O Papa Francisco abre o caminho à beatificação daqueles fiéis que, impulsionados pela
caridade, ofereceram heroicamente a própria vida pelo próximo, aceitando livre
e voluntariamente uma morte certa e prematura com o intuito de seguir Jesus.
Foi publicado na terça-feira (11/07) o Motu Proprio do Papa Francisco “Maiorem hac dilectionem” sobre a oferta da vida nas causas dos santos.
Foi publicado na terça-feira (11/07) o Motu Proprio do Papa Francisco “Maiorem hac dilectionem” sobre a oferta da vida nas causas dos santos.
Um
nova via de santidade
Há séculos, as
normas da Igreja Católica preveem que se possa proceder à beatificação de um
Servo de Deus percorrendo uma dessas três vias: o martírio (suprema imitação de
Cristo com morte violenta), as virtudes heroicas (a vivência acima do comum e
constante no tempo das virtudes teologais), e os casos excepcionais (conhecida
como equipolente).
Essas três vias,
todavia, resultavam insuficientes para interpretar todos os casos possíveis de
santidade canonizável. De fato, ultimamente, a Congregação das Causas dos
Santos colocou-se a questão “se os Servos de Deus que, inspirados pelo exemplo
de Cristo, tenham livre e voluntariamente oferecido e imolado a própria vida
pelos irmãos num supremo ato de caridade, que tenha sido diretamente causa de
morte, não mereçam a beatificação?”. Trata-se, portanto, de introduzir uma
quarta via, que foi chamada “oferta da vida”.
Oferta da vida: entre martírio
e virtudes heroicas
Embora tenha
elementos que a assemelhem seja à via do martírio, seja à via das virtudes
heroicas, esta nova via pretende valorizar um tipo de testemunho cristão
heroico até agora sem um procedimento específico, justamente porque não se
enquadra completamente nem na categoria do martírio nem na categoria das
virtudes heroicas. Não é martírio porque não há um perseguidor e não é virtude
heroica porque não é expressão de um exercício prolongado das virtudes. Para
delimitar este aspecto, o Motu Proprio fala de “morte num período breve de
tempo”, o que não significa imediata, mas nem mesmo tão longa a ponto de
transformar o ato heroico em virtude heroica.
A “oferta da vida”
até então não constituía uma categoria específica, mas, se comprovada, era
incorporada ou como martírio ou como virtudes heroicas – o que não fazia jus à
sua verdadeira natureza. Há séculos, a Igreja não exclui das honras dos altares
os fiéis que deram a vida num extremo ato de caridade, como, por exemplo,
morrer contagiado com a mesma doença do enfermo assistido.
Critérios
O documento
pontifício esclarece no artigo 2: “a oferta da vida, para que seja válida e
eficaz para a beatificação de um Servo de Deus, deve responder aos seguintes
critérios:
a. oferta livre e voluntária da vida e heroica aceitação propter
caritatem de uma morte certa e decorrida num breve período de tempo;
b. nexo
entre a oferta da vida e a morte prematura;
c. exercício, pelo menos em grau
ordinário, das virtudes cristãs antes da oferta da vida e, depois, até a morte;
d. existência da fama de santidade pelo menos depois da morte;
e. necessidade do milagre para a beatificação, ocorrida depois da morte do Servo de Deus e por sua intercessão”.
e. necessidade do milagre para a beatificação, ocorrida depois da morte do Servo de Deus e por sua intercessão”.
Enriquecimento
Com este documento,
a doutrina sobre a santidade cristã e o procedimento tradicional da
Igreja para a beatificação dos Servos de Deus não somente não são alterados,
mas são enriquecidos de novos horizontes e oportunidades para a edificação do
povo de Deus, que nos seus Santos vê o rosto de Cristo, a presença de Deus na
história e a exemplar atuação do Evangelho.
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