segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

27 de fevereiro - Beata Francisca Ana das Dores de Maria

Também na vida da beata  Francisca-Ana das Dores de Maria vemos refletidos os ensinamentos que hoje Jesus nos dá no Evangelho. Dada a binomial riqueza e pobreza, Francisca-Ana escolheu a pobreza e excluiu do projeto da sua vida cristã e consagrada a riqueza, porque ela sabia que podia levá-la para longe de Deus. Ela doava o pouco que produzia em suas terras para servir a paróquia e aos necessitados: "O Senhor dá o pão aos famintos. . . o Senhor sustém o órfão e a viúva ".

Francisca-Ana ao longo de sua vida obedeceu a vontade de Deus. A vontade divina é por vezes difícil de discernir: quando nova quer ser freira e seu pai a impede. Francisca-Ana pai vê nessa recusa a vontade de Deus que não a quer uma freira em um convento, sua consagração será em sua própria casa através de uma vida dedicada à oração, mortificação e de apostolado.

Quando aos quarenta anos está sozinha no mundo após a morte de seus pais e irmãos, seja por obediência ao seu diretor espiritual, seja porque a situação sociopolíticas de sua nação não aconselhava isso, as circunstâncias adia a realização de seu ideal de consagrar-se a Deus por meio dos votos religiosos até quase o fim de sua vida, quando conta com setenta anos e funda em sua própria casa um convento de caridade.
Uma vida cheia de incertezas, mas uma vida em que não havia nenhum obstáculo para servir a Deus em tudo, porque Francisca-Ana tinha dado tudo o que tinha, de fato, tinha vindo a dedicar-se a Deus na virgindade.

Então, livre de tudo o que a poderia amarrar a este mundo, ela lutou a luta da Fé, empreendendo decididamente o caminho da perfeição cristã. A Beata Francisca-Ana Maria das Dores do Senhor nos dá um grande exemplo de saber como colocar o serviço a Deus a serviço da riqueza e do mundo, sabendo que tem o coração livre para consagrar-se e dedicar-se só a Ele.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 01 de outubro de 1989

Francisca Ana, chamada habitualmente Francinaina, nasceu em Sencelles, Mallorca, Baleares, em 1º de junho de 1781, sendo batizada no mesmo dia; pertencia a uma família de camponeses.

Desde pequena se sentia chamada a se consagrar a Deus na vida religiosa. Mas, inúmeras e variadas dificuldades, a impediram de fazê-lo, com muito pesar de sua parte. Cresceu como qualquer menina do povoado de então; como ajudava os pais e os três irmãos mais velhos nos trabalhos do campo e da casa, Francinaina não fez os estudos elementares. Analfabeta, aprendia o catecismo de memória; também aprendeu a costurar.

Desde pequena se dedicava às devoções do Rosário, da Via Sacra, bem como à frequência na Comunhão. Pediu permissão para entrar em um convento, mas seu pai não aceitou, o que a fez se tornar terciária franciscana desde 1798, levando uma vida de religiosa em sua casa e em meio aos seus trabalhos seculares.

Aos 26 anos, falecida sua mãe e também seus irmãos, Francinaina vivia junto a seu pai na casa familiar. Além de cuidar de seu pai, ela se encarregava de todas as tarefas do campo e domésticas.
Em 1821, seu pai falece. Por ocasião de sua morte Francinaina tinha quarenta anos; ela reafirmou seu projeto de dedicar sua vida a Deus e aos demais. Decidiu levar uma vida de retiro em sua casa, onde vivia em companhia de outra mulher, Madalena Cirer Bennazar, a qual permanecerá junto a ela até sua morte.

Em Sencelles ela era popularmente conhecida como "Sa Tia Xiroia". Trabalha na paróquia e atende ao povo que com frequência recorria a seus conselhos. O que ganha na colheita investe nos pobres, reservando para si mesma apenas o indispensável.
Em 1850 o reitor de Sencelles, Juan Molinas, decidiu estabelecer uma casa de caridade, no espírito das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula, na localidade. Encarregou a direção desta nova instituição a Francisca, que ofereceu sua casa e seus bens para a obra. Em 7 de dezembro de 1851 fez, junto com outras duas mulheres Ir. Madalena e Ir. Conceição, os votos na nova Congregação, tomando o nome de Francisca Ana da Virgem das Dores.

Apesar de analfabeta, Irmã Francisca ensinava e educava crianças e jovens na fé cristã.Oferecia consolo aos pobres e aos doentes, e os ajudava no limite de suas possibilidades. Orientava e aconselhava as meninas, e qualquer pessoa que necessitasse; também assistia aos moribundos.

Diversos milagres lhe são atribuídos: uma menina foi e voltou de Sencelles à Binisalem, situada a oito quilômetros, em busca de medicamentos. Como chovia Irmã Francisca lhe cedeu sua sombrinha para que a usasse como guarda-chuva. Ao voltar a menina estava completamente seca. Outros milagres se referem à cura de enfermidades de crianças. A fama destes milagres correu pela ilha e muitos vão até Sencelles.
Irmã Francisca faleceu no dia 27 de fevereiro de 1855 como consequência de um AVC; pessoas de todas as classes sociais foram prestar homenagem a ela, que foi sepultada na cripta do Convento das Irmãs de Caridade de Sencelles.

O Papa João Paulo II a beatificou em Roma em 1º de outubro de 1989.

A Beata Francisca Ana é venerada em toda a Ilha de Mallorca por todas as curas milagrosas que lhe são atribuídas. Sua festividade se celebra em 27 de fevereiro; nesse dia os habitantes de Sencelles, e de outras povoações, saem às ruas para levar uma oferenda floral para aquela que foi a fundadora das Irmãs de Caridade.

Desde 1986, a cada ano se realiza uma romaria no 2º domingo do mês de maio que vai da localidade de Casa Blanca até o túmulo da Beata. Esta romaria é feita a pé, a cavalo ou de carro. Em 2005 ela foi nomeada Filha Predileta da ilha pelo Conselho de Mallorca. Desde 2009 ela é a patrona dos catequistas.


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