quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Santo Ambrósio de Milão


Ambrósio, cujo nome significa “bom odor de Deus”, era o último filho do Prefeito das Gálias, também de nome Ambrósio, que tinha residência nas cidades de Arles, Tréveris, e Lyon. Crê-se fortemente ter sido em Tréveris (hoje território alemão), onde Ambrósio veio ao mundo, por volta do ano 334.

Os filhos eram Marcelina, Sátiro e Ambrósio. Todos os três foram canonizados.

Um fato de grande simbolismo ocorreu quando Ambrósio era ainda recém-nascido. Enquanto ele dormia no seu berço, entrou pela janela de seu quarto um enxame de numerosas abelhas. Estas começaram a voar sobre ele, algumas entrando e saindo de sua boca. Após uns instantes, saíram as abelhas pelo mesmo caminho de onde vieram, e elevaram-se tão alto, de modo a perderem-se de vista. O fato impressionou a todos, sobretudo a seu pai, o qual viu neste episódio o sinal de um glorioso futuro para seu filho.

Ambrósio viveu com sua família nas Gálias até o falecimento de seu. Após isso, partiu a Roma com seu irmão, sua irmã e sua mãe, contando o santo não mais de cinco anos.
Recebeu uma sólida formação cultural e religiosa. Sobressaía-se notavelmente nos estudos das belas letras, pois possuía uma inteligência pouco comum, rapidez de espírito e temperamento alegre.

Conta-se que Ambrósio, acostumado a ver sua mãe e irmã beijarem as mãos de personalidades eclesiásticas, de modo jocoso, “apresentou, um dia, a mão à sua irmã para que ela lha beijasse, dizendo que um dia ele se tornaria bispo”. 

Ambrósio cresceu em meio às altas personalidades romanas, numa época em que a Igreja gozava já de liberdade de culto.
Seus estudos e formação lhe outorgaram a simpatia do prefeito do Pretório romano, e este o nomeou governador da Emilia e da Ligúria, que compreendiam vastíssima região, tendo por metrópole a Milão. “O Imperador Valentiniano confirmou esta eleição, acrescentando a dignidade de cônsul.”

Quando estava partindo a Milão para tomar posse do cargo, Probo disse-lhe: “Vá, e atue não como juiz, mas como Bispo”. Isto queria significar que deveria governar com caridade e afabilidade. Em pouquíssimo tempo Ambrósio ganhou a simpatia e as graças do povo.
“Precisamente ali, se dava com ardor a luta entre ortodoxos e arianos, sobretudo, depois da morte do bispo ariano Augêncio.”   

Tendo falecido o Bispo ariano Augêncio que ocupava a Sede de Milão, em 374, puseram-se os católicos e arianos a disputar quem ocuparia seu lugar. Era uma grande disputa, ameaçando uma guerra. Santo Ambrósio, como governador, decidiu ir ao encontro de ambos os lados, a fim de acalmar a situação. Interpondo-se, falou com tanta sabedoria e discernimento que em pouco tempo o apaziguamento dos ânimos fez-se sentir.

De repente, uma voz de criança exclamou em meio à multidão: “Ambrósio bispo! Ambrósio bispo!” E àquela voz inocente juntaram-se a de todos, que reconheceram a ação do Espírito Santo, naquela singela opinião: “Ambrósio será nosso bispo!”

Vale a pena notar que Ambrósio falou com tal firmeza, unindo sua característica bondade, que até mesmo os arianos se dispuseram a elegê-lo.
Apesar de o santo alegar sua ‘indignidade’, não houve razão que pudesse fazer os presentes desistirem de seus projetos. Por fim, percebendo que nada mais podia, Ambrósio aceitou o cargo que ele tanto temia.

Entretanto, o cônsul de Milão era apenas catecúmeno. Tendo sido enviada uma rápida emissiva ao Imperador, que se encontrava não muito distante, este se alegrou sobremaneira, ao ver que aquele enviado por ele como governador, era aclamado bispo.

