da catequese preparatória para os sacramentos da
Reconciliação e da Eucaristia, Albertina chamou a atenção pela forma como se
preparou: com muita diligência e grandeza de coração.
A “primeira confissão”
tornou-se porta aberta para se confessar freqüentemente.
A “primeira comunhão” foi
uma experiência única, a tal ponto que ela própria afirmou: - “Foi o dia mais
belo de minha vida!”.
A partir de então, não
deixou mais de participar da Eucaristia, tornando esse sacramento “fonte e cume
de sua vida cristã”. Gostava de falar, na sua forma simples de expressar-se, do
mistério eucarístico como experiência do amor de Deus, compreendendo que a
Eucaristia é o memorial da morte e ressurreição de Jesus, ato supremo do amor
redentor.
Albertina cultivou uma
devoção muito filial a Nossa Senhora, venerando-a com carinho, tanto em casa
como na capela da comunidade. Participou, com intensidade, da oração do rosário
junto com os familiares. Na simplicidade de coração, recomendou, seguidamente,
a Maria - Mãe de Jesus e Mãe da Igreja - a sua alma e a sua salvação eterna.
Ela deixou crescer dentro de
si uma afinidade muito grande com o padroeiro da comunidade, São Luís. Uma
coincidência providencial, esta devoção ao Santo, que é modelo de pureza espiritual
e corporal. Certamente, preparando-a também para um dia defender com sua vida
este grande valor.
A formação cristã, vivida e
ensinada pela família, fez crescer em Albertina virtudes humanas
extraordinárias: a bondade, a acolhida, a meiguice, a docilidade, o serviço.
Teve uma obediência responsável; foi incansável nas atividades de trabalho e
estudo; teve espírito de sacrifício; soube ter paciência, confiança e coragem.
Essas virtudes humanas foram
visíveis na convivência em casa, pois sempre ajudou os seus pais e irmãos;
foram visíveis na comunidade, uma vez que sempre amou todas as pessoas, o que a
tornou muito admirada; foram visíveis na escola, tendo em vista que sempre se
aplicou aos estudos, sempre esteve ao lado dos colegas mais necessitados de
ajuda e jamais revidou ataques de menosprezo dirigidos a ela.
Além dessas virtudes
humanas, a formação cristã também modelou em Albertina as virtudes cristãs
essenciais na medida em que, embora fosse uma menina de tenra idade, as
entendeu e viveu: transpirando fé, amor e esperança no dia-a-dia; captando, de
modo extraordinário, as verdades reveladas na Sagrada Escritura; tendo uma
inclinação forte para as coisas de Deus e da religião; vivenciando com grandeza
o mandamento do amor a Deus e ao próximo (cerne do cristianismo);
santificando-se pela prática dos sacramentos recebidos do Batismo, da
Reconciliação, da Eucaristia e da Crisma; valorizando a vida plena e a
dignidade da mulher.
Todas essas virtudes humanas
e cristãs mostram que Albertina, apesar de sua pouca idade, foi uma pessoa
impregnada da Trindade Santa. Correspondeu à vocação de santidade que recebeu
no dia do batismo. Foi uma gigante de fé, de amor e de esperança. Viveu os
valores do Evangelho de modo admirável.
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