O Papa Urbano V assumiu o
cargo em 1362, numa época em que a Europa sofria agitações sociais muito
intensas. Numa tentativa de manter o pontífice longe das intrigas e das lutas
políticas e revolucionárias, que dominavam Roma, a sede da Igreja fora
transferida para Avignon, na França.
Urbano era monge beneditino e pertencia a uma
nobre família francesa. Quando jovem estudou ciências jurídicas e depois
lecionou direito em Montpellier e na própria Avignon. Um dia, trocou a laureada
toga pelo humilde hábito de monge, chegando a ocupar altos cargos dentro da
Ordem beneditina.
Sua biografia é cheia de adjetivos elogiosos:
"professor emérito, estudioso de renome, abade de iluminada doutrina e
espiritualidade". Por tudo isso foi escolhido pelo Papa Inocêncio IV para
desempenhar missões diplomáticas delicadas. Pelo mesmo motivo, quando Inocêncio
morreu, foi eleito seu sucessor, mesmo não sendo cardeal nem bispo.Consagrado bispo em Avignon, no mesmo dia, 6 de novembro de 1362, recebia a tiara com o nome de Urbano V.
Seu pontificado durou somente oito anos, mas
caracterizou-se, segundo os registros oficiais, pela sábia administração, pelo
esforço de renovar os costumes e pela nobreza de intenções.
Ele reformou a
disciplina eclesiástica e reorganizou a corte pontifícia de maneira que fosse
um exemplo de vida cristã, cortando pela raiz muitos abusos. Mas também se
preocupava com a instrução do povo. Era o período do humanismo e o ex-professor
de direito não mediu esforços para promover as ciências e criar novos centros
de estudos. A pedido do rei da Polônia, ergueu e fundou a universidade da
Cracóvia e, na universidade de Montpellier, fundou um colégio médico, ajudando
pessoalmente estudantes pobres.
No terreno político e militar seu trabalho também
foi reconhecido. Organizou uma cruzada contra os turcos muçulmanos que
ameaçavam a Europa. No plano missionário, enviou numerosos grupos de religiosos
às regiões européias ainda necessitadas de evangelizadores, como a Bulgária e a
Romênia. Além de organizar uma expedição missionária para levar a palavra aos
mongóis da longínqua Ásia.
O grande sonho do Papa Urbano V, porém, era levar
de volta a sede da Igreja para Roma. Conseguiu isso, em outubro de 1367, sendo
recebido com entusiasmada aclamação popular. Foi o primeiro a se estabelecer no
palácio ao lado da Basílica de São Pedro, no Vaticano. E, desde então, se
tornou a residência oficial dos pontífices.
Poucos dias depois “Roma estava toda cheia de obras”, como escrevia Coluccio Salutati. Muito mais que à restauração das coisas materiais, o santo pontífice olhou para a reconstrução espiritual da Igreja, promovendo a unidade entre os cristãos, que pareceu realizar-se através da união da Igreja grega com a latina em 1369.
Mas a paz durou pouco. Alguns anos
depois Urbano V foi novamente obrigado a deixar Roma, não
obstante as súplicas e as exortações de tantos, entre os quais santa Brígida,
que alcançando-o junto ao lago de Bolsena, lhe predisse que em breve morreria,
se voltasse para Avignon.
Morreu de fato a 19
de dezembro daquele mesmo ano. Esta nova escolha, motivada por situações
históricas particulares, não depõe contra os grandes méritos do seu
pontificado, que durou oito anos, ao qual se atribuiu reforma eficaz dos
costumes e incremento particular da doutrina cristã e dos estudos em geral.
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