Fé e amor brilharam
na vida de Irmã Catarina Troiani, fundadora das Irmãs Franciscanas do Coração
Imaculado de Maria. Chamada pela Providência a deixar o mosteiro das Clarissas
de Ferentino e viajar com algumas irmãs no Egito, onde esperavam para a
formação humana e cristã os jovens daquela terra no exterior, ela recebeu esse
chamado com total disponibilidade ao plano de Deus. Consciente do voto,
pronunciado nos primeiros anos de sua profissão religiosa, "viver sempre pela
missão e no esquecimento", dedicou-se com zelo missionário para o novo
serviço na cidade de Cairo.
O que ela viu à sua
frente foi uma pilha de miséria e sofrimento, que parecia refletir uma síntese
da dor humana: a escravidão, a fome, a pobreza, o abandono de crianças e
doentes, exploração e marginalização. Irmã Catarina não apenas indicava aos
outros o que tinha de ser feito em favor daqueles infelizes. Como o bom
samaritano da parábola evangélica, ela estava ao lado de cada irmão e irmã que
sofriam no corpo e no espírito, amorosamente estendendo a mão boa e pagando em
pessoa. Para a próxima vítima de dor, doença, miséria, sua caridade nunca tinha
preconceitos: católicos, ortodoxos, muçulmanos encontravam nela hospitalidade e
ajuda, porque em cada pessoa, marcada pela dor, a irmã Catarina podia ver o
rosto sofredor de Cristo. Por isso, a pequena freira, em vez de ser conhecida por
seu nome, era conhecida como a "mãe dos pobres"; e pelas mulheres
locais, libertas da escravidão, ela foi chamado de "mãe branca".
Nem mesmo o risco
de doença e morte por contágio, parou a audácia da caridade da Irmã Catarina: duas
vezes assola a cólera na região, e em tais situações dramáticas para a beata e
suas irmãs, só vai se preocupa em ajudar os afetados pela doença. Algumas delas
pagaram com sua vida o serviço da dedicação e caridade.
Quando as obras que
ela havia estabelecido pareciam prosperar em serenidade, de repente, veio a
guerra de 1882, que parecia dominar tudo. Mesmo nessa circunstância, brilhou
sua fé luminosa, fortaleza indomável, e o amor ardente dos bem-aventurados. Com
esperança inabalável na Providencia, ela continuou a agir em todas as
circunstâncias de acordo com o princípio querido para ela: "A desconfiança de si
mesmos, a confiança em Deus."
A Beata Catarina
Troiani entrou no serviço da Igreja com seu próprio estilo: como discípula
atenta e fiel de Santa Clara e São Francisco de Assis, conseguiu unir em si a
vida contemplativa de um com o apostolado itinerante do outro. Ela era uma
missionária na missão de clausura e contemplativa, na dedicação completa e
total ao Senhor e aos outros.
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 24 de abril de 1985
Quando Constança
Troiani, que ficou órfã de mãe aos seis anos e meio, transpôs os umbrais de um
mosteiro e foi entregue aos cuidados e à educação das religiosas enclausuradas
que o dirigiam, ninguém podia imaginar que aquela menina estava destinada por
Deus a fundar o primeiro instituto missionário italiano.
A menina era
originária de Giuliano de Roma, onde nasceu e foi batizada no dia 19 de janeiro
de 1813, com o nome de Constância Dominica Antônia. Seu pai, Tomás Troiani,
fazia parte do conselho municipal e era organista da paróquia; sua mãe era
Teresa Panici-Cantoni.
Embora a sua
família fosse unida, o falecimento da mãe em 1819 provocou a desagregação
familiar e levou ao internamento de Constança no mosteiro de Santa Clara, a fim
de aí receber educação e instrução.
A dor provocada
pela morte da mãe e pela separação dos seus não tardou a ser superada, e a
menina começou a voltar-se cada vez mais para Deus que a enchia do seu amor.
Não admira, por isso, que aos 16 anos tenha decidido abraçar a vida religiosa
como irmã no mosteiro onde já passara 10 anos.
No dia 8 de
dezembro de 1829 tomou o hábito de Santa Clara com o nome de Irmã Maria Catarina
de Santa Rosa de Viterbo, e no ano seguinte emitiu os votos de consagração. A
jovem irmã, que já iniciara o caminho para a perfeição religiosa em amoroso serviço,
sentiu aos 22 anos um chamamento claro para a vida missionária. No entanto, só
aos 46 anos pôde finalmente concretizá-lo.
Isto aconteceu
quando aceitou o convite do Vigário Apostólico do Egito, o franciscano Perpétuo
Guasco. Um pequeno grupo de seis irmãs, cuja alma era Irmã Maria Catarina,
partiu a 25 de agosto de 1859 para o Cairo, aonde chegaram no dia 14 de
setembro daquele ano, dando início à nova obra de Deus na terra dos Faraós.
Clot-Bey foi como
um farol a irradiar a luz do Evangelho sobre o pobre bairro árabe onde estava
instalado. Logo atraiu vocações inesperadas vindas de toda a parte. Contando
com novo pessoal, Madre Maria Catarina pode abrir no Cairo mais duas casas e
fundar outras em diversas localidades.
Em 5 de julho de 1868,
o novo Instituto e família religiosa da Terceira Ordem Regular de São Francisco
foi juridicamente aprovado por decreto pontifício. Madre Troiani passou assim
de clarissa para terceira da ordem franciscana, sem nunca deixar de se sentir
fiel e autêntica filha e discípula de São Francisco e de Santa Clara. Fundada a
Congregação, o zelo de Madre Maria Catarina ultrapassou os limites do Cairo.
Abriu sete casas no Egito, Palestina, Malta e Itália. Neste último país, abriu
uma casa em Roma e outras cidades.
Madre Catarina não
se limitou a apontar o que devia ser feito em favor dos necessitados. Como o
Bom Samaritano ela se pôs ao lado de cada irmão que sofria no corpo e na alma,
estendendo amorosamente sua mão e sacrificando-se por eles. Nem mesmo o perigo
da doença e da morte por contágio detinha o ardor de sua caridade: por duas
vezes foi contagiada pelo mal da cólera. Ela e as coirmãs sempre se preocuparam
em dar assistência aos atingidos pelo mal, sendo que algumas pagaram com a vida
esse serviço de dedicação e caridade.
Quando sobreveio a
guerra de 1882, sua fé luminosa, a fortaleza indômita, a caridade ardente
emergiram. Segundo o princípio que lhe era tão caro: “Desconfiança de si mesmo,
confiança em Deus”, ela continuou a comportar-se com uma inabalável
confiança na Providência.
A sua piedade,
forjada num ambiente semi-claustral, assumiu aspectos pioneiros com especial
devoção ao Sagrado Coração e às festas marianas, a São José, aos Anjos da
Guarda e São Francisco Estigmatizado.
Adormeceu no Senhor
aos 74 anos de idade no dia 6 de maio de 1887 na primeira casa fundada no
Egito, que fora o palco da sua ilimitada caridade e do fecundo trabalho
apostólico, e foi chorada por cristãos e muçulmanos.
Madre Maria Catarina
Troiani foi beatificada em 14 de abril de 1985, e a sua celebração litúrgica é
no dia 6 de maio.
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