Entre 25 de julho e
15 de agosto de 1936, sete freis da Ordem dos
Agostinianos Recoletos sacrificaram suas vidas por
Cristo nas ruas de Motril durante a Guerra Civil Espanhola. Junto com os freis Agostinianos
Recoletos, um sacerdote diocesano foi martirizado.
Os
santos são os «verdadeiros adoradores de Deus»: homens e mulheres que, como a
samaritana, encontraram Cristo e descobriram, graças a Ele, o sentido da vida.
Eles experimentaram pessoalmente aquilo que diz o apóstolo Paulo na segunda
Leitura: «O amor de Deus foi derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo
que nos foi concedido» (Rm 5, 5).
Também nos novos Beatos a graça do Batismo
trouxe a plenitude do seu fruto. Eles beberam a tal ponto da fonte do amor de
Cristo, que por ela foram intimamente transformados e, por sua vez, se tornaram
fontes transbordantes para a sede de muitos irmãos e irmãs, encontrados ao
longo da estrada da vida.
«Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com
Deus [...] e nos gloriemos, apoiados na esperança da glória de Deus» (Rm 5,
1-2). Hoje, ao proclamar Beatos os mártires de Motril, a Igreja põe nos seus
lábios estas palavras de São Paulo. Com efeito, Vicente
Soler e os seus seis
companheiros agostinianos recoletos e Manuel Martín, sacerdote diocesano,
obtiveram mediante o testemunho heroico da sua fé o acesso à «glória dos filhos
de Deus». Eles não morreram por uma ideologia, mas entregaram livremente a sua
vida por Alguém que já antes morrera por eles. Deste modo, devolveram a Cristo
o dom que d'Ele haviam recebido.
Mediante a fé, estes simples homens de
paz, alheios ao debate político, trabalharam durante anos em territórios de
missão, passaram por muitos sofrimentos nas Filipinas, regaram com o seu suor
os campos do Brasil, Argentina e Venezuela, fundaram obras sociais e educativas
em Motril e noutras partes da Espanha. Tendo chegado o momento supremo do
martírio, pela fé enfrentaram a morte com ânimo sereno, confortando os outros
condenados e perdoando os seus algozes. Como isto é possível? - perguntamo-nos
e Santo Agostinho responde-nos: «Porque Aquele que reina nos céus dirigia a
mente e a língua dos seus mártires, e por meio deles vencia na terra» (Sermão 329, 1-2).
Bem-aventurados sois vós, mártires de
Cristo! Que todos se alegrem pela honra tributada a estas testemunhas da fé.
Deus ajudou-os nas suas tribulações e deu-lhes a coroa da vitória. Oxalá eles
ajudem aqueles que hoje trabalham na Espanha e no mundo em favor da
reconciliação e da paz!
Papa João Paulo II –
Homilia de beatificação – 07 de março de 1999
O beato Vicente Soler e seus seis companheiros: Deogracias Palacios,
León Inchausti, José Rada, Julián Moreno, Vicente Pinilla e José Ricardo Diez, professaram
na Ordem dos Agostinianos Recoletos e pertenciam à comunidade de Motril da
Província de Granada. Eles viveram a entrega a Deus no espírito agostiniano
servindo a Deus em vários trabalhos apostólicos.
Dos sete freis Agostinianos Recoletos, seis deles
já haviam se dedicado por longos anos ao serviço em território de missões nas
Ilhas Filipinas, no Brasil, na Argentina e na Venezuela.
O sétimo, frei José Ricardo Diez, era um irmão não
sacerdote de 27 anos que havia ingressado na Ordem dois anos antes.
Quando os seis freis missionários regrassaram à
Espanha, prosseguiram com seu trabalho na comunidade de Motril. Frei Deogracias
Palacios era o prior da comunidade.
A Guerra Civil já estava em andamento e eles não se
intimidaram em permanecer na Espanha.
Quando a perseguição à Igreja ficou mais intensa,
alguns deles se viram obrigados a refugiarem-se em diversos lugares. Mas
acabaram sendo descobertos e levados à prisão.
O irmão não sacerdote frei José Ricardo Diez,
juntamente com seu prior - o padre frei Deogracias Palacios - e outros três
irmãos sacerdotes -frei León Inchausti, frei José Rada e frei Julián Moreno -
foram mortos numa "chuva de balas" perto do santuário de Nossa
Senhora, Padroeira da cidade de Motril.
O frei Vicente Pinilla foi assassinado a tiros em
frente à Igreja do Divino Pastor onde ele havia buscado refúgio na noite
anterior.
Quem o havia acolhido foi seu pastor, o padre
diocesano Manuel Martin Sierra, que também foi assassinado.
O frei e mártir Vicente Soler, que havia sido provincial
e geral da Ordem dos Agostinianos Recoletos, também foi morto a tiros
juntamente com 18 outros prisioneiros na manhã do dia 15 de agosto de 1936.
Todos eles - fuzilados entre julho e agosto de 1936
- se distinguiram por um fervoroso amor à Virgem Maria e por um ardente zelo no
anúncio do reino de Deus.
O Papa João Paulo II os declarou beatos no dia 7 de
março de 1999.
Oração
Deus
todo-poderoso, que destes aos beatos Vicente Soler e Companheiros a graça de
sofrer pelo Cristo, ajudai também a nossa fraqueza, para que possamos viver
firmes em nossa fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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