O Dia Mundial do
Enfermo, instituído em 11 de fevereiro de 1992 por São João Paulo II,
representa “um momento forte de oração, partilha, oferta do sofrimento pela
Igreja, como também um apelo para que todos reconheçam no rosto do irmão
enfermo a Santa Face de Cristo, que, ao sofrer, morrer e ressuscitar, atuou a
salvação da humanidade”.
O
Dia Mundial do Enfermo, festa de Nossa Senhora de Lourdes, tem portanto o
objetivo de ser um alerta aos profissionais da saúde e aos familiares sobre o
respeito do tratamento, dos cuidados e assistência física e emocional; trata-se
ainda de um dia para se dispensar mais atenção, carinho e solidariedade com os
enfermos.
Dia
do enfermo no Brasil
No
Brasil, o Dia do Enfermo foi criado através de uma iniciativa do Ministério da
Saúde que, em 2002, lançou o programa de humanização dos hospitais, que busca
transformá-los em ambientes mais humanos e sociáveis, não só entre os doentes e
os responsáveis diretos - médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem - mas
também com a participação de parentes e amigos.
Neste
dia, busca-se “não discriminar quem tem uma doença, lembrando que estamos todos
expostos a ela”. As doenças são apenas a prova de como a vida é frágil.
Mensagem para a Jornada Mundial do Enfermo - 2017
Sentindo-me desde agora presente
espiritualmente na Gruta de Massabiel, diante da imagem da Virgem Imaculada, em
quem o Todo-Poderoso fez maravilhas em prol da redenção da humanidade,
desejo manifestar a minha proximidade a todos vós, irmãos e irmãs que viveis a
experiência do sofrimento, e às vossas famílias, bem como o meu apreço a
quantos, nas mais variadas tarefas de todas as estruturas sanitárias espalhadas
pelo mundo, com competência, responsabilidade e dedicação se ocupam das
melhoras, cuidados e bem-estar diário de todos vós. Desejo encorajar-vos a
todos – doentes, atribulados, médicos, enfermeiros, familiares, voluntários – a
olhar Maria, Saúde dos
Enfermos, como a garante da ternura de Deus por todo o ser humano e o
modelo de abandono à vontade divina; e encorajar-vos também a encontrar sempre
na fé, alimentada pela Palavra e os Sacramentos, a força para amar a Deus e aos
irmãos mesmo na experiência da doença.
Como
Santa Bernadete, estamos sob o olhar de Maria. A jovem humilde de Lourdes conta
que a Virgem, por ela designada «a Bela Senhora», a fixava como se olha para
uma pessoa. Estas palavras simples descrevem a plenitude dum relacionamento.
Bernadete, pobre, analfabeta e doente, sente-se olhada por Maria como pessoa. A
Bela Senhora fala-lhe com grande respeito, sem Se pôr a lastimar a sorte dela.
Isto lembra-nos que cada doente é e permanece sempre um ser humano, e deve ser
tratado como tal. Os doentes, tal como as pessoas com deficiências mesmo muito
graves, têm a sua dignidade inalienável e a sua missão própria na vida, não se
tornando jamais meros objetos, ainda que às vezes pareçam de todo passivos,
mas, na realidade, nunca o são.
Bernardete,
depois de estar na Gruta, graças à oração, transforma a sua fragilidade em
apoio para os outros; graças ao amor, torna-se capaz de enriquecer o próximo e
sobretudo oferece a sua vida pela salvação da humanidade. O facto de a Bela
Senhora lhe pedir para rezar pelos pecadores lembra-nos que os doentes, os
atribulados não abrigam em si mesmos apenas o desejo de curar, mas também o de
viver cristãmente a sua existência, chegando a doá-la como autênticos
discípulos missionários de Cristo. A Bernadete, Maria dá a vocação de servir os
doentes e chama-a para ser Irmã da Caridade, uma missão que ela traduz numa
medida tão elevada que se torna modelo que todo o profissional de saúde pode
tomar como referência. Por isso, peçamos à Imaculada Conceição a graça de saber
sempre relacionar-nos com o doente como uma pessoa que certamente precisa de
ajuda – e, por vezes, até para as coisas mais elementares – mas também é
portadora do seu próprio dom que deve partilhar com os outros.
O
olhar de Maria, Consoladora dos
aflitos, ilumina o rosto da Igreja no seu compromisso diário a favor dos
necessitados e dos doentes. Os preciosos frutos desta solicitude da Igreja pelo
mundo dos atribulados e doentes são motivo de agradecimento ao Senhor Jesus,
que Se fez solidário connosco, obedecendo à vontade do Pai até à morte na cruz,
para que a humanidade fosse redimida. A solidariedade de Cristo, Filho de Deus
nascido de Maria, é a expressão da omnipotência misericordiosa de Deus que se
manifesta na nossa vida – sobretudo quando é frágil, está ferida, humilhada,
marginalizada, atribulada –, infundindo nela a força da esperança que nos faz
levantar e sustenta.
Uma
riqueza tão grande de humanidade e de fé não deve ficar perdida, mas sim
ajudar-nos a enfrentar as nossas fraquezas humanas e, ao mesmo tempo, os
desafios presentes em âmbito sanitário e tecnológico. Por ocasião da Jornada
Mundial do Doente, podemos encontrar novo impulso a fim de contribuir para a
difusão duma cultura respeitadora da vida, da saúde e do meio ambiente; encontrar
um renovado impulso a fim de lutar pelo respeito da integridade e dignidade das
pessoas, inclusive mediante uma abordagem correta das questões bioéticas, a
tutela dos mais fracos e o cuidado pelo meio ambiente.
Por
ocasião da XXV Jornada Mundial do Doente, reitero a minha proximidade feita de
oração e encorajamento aos médicos, enfermeiros, voluntários e a todos os
homens e mulheres consagrados comprometidos no serviço dos doentes e
necessitados; às instituições eclesiais e civis que trabalham nesta área; e às
famílias que cuidam amorosamente dos seus membros doentes. A todos, desejo que
possam ser sempre sinais jubilosos da presença e do amor de Deus, imitando o
testemunho luminoso de tantos amigos e amigas de Deus, dentre os quais recordo
São João de Deus e São Camilo de Lélis, Padroeiros dos hospitais e dos
profissionais de saúde, e Santa Teresa de Calcutá, missionária da ternura de
Deus.
Irmãs e irmãos
todos – doentes, profissionais de saúde e voluntários –, elevemos juntos a
nossa oração a Maria, para que a sua materna intercessão sustente e acompanhe a
nossa fé e nos obtenha de Cristo seu Filho a esperança no caminho da cura e da
saúde, o sentido da fraternidade e da responsabilidade, o compromisso pelo
desenvolvimento humano integral e a alegria da gratidão sempre que Ele nos
maravilha com a sua fidelidade e a sua misericórdia:
Ó
Maria, nossa Mãe,
que, em Cristo, acolheis a cada um de nós como filho,
sustentai a expectativa confiante do nosso coração,
socorrei-nos nas nossas enfermidades e tribulações,
guiai-nos para Cristo, vosso filho e nosso irmão,
e ajudai a confiarmo-nos ao Pai que faz maravilhas.
que, em Cristo, acolheis a cada um de nós como filho,
sustentai a expectativa confiante do nosso coração,
socorrei-nos nas nossas enfermidades e tribulações,
guiai-nos para Cristo, vosso filho e nosso irmão,
e ajudai a confiarmo-nos ao Pai que faz maravilhas.
A
todos vós, asseguro a minha recordação constante na oração e, de coração,
concedo a Bênção Apostólica.
Papa Francisco
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