Irmã Eugenia Joubert, religiosa da
Congregação das Irmãs da Sagrada Família do Sagrado Coração, é-nos apresentada
como um exemplo vivo de Deus no coração humano. A sua educação cristã foi
decisiva para todo o seu trabalho futuro. Dois anos antes de sua morte, depois
de uma curta vida consagrada especialmente na catequese das crianças, ela
libera este grito do fundo do coração: "Eu quero ser como uma criança,
carregada nos braços de sua mãe."
O Reino de Cristo pode começar no coração de
uma criança. É isto que compreendeu a Irmã Eugenia e é por isso que nós
colocamos tanto cuidado na preparação de jovens para a primeira Reconciliação e
primeira Comunhão. Todo mundo, mesmo em uma idade muito jovem, é chamado a testemunhar a verdade. A Igreja
vai sempre lembrar as palavras do Senhor: "Deixai
as crianças virem a mim" (Mt 19, 14). Ela vai fazê-lo constantemente,
porque ela sabe que nenhum filho do homem, por mais pobre e humilde que seja,
não é indiferente a Deus. Todo mundo é chamado para entrar no reino e a Beata
Eugenia, precedendo-nos, nos mostra o caminho.
Papa João Paulo II –
Homilia de Beatificação – 20 de novembro de 1994
Filha de Pedro Joubert e Antônia Celle, ricos
viticultores, nasceu no dia 11 de fevereiro de 1876 na França, a quarta de oito
filhos.
Até aos 16 anos seguiu um longo percurso de
educação civil e religiosa: estudou nas Irmãs Ursulinas de Monistral, onde
também recebeu sua primeira comunhão em 1888; nas Irmãs de São José de sua
cidade Yssingeaux e em 1889-1892, no Colégio de Santa Maria de Le Puy,
conduzidas pelas Irmãs de Notre Dame.
Em 1895, aos 19 anos, aconselhada pelo seu
diretor espiritual, Padre Rubussier, sacerdote jesuíta, entrou no Instituto da
Sagrada Família do Sagrado Coração, fundada por ele e pela Madre Maria Inácia
Melin, Instituto destinado ao ensino da catequese, sobretudo aos mais pobres e
mais abandonados.
Eugênia fez o noviciado em Saint-Denis
(1896), e sua profissão religiosa em 1897, dedicando-se completamente ao
apostolado e ao ensino do catecismo aos meninos e meninas.
Irmã Eugenia foi catequista nas próximas
redondezas de Paris, primeiramente em Aubervilliers e depois em Saint-Denis,
onde ela se ocupou igualmente das crianças dos bateleiros e dos feirantes que
ali eram numerosos.
Consolidou ali a sua missão pelo estudo
aprofundado das verdades da fé, graças a São Tomás de Aquino e aos Padres da
Igreja. Assim o desejava a Fundadora para as irmãs designadas para esta missão.A irmã Eugenia tinha uma vida de oração
intensa, um amor muito especial à Santíssima Eucaristia, à Santíssima Virgem
Maria. Estas disposições interiores vão exercer sobre as crianças uma
particular influência, porque não tendo método pessoal, ela vive ao mesmo tempo
o que ensina.
Os testemunhos recolhidos para o processo de
beatificação são unânimes sobre isso: “Ela
atraía imediatamente as crianças graças à sua fé comunicativa, ela sabia
interessá-las, tornar por assim dizer vivas as verdades que ela ensinava. Ela
pedia à Virgem Maria para ajudá-la, e pedia às crianças que invocassem a Mãe do
Céu para que Ela os ajudasse a compreender e a aprender as suas lições”.
As crianças menos receptivas e mais atrasadas
eram entregues à Irmã Eugenia. Ela possuía a arte de compreendê-las e de
interessá-las pelos ensinamentos que recebiam; ela inculcava-lhes coragem e
conseguia resultados magníficos que surpreendiam os seus Superiores. Eram
também para ela as crianças mais turbulentas e as mais indisciplinadas. Ela
conseguia acalmá-las, ganhando pouco a pouco a confiança delas pela sua doçura,
pelo seu carinho e pelas suas preces a Maria, que ela invocava frequentemente.
Muitas vezes dizia a estas crianças turbulentas e demasiado indisciplinadas: “Atenção, Deus vê-nos, Deus olha para nós!” Esta pequena mensagem tinha o dom de acalmá-las e de torná-las atentas aos ensinamentos.
Muitas vezes dizia a estas crianças turbulentas e demasiado indisciplinadas: “Atenção, Deus vê-nos, Deus olha para nós!” Esta pequena mensagem tinha o dom de acalmá-las e de torná-las atentas aos ensinamentos.
Irmã Eugenia tinha uma devoção particular ao
Anjo da Guarda e por isso mesmo invocava os Anjos das Guarda das crianças que
tinha a seu encargo, pedindo sua ajuda para o seu apostolado.
E porque o fogo interior deve ser alimentado,
Eugênia não fugia aos sacrifícios, oferecendo-os para o bom sucesso do seu
apostolado. Contemporânea de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Beata Isabel
da Santíssima Trindade, como elas, Eugênia vivia o espírito da infância a
“pequena via” ou “pequeno caminho”, a infância evangélica numa união cada vez
mais íntima com a Santíssima Trindade.
Habitada pelo ardor apostólico, ela conseguia
comunicá-lo às crianças que tinha ao seu encargo. Um deles, verdadeiro chefe de
bando, reuniu os seus camaradas da rua e, mostrando um crucifixo, bradou: “Quem
o pregou na Cruz?” Ninguém respondeu. Continuando, o mesmo jovem disse, cheio
de grande convicção: “Fomos nós, foram os nossos pecados”. Com mais força
ainda, o mesmo jovem continuou: “Por isso mesmo, todos de joelhos”, e todos
obedeceram.
Mas tudo isto não é conseguido senão pela
própria doação total e sincera. A Irmã Eugenia nunca recuava diante de uma
dificuldade, qualquer que ela fosse, como nunca recuava diante da fadiga,
algumas vezes fadiga até ao esgotamento; era preciso continuar, custe o que
custar, a fazer com que Deus seja amado e adorado, nosso único Salvador e
Senhor.
Chamada para a Casa de Saint-Denis, ela não
só se dá ali sem medidas na catequização dos jovens, como também continua a
dispensar a sua ajuda às irmãs de Aubervilliers. Eugenia ensina quase sem parar
durante todas as tardes. À noite a voz falta-lhe, mas nem por isso cessa de
rezar em comum ou na sua cela: ela precisa deste alimento salutar, deste maná
celeste que alimenta as almas e as torna fortes e enamoradas de Cristo.
Aos 26 anos, em 1902, adoeceu gravemente;
apesar disso, permaneceu em Roma por um ano, de abril de 1903 a maio de 1904.
De retorno a Liége, a enfermidade a leva ao leito. Ela, que até ali não se
tinha poupado, é agora obrigada a deixar o seu apostolado.
Depois de muito sofrimento, alguém coloca
diante dela uma estampa do Menino Jesus. Diante desta imagem Irmã Eugênia
exclama por três vezes o nome de Jesus. O corpo daquela jovem de 28 anos
parecia ter doze anos; um belo sorriso iluminou seu rosto. Irmã Eugenia, a
“virgem prudente”, entregou a alma a Deus, seu divino Esposo, no dia 2 de julho
de 1904, em Liége, Bélgica. “Rezarei por todas no céu!”, havia
prometido às suas irmãs de hábito. Seu corpo repousa na capela das Irmãs de São
Família do Sagrado Coração em Dinant.
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