quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

09 de fevereiro - Santa Apolônia

Santa Apolônia fez parte de um grupo de virgens mártires que padeceram em Alexandria no Egito, durante um levante local contra o Cristianismo antes da perseguição de Décio.

De acordo com a tradição, durante sua tortura teve ainda todos os seus dentes violentamente arrancados ou quebrados.
Por esta razão, é popularmente considerada como a padroeira dos dentistas e daqueles que sofrem de dor de dente ou outros problemas dentais.

Historiadores Cristãos têm afirmado que nos últimos anos do imperador Filipe, o Árabe (ele reinou de 244-249 DC), durante as festividades para comemorar o milênio da fundação de Roma (tradicionalmente teria ocorrido no ano de 753 a.C., o que nos dá a data aproximada do milênio como no ano de 248 d.C.), a fúria do povo de Alexandria se transformou em um ódio ainda maior, e foram cometidos sangrentos abusos contra os Cristãos, a quem as autoridades nada faziam para proteger.

Dionisio, Bispo de Alexandria (247-265 d.C.), relata o sofrimento de seus paroquianos em uma carta endereçada a Fabio, Bispo da Antioquia, que teve grande parte de seu texto preservada no livro de Eusebio intitulado a Historia Ecclesiae (I:vi: 41).

Após descrever como um homem e uma mulher cristãos chamados Metras e Quinta, foram capturados e mortos pela multidão, e como as casas de muitos outros Cristãos foram saqueadas, Dionisio continua seu relato:

"Naquele momento Apolônia, foi considerada por eles uma pessoa importante.
Então aqueles homens também a agarraram e com vários golpes quebraram todos os seus dentes.
Eles então ergueram fora dos portões da cidade uma pilha de madeira  e ameaçaram  queimá-la viva se viesse a recusar-se a repetir diante deles palavras ímpias (como uma blasfêmia contra Cristo, ou uma invocação a algum deus pagão).
Deram a ela, diante de um pedido seu, um minuto de liberdade, e ela então se jogou rapidamente no fogo, sendo queimada até a morte. 

Apolônia e um grupo inteiro de jovens mártires não esperaram pela morte com a qual haviam sido ameaçadas, talvez para preservar sua castidade ou então porque viram-se confrontadas com a alternativa de renunciar sua fé ou serem assassinadas, voluntariamente abraçaram a morte que havia sido preparada para elas, uma atitude que perigosamente se aproxima do suicídio, segundo alguns. 

Santo Agostinho de Hipona toca nesta questão sobre o suicídio no primeiro livro da De Civitate Dei (I:26):

"Mas, dizem eles, durante o tempo da perseguição certas mulheres santas jogavam se as águas com a intenção de serem arrastadas pelas ondas e afogarem-se, e assim preservar sua castidade ameaçada.
Apesar delas abrirem mão de suas vidas conscientemente, mesmo assim elas receberam uma grande distinção como mártires da Igreja Católica e seus festejos são celebrados com grande cerimônia."

Santo Agostinho continua:

"Este é um tema sobre o qual eu não ouso emitir um julgamento esclarecedor. Pois eu sei sem objeção que a Igreja era divinamente autorizada através de revelações confiáveis a honrar desta forma a memória destes Cristãos. Pode ser que seja este o caso.
Mas pode também ser que não, que elas agiram desta maneira, não por um capricho humano mas sob o comando de Deus,não erroneamente, mas através da obediência, da mesma forma que supomos ocorreu com Sansão? 
Quando, entretanto, Deus dá um comando e o faz de forma clara, quem atribuiria a esta obediência o título de crime ou condenaria esta piedosa devoção e serviço de boa vontade?"

A narrativa de Dioniso não sugere a menor reprovação a forma de agir de Santa Apolônia; aos seus olhos ela era tão mártir quanto os outros, e como tal ela era reverenciada na igreja de Alexandria. 


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