quarta-feira, 26 de julho de 2017

Discurso do Papa Francisco para os Avós

Manifesto o meu apreço aos que enfrentaram dificuldades e desconforto para estar aqui neste encontro; e ao mesmo tempo estou próximo a todas as pessoas idosas, sozinhas e doentes, que não puderam sair de casa, mas que se unem a nós espiritualmente.

“A Igreja olha para as pessoas idosas com afeto, reconhecimento e grande estima. Elas são parte essencial da comunidade cristã e da sociedade, em particular representam as raízes e a memória de um povo. Vocês são uma presença importante, porque a sua experiência constitui um tesouro precioso, indispensável para olhar o futuro com esperança e responsabilidade. A sua maturidade e sabedoria, acumuladas nos anos, podem ajudar os mais jovens, sustentá-los no caminho do crescimento e da abertura ao futuro, na busca de seu caminho”.

Os idosos, de fato, testemunham que, também nas provações mais difíceis, nunca se deve perder a confiança em Deus e no futuro melhor. Eles são como árvores que continuam dando frutos: Não obstante o peso dos anos, podem dar sua contribuição original por uma sociedade rica de valores e por uma afirmação da cultura da vida.

Não são poucos os idosos que dedicam o seu tempo e seus talentos que Deus lhes deu, abrindo-se à ajuda e apoio aos outros. E o que dizer de seu papel no âmbito familiar?

“Quantos avós cuidam dos netos, transmitindo com simplicidade aos pequenos a experiência de vida, os valores espirituais e culturais de uma comunidade e de um povo! Nos países que sofreram uma grave perseguição religiosa, foram os avós que transmitiram a fé às novas gerações, conduzindo as crianças a receberem o Batismo num contexto de clandestinidade sofrida”.

Em um mundo como o atual, em que a força e aparência se tornam muitas vezes um mito, vocês têm a missão de testemunhar os valores que realmente contam e que permanecem para sempre, porque estão inscritos no coração de cada ser humano e são garantidos pela Palavra de Deus.

Como pessoas da terceira idade, vocês, ou melhor, nós, porque eu também faço parte dessa categoria, somos chamados a trabalhar por um desenvolvimento da cultura da vida, testemunhando que cada estação da existência é um dom de Deus e tem a sua beleza e a importância mesmo se marcadas por fragilidades.

Agradeço ao Senhor pelas muitas pessoas e estruturas que se dedicam cotidianamente no serviço aos idosos, para favorecer contextos humanos adequados, em que cada um possa viver dignamente esta etapa importante da própria vida.
As instituições e as várias realidades sociais podem fazer ainda muito para ajudar os idosos e para fazer isso, é preciso combater a cultura nociva do descarte, que marginaliza os idosos, considerando-os improdutivos.

É importante também, favorecer a ligação entre as gerações. O futuro de um povo requer o encontro entre jovens e idosos: os jovens são a vitalidade de um povo a caminho e os idosos reforçam esta vitalidade com a memória e a sabedoria.

“Queridos avôs e queridas avós, obrigado pelo exemplo que vocês oferecem de amor, dedicação e sabedoria. Continuem testemunhando com coragem esses valores! Que não falte para a sociedade o seu sorriso e o brilho bonito de seus olhos! Eu os acompanho com a minha oração, e vocês também não se esqueçam de rezar por mim”.


Papa Francisco - 15 de outubro de 2016

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