segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

06 de fevereiro - São Paulo Miki e Companheiros


São Paulo Miki (e seus companheiros) (Tsunokuni, Japão, 1564 - Nagasaki, 5 de fevereiro de 1597) também são conhecidos como "Mártires do Japão".

"Os relatos sobre o martírio dos primeiros cristãos japoneses assemelham-se de maneira surpreendente ao que sabemos sobre as testemunhas da fé da Igreja primitiva. Não havia neles a menor sombra de fanatismo.

Também não percebemos o menor indício de ódio, nem de desespero, nem qualquer dúvida sobre se não teriam apostado num falso Deus, mas apenas uma enorme certeza e uma serena alegria.”
(Cardeal Ratzinger - Da homilia na memória de São Paulo Miki e companheiros mártires, no Seminário da Santíssima Trindade, Dallas, Texas, 6 de fevereiro de 1991).

São Paulo Miki era filho de um renomado militar, membro de uma família Samurai da Província de Harima, batizado ainda criança, tinha um fervor na doutrina e espiritualidade cristã, desde jovem foi catequista, e depois ingressou na Companhia de Jesus ordenando-se sacerdote, ficou conhecido como excelente pregador e orador.
A fé cristã chegou ao Japão em 1549, por intermédio de São Francisco Xavier que começou trabalhando sozinho.
Cerca de 20 anos depois de sua morte a comunidade já contava com mais de 20 mil pessoas.
Desde 1587 a religião cristã estava proibida no Japão,entretanto estava sendo tolerada até a conquista das Filipinas pelos espanhóis em 1594, fato que fez os dirigentes japoneses ligarem o cristianismo ao colonialismo europeu, o que determinou o início da perseguição aos cristãos.

São Paulo Miki e seus 24 companheiros foram feitos prisioneiros pelos soldados de Toyotomi Hideyoshi, senhor feudal que unificou o Japão, submetidos a torturas e depois, crucificados em Nagasaki, em 1597, na colina Nishizaka.
Seis deles eram missionários franciscanos, três eram jesuítas, 15 eram da Ordem Terceira de São Francisco.
Havia entre eles três adolescentes, de 11 a 15 anos de idade.
Morreram cantando o Te Deum.

Testemunho do martírio narrado por um contemporâneo:                 

Quando as cruzes foram levantadas, foi coisa admirável ver a constância de todos. O nosso Irmão Paulo Miki, vendo-se colocado diante de todos no mais honroso púlpito que nunca tivera, começou por declarar aos presentes que era japonês e pertencia à Companhia de Jesus, que ia morrer por haver anunciado o Evangelho e que dava graças a Deus por lhe conceder tão imenso benefício. E por fim disse estas palavras: “Agora que cheguei a este momento de minha vida, nenhum de vós duvidará que eu queira esconder a verdade. Declaro-vos, portanto, que não há outro caminho para a salvação fora daquele seguido pelos cristãos. E como este caminho me ensina a perdoar os inimigos e os que me ofenderam, de todo o coração perdôo o Imperador e os responsáveis pela minha morte, e lhes peço que recebam o batismo cristão.

Em seguida, voltando os olhos para os companheiros, começou a encorajá-los neste momento extremo. No rosto de todos transparecia uma grande alegria, mas era no de Luís que isto se percebia de modo mais nítido. Quando um cristão gritou que em breve estaria no paraíso, ele fez com as mãos e o corpo um gesto tão cheio de contentamento que os olhares dos presentes se fixaram nele. Antônio estava ao lado de Luís, com os olhos voltados para o céu. Depois de invocar os santíssimos nomes de Jesus e de Maria, entoou o salmo Louvai, louvai, ó servos do Senhor (Sl 112,1), que tinha aprendido na escola de catequese em Nagasáki; de fato, durante o catecismo, costumavam ensinar alguns salmos às crianças.

Alguns repetiam com o rosto sereno: “Jesus, Maria”; outros exortavam os presentes a levarem uma vida digna de cristãos; e por estas e outras ações semelhantes demonstravam estar prontos para a morte.

Finalmente os quatro carrascos começaram a tirar as espadas daquelas bainhas que os japoneses costumam usar. Vendo cena tão horrível, os fiéis gritavam: “Jesus! Maria!” Seguiram-se lamentos tão sentidos de tocar os próprios céus. Ferindo-os com um primeiro e um segundo golpe, em pouco tempo os carrascos mataram a todos.

Os mártires foram canonizados em 1862 pelo Papa Pio IX.

Oremos:
Ó Deus, força dos santos, que em Nagasáki chamastes à verdadeira vida São Paulo Miki e seus companheiros pelo martírio da cruz, concedei-nos, por sua intercessão, perseverar até a morte na fé que professamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.


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