O fato de encontrarmos um objeto que tínhamos perdido enche-nos de uma
alegria nova cada vez que ocorre. E esta alegria é maior do que a que
experimentávamos, antes de o perder, quando aquele objeto estava bem guardado.
Mas a parábola da ovelha perdida fala mais da ternura de Deus do que da maneira
como os homens habitualmente se comportam. E ela exprime uma verdade profunda.
Abandonar o que tem importância por amor do
que há de mais humilde é próprio do poder divino, não da cobiça humana. Porque
Deus faz mesmo existir o que não é; parte à procura do que está perdido,
guardando o que deixou ficar para trás, e encontra o que se tinha transviado
sem perder o que está à sua guarda.
É por isso
que este pastor não é da terra mas do céu. A parábola não é de forma alguma a
representação de obras humanas, mas esconde mistérios divinos, como é
demonstrado cabalmente pelos números que menciona: "Se um de vós, diz o
Senhor, tiver cem ovelhas e perder uma..."
Como vedes, a perda de uma só ovelha magoou o
pastor, tanto como se o rebanho inteiro, privado da sua proteção, se tivesse
metido por um caminho errado. É por isso que, deixando as outras noventa e
nove, ele parte à procura de uma só, não se ocupa senão de uma só, a fim de a
encontrar e, nela, as salvar a todas.
Sermão 168, 4-6
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