Santo Ambrósio foi batizado no dia 30 de novembro de 374, recebeu as ordens sagradas nos dias subsequentes e, finalmente, ordenado bispo no dia 7 de dezembro. No período de apenas uma semana foram-lhe conferidos os sacramentos devidos.

Após sua ordenação, sendo visitado por sua irmã Marcelina, Ambrósio estendeu-lhe a mão esboçando um leve sorriso, e dizendo: “não lhe dizia que um dia oscularias a mão do sacerdote?”

“Como bispo, seu caráter firme, mas amável, se detecta, sobretudo, em sua ampla correspondência. Faz transluzir sua energia de homem de ação, una firmeza moral matizada por sua amabilidade natural, bondade real e piedade ardente.”

Logo que ascendeu ao episcopado, fez três propósitos que os manteve até o fim de sua vida:
1 - não passar um só dia sem celebrar o Santo Sacrifício;
2 - pregar o Santo Evangelho todos os domingos;
3 - não omitir nada que pudesse contribuir ao florescimento da Santa Igreja e à destruição da heresia.

No ano de 375 morreu Valentiniano que tanto ajudara o santo. Seus filhos Graciano, de dezessete anos, e Valentiniano de quatro, tiveram o apoio e o cuidado de Santo Ambrósio, que os tratou como verdadeiros filhos.
Contudo, Justina a mãe dos jovens imperadores era ariana, e querendo a todo custo que os hereges tivessem direito a reunir-se em uma igreja, por ocasião da Páscoa, mandou em nome do imperador Graciano, seu filho, que a reunião se desse na Basílica Porciana.
Os arianos cercaram o templo onde Santo Ambrósio estava a terminar a Santa Celebração. Manteve-se firme o prelado, não lhes abriu as portas, forçado a manter-se preso juntamente com o povo, durante alguns dias. Até a questão se resolver, aproveitou o tempo para catequizar os que ali se encontravam por meio de cânticos sacros. Compunha-os na hora, e o povo memorizava aquelas palavras imbuídas de profunda teologia e piedade. Muitos desses hinos são rezados e cantados no ofício divino até hoje.

Numa dessas ocasiões, em que estava reunido com a turba fidelium no templo, a Providência dignou-se revelar-lhe onde estavam enterrados os corpos de São Gervásio e Protásio.

No ano de 384, Justina furiosa contra o catolicismo, declarou uma perseguição contra a Igreja, ameaçando a expulsão dos cargos os bispos que não aceitassem determinações a favor dos arianos. Santo Ambrósio respondeu que em causa de fé, nunca os imperadores têm potestade para julgar os bispos.

Já nessa época, estava em Milão um jovem africano chamado Aurélio Agostinho. Encantado com a oratória de Santo Ambrósio, comparecia à igreja para escutá-lo: “Não me esforçava por aprender o que o Bispo dizia, mas só reparava no modo como ele falava.” Assim Agostinho acabou por converter-se. Há tempo procurava a verdade, mas como se decepcionara com o Maniqueísmo, heresia à qual havia se aficionado, tentava encontrar alguém que lhe explicasse suas inúmeras dúvidas. E Santo Ambrósio foi o homem escolhido por Deus, para converter aquele que seria um dos maiores luminares da Igreja: Santo Agostinho, a “águia de Hipona”.

Santo Ambrósio teve um papel preponderante, quando Graciano mandou derrubar a estátua da deusa Vitória, símbolo do paganismo romano.

No mês de fevereiro de 397, o santo prelado caiu enfermo. Alguns dias antes de sua morte apareceu-lhe o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, consolando-o.

Por fim, numa sexta-feira santa, 3 de Abril de 397, em meio às fadigas da doença, Santo Ambrósio permaneceu em profunda oração, até que à meia-noite, Sábado Santo, entregou sua alma a Deus.

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