domingo, 28 de maio de 2017

28 de maio - Beata Margarida Pole

Nobres, eclesiásticos e funcionários da corte de Henrique VIII, rei da Inglaterra, foram decapitados porque se opunham ao seu divórcio e a sua consequente separação da Igreja de Roma. Alguns deles tiveram sua morte reconhecida como autêntico martírio e foram elevados à honra dos altares. A perseguição não poupou a sobrinha dos reis Eduardo IV e Ricardo III da Inglaterra, Margarida, filha do Duque de Clarence, irmão daqueles monarcas, e de Isabel Neville, a filha de Ricardo Neville, Conde de Warwick.

Margarida nasceu em 14 de agosto de 1471, no Castelo de Farleigh, em Somerset (Inglaterra), e cresceu na corte, junto com os filhos de Eduardo IV, porque seus pais haviam falecido quando ela tinha poucos anos de vida. Margaret, por parte de seu avô paterno, Ricardo de York, era herdeira da Casa de York, a principal Casa Real que ainda conseguia ofuscar a Casa dos Tudor.

Aos 18 anos, conforme o costume da época, desposaram-na com Sir Reginaldo Pole de Buckinghamshire, que havia prestado grandes serviços ao rei na campanha da Escócia e em outros empreendimentos militares. Reginaldo faleceu 12 anos depois, deixando-a viúva com cinco filhos. Uma família para cuidar no meio de dificuldades econômicas, porque sua família tivera todas as propriedades e títulos nobiliárquicos confiscados.

Devia ser um modelo de esposa, mãe e viúva, devota e piedosa, pois Henrique VIII, subindo ao trono em 1509, quando ela já era viúva, considerava-a “a mulher mais santa da Inglaterra”. Era tão grande a estima que ele nutria por ela, que restituiu todos os bens que tinham sido confiscados, reintegrou-a a todos os direitos da sua família, criou-a Condessa de Salisbury e, quando sua filha Maria Tudor nasceu, confiou a Margarida a educação da princesa.

A sua reabilitação, entretanto, foi tão rápida quanto a sua queda na desgraça. A Condessa Margarida não se deixou seduzir pelas boas graças do rei e não aprovou seu casamento com Ana Bolena após ter se divorciado da esposa legítima. Sua reprovação é tão decisiva e pública, que atraiu a ira do rei que, como primeira reação a exonerou do cargo de governanta da princesa e a obrigou a deixar a corte. Este procedimento continuou após a queda de Ana Bolena, que foi decapitada.

Além disso, Margaret cometia o “grave erro” de ser católica. Um de seus filhos, Reginaldo Pole, havia mesmo se tornado um clérigo eminente da Igreja Católica. Quando se recusou a conceder ao rei o direito de se divorciar de sua esposa, Catarina de Aragão, atacando a política do rei, Reginaldo atraiu para si e sua família a ira do monarca, principalmente ao redigir um tratado a favor da unidade da Igreja e contra a supremacia do rei.

Quando Sir Henry Neville se levantou em armas no norte, o rei enviou alguns emissários para interrogar Margarida, com a esperança de envolvê-la na conspiração, ela, porém, sujeita a um extenuante interrogatório durante um dia inteiro, enfrentou seus opositores com sua habilidade intelectual e sobretudo com a sua dignidade e elevação moral que todos reconheciam. Apesar de sua hábil defesa, Margarida foi aprisionada, primeiro na casa de Lord Southampton, em Cowdray, e depois na Torre de Londres. Ali sofreu muito durante o inverno, já que não tinha roupas suficientes e não podia acender fogo, e passou fome também.
Como não existiam provas para condená-la em um julgamento legal, Henrique VIII obrigou o Parlamento a declará-la culpada de alta traição e condenaram-na à morte por decapitação.

No dia 28 de maio de 1541, Margarida foi conduzida ao pátio da Torre para ser decapitada. Lord Herbert conta que ela se negou a ajoelhar-se e a reclinar a cabeça no tronco, porque não se considerava culpada de traição. O verdugo, que carecia de prática no ofício, errou várias vezes o golpe. Segundo o relato do embaixador francês, Margarida não se negou a ajoelhar-se, porém o carrasco principal estava ausente e o substituto manejou o machado com suma torpeza. Margarida morreu aos setenta anos de idade.

A 2 de fevereiro de 1886, Leão XIII proclamou beata Margarida Pole, a condessa que não teve medo de se opor ao rei, ainda que isso lhe custasse a vida.


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