Santa Maria
Maravilhas de Jesus viveu animada por uma fé heroica, plasmada na resposta a
uma vocação austera, tendo Deus como centro da sua existência. Superadas as
tristes circunstâncias da Guerra Civil espanhola, realizou novas fundações da
Ordem do Carmelo presididas pelo espírito característico da reforma teresiana.
A sua vida contemplativa e a clausura do mosteiro não a impediram de se dedicar
às necessidades das pessoas das quais se ocupava e de promover obras sociais e
caritativas ao seu redor.
Os novos Santos têm rostos muito concretos e
a sua história é bem conhecida. Qual é a sua mensagem? As suas obras, que
admiramos e pelas quais damos graças a Deus, não se devem às suas forças ou à
sabedoria humana, mas à ação misteriosa do Espírito Santo, que suscitou neles uma adesão inabalável a Cristo
crucificado e ressuscitado e
o propósito de o imitar. Queridos fiéis católicos: deixai-vos interpelar
por estes exemplos maravilhosos!
Papa
João Paulo II – Homilia de Canonização – 04 de maio de 2003
Mulher
notabilíssima por suas virtudes e por suas capacidades humanas, com seu
espírito de oração contemplativa, com o desejo de ajudar a Igreja e com o anseio
de salvar as almas, Madre Maravilhas deixou um traço indelével que a tornaram
fidelíssima à sua vocação e autora corajosa de obras para a glória de Deus.
A sua
espiritualidade se exprimia na oração contínua, na sua pobreza excepcional e na
de seus mosteiros, na vida austera sustentada pelo trabalho que permitia
manter-se e ajudar as grandes iniciativas sociais e beneficentes da Igreja, que
ainda falam dela.
Maravilhas Pidal y
Chico de Guzmán, nasceu em Madrid no dia 4 de novembro de 1891 em uma família
profundamente cristã; o pai, Luis Pidal y Mon, segundo Marquês de Pidal,
naquele tempo era embaixador da Espanha junto à Santa Sé.
Sentiu o chamado à
vida religiosa desde criança, e com esta finalidade Maravilhas pôs em prática
todas as virtudes cristãs, que foram coroadas com sua entrada no mosteiro das
Carmelitas Descalças de El Escorial (Madrid), em 1919, onde pronunciou os votos
em 7 de maio de 1921.
Nos primeiros anos
de sua vida religiosa no mosteiro realizou o seu ardente desejo de uma vida
humilde e escondida.
Em 1923,
quando ainda era professa de votos temporários, se sentiu inspirada pelo
Senhor, em diversas ocasiões, a fundar um mosteiro carmelita no Cerro de los
Angeles, local onde o Rei Afonso XIII havia inaugurado, em 1919, um monumento
ao Sagrado Coração de Jesus e feito a consagração da Espanha àquele Coração
Sagrado.
Em 19 de maio de
1924, ela deixou o Escorial, transferindo-se com três religiosas e, por
obediência aos superiores, fundou o mosteiro em Getafe, território atualmente
da Arquidiocese de Madrid.
Nomeada primeira
priora da nova comunidade pelo Bispo de Madrid, em 31 de outubro de 1926, dirigiu
o mosteiro, inaugurado próximo do monumento ao Cristo Rei, com fortaleza e
doçura, instaurando uma fidelidade teresiana total com um grande espírito
apostólico, um senso profundo do ideal contemplativo.
Embora respeitando
a clausura, viveu a sua vida de contemplativa interessada nas necessidades dos
menos favorecidos; por outro lado, seu amor pela Cruz era tão grande, que
chegava ao heroísmo: por penitência, durante 35 anos dormiu apenas três horas
por noite, vestida e sentada no chão com a cabeça apoiada no leito.
Em 1933, oito das
suas Irmãs fundaram um mosteiro de clausura em Kottayam na Índia, onde ela
também deveria ir, mas foi impedida pelos superiores.
Por causa da
revolução espanhola que ensanguentou a Espanha com a perseguição e o ódio
contra tudo que se relacionasse com a religião, Madre Maria Maravilhas de Jesus
foi obrigada a deixar o mosteiro com todas as suas religiosas em 22 de julho de
1936.
Acolhidas
primeiramente pelas Ursulinas francesas de Getafe, em agosto seguinte se fixou
em uma casa de Madrid e depois atravessou Valencia, Barcelona, Port-Bou,
Lourdes, retornando em outra parte da Espanha, estabelecendo-se em uma antiga
ermida da Ordem do Carmo em Las Batuecas (Salamanca).
Em maio de 1939, o
mosteiro de Cerro de los Angeles foi reaberto e dali partiram as Irmãs
dirigidas por ela, que graças ao maravilhoso florescimento de vocações
carmelitas puderam abrir várias Casas: Mancera (1944), Duruelo (Ávila) em 1947,
Cabrera (1950), Arenas de San Pedro (1954), Córdoba (1956), Aravaca - Madrid
(1958), La Aldehuela (1961), Málaga (1964); finalmente, em 1966, restaurou e
desenvolveu o mosteiro da Encarnação de Ávila e a casa de Santa Teresa.
Graças às numerosas
vocações atraídas por sua personalidade forte, pode mandar três Irmãs para o
mosteiro de Cuenca (Equador), em 1954, o qual necessitava de reforços. Fez
construir um convento e igreja para os Carmelitas Descalços na província de
Toledo
Chamavam-na “a
Santa Teresa de Jesus do século XX”.
Retirou-se no convento
de La Aldehuela (Madrid), em 1961, vivendo em grande pobreza, de onde dirigia o
movimento e a vida regular de tantos os mosteiros com a sua palavra materna e o
seu exemplo.
Em 1967, em
Ventorro, promoveu a fundação de colégios para crianças privadas de escola; em
1969 conseguiu 16 casas pré-fabricadas para famílias pobres.
Em 1972 a Santa Sé
aprovou a Associação de Santa Teresa, constituída por ela para os seus
mosteiros, associação esta empenhada em iniciativas sociais, da qual foi eleita
presidente.
Entre 1972 e 1974,
ajudou na construção de 200 habitações, com a igreja e as obras sociais em
Perales del Rio, colaborando com o pároco local. Com a bondade daqueles que
confiavam nela e na sua obra, ajudou a construção da nova clínica para
religiosas e monjas em Pozuelo di Alarcón (Madrid).
Foi atingida por
uma pulmonite na Sexta-Feira Santa de 1967 e desde então foi se debilitando,
mas não abandonava a fidelidade à Regra e às Constituições. Morreu santamente
depois de breve enfermidade no dia 11 de dezembro de 1974, no mosteiro da
Aldehuela (Madrid).
Os seus despojos
repousam na paupérrima capela do mosteiro de La Aldehuela.
Foi beatificada por
João Paulo II em 10 de maio de 1998 na Praça de São Pedro, em Roma, e em 4 de
maio de 2003, o mesmo pontífice a canonizou em Madrid, com a participação de
uma enorme multidão.
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