sábado, 1 de julho de 2017

01 de julho - Beato Inácio Falzon

O Servo de Deus Inácio Falzon também nutria uma enorme paixão pela pregação do Evangelho e pelo ensinamento da fé católica. Também ele colocou os seus inúmeros talentos e a sua formação intelectual ao serviço do trabalho catequético. O Apóstolo Paulo escreveu: "Dê cada um segundo o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria" (2 Cor 9, 7). 

O Beato Inácio foi um daqueles que deu em abundância e com alegria; e as pessoas encontravam nele não apenas uma energia ilimitada, mas também profunda paz e júbilo. Ele renunciou ao sucesso mundano para o qual o seu currículo o preparara, a fim de servir o bem espiritual dos outros, inclusivamente dos inúmeros soldados e marinheiros britânicos que nessa época se encontravam estacionados em Malta. 
Ao aproximar-se deles, de entre os quais só alguns eram católicos, antecipou o espírito ecumênico do respeito e do diálogo, que hoje nos é familiar, mas que na sua época nem sempre era predominante. Inácio Falzon hauria a sua força e inspiração da Eucaristia, da oração diante do Tabernáculo, da devoção a Maria, do Rosário e da imitação de São José. 

Eis as fontes de graça em que todos os cristãos podem beber. A santidade e o zelo pelo Reino de Deus florescem de maneira especial lá onde as paróquias e as comunidades promovem a oração e a devoção ao Santíssimo Sacramento. Por conseguinte, exorto-vos a valorizar as vossas tradições maltesas de piedade, purificando-as quando for necessário e fortalecendo-as com sólidas instruções e catequese. Não haveria melhor modo de honrar a memória do Beato Inácio Falzon,

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 09 de maio de 2001

Inácio nasceu em La Valleta (capital da República de Malta), em 1º de julho de 1813. Sua família tinha uma situação financeira bastante confortável – seu pai, o advogado Giuseppe Francesco, fazia parte da comissão para a redação do novo Código Civil e, mais tarde, foi nomeado Juiz de Sua Majestade. Dois de seus irmãos, Doutores em Direito, tornaram-se sacerdotes.
Aos quinze anos, recebeu a primeira tonsura (a tonsura é uma cerimônia religiosa em que o bispo dá um corte no cabelo do ordinando ao conferir-lhe o primeiro grau no clero, chamado também “prima tonsura”); três anos mais tarde, recebeu as Ordens Menores, mas nunca se sentiu digno de receber a Ordenação Sacerdotal.

Aos vinte anos, em 7 de setembro de 1833, obteve o Doutorado em Direito Canônico e Civil no Ateneu de Malta, porém nunca exerceu essa profissão. Estudou a língua inglesa, coisa rara naqueles tempos, mas essencial para manter contato com os soldados ingleses (eram, então, cerca de vinte mil) que chegavam a Malta para preparar a guerra da Crimeia.

Dedicou-se à oração e ao ensino do catecismo, devotava-se muito à Santíssima Eucaristia, tendo também como alimentos espirituais a adoração e a meditação, ao ponto de despertar a admiração de todos os fiéis que frequentavam a igreja paroquial de São Paulo Náufrago, assim como a igreja franciscana de Santa Maria de Jesus. Tinha particular devoção à Santíssima Virgem e a São José. Rezava o santo Rosário todos os dias.

Ignácio sempre apoiou as vocações sacerdotais. Socorria continuamente os necessitados. Destacou-se especialmente pela missão que desempenhou entre os soldados e marinheiros ingleses. Começou organizando encontros de orações e turmas de catecismo para os militares católicos que se preparavam para partir para a frente de batalha. Logo fazia amizade com os outros soldados, protestantes ou não cristãos, aos quais dava bons conselhos. Assim, atraiu para a fé católica centenas de homens. Os documentos que se conservam na igreja dos jesuítas em La Valletta contêm os nomes de mais de 650 pessoas que Ignácio preparou para receber o batismo. Além disso, destacava-se também por sua capacidade de inspirar confiança inclusive nos que não se haviam convertido: estes lhe confiavam seus objetos pessoais e valiosos para que os entregasse a seus entes queridos, caso morressem na guerra.

Pioneiro no campo do ecumenismo, desempenhou esta missão com a ajuda dos leigos. Alguns de seus colaboradores tornaram-se sacerdotes e capelães militares ou navais. Um deles, que permaneceu em Malta, deu continuidade à missão de Ignácio.


Nosso beato viveu uma existência silenciosa: podia-se intuir sua santidade ao vê-lo orar diante do Santíssimo Sacramento. Morreu em 1º de julho de 1865, no dia em que completava 52 anos de idade. Era membro da Ordem Franciscana Secular (ou Terceira). Foi sepultado no jazigo de sua família na igreja franciscana de Santa Maria de Jesus, em La Valletta. As graças obtidas por sua intercessão difundiram sua fama de santidade não só na Ilha de Malta, mas também nos países que acolheram, e acolhem, imigrantes malteses.

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