São João da Mata nasceu na
Provence (França), a 23 de junho de 1160, de nobre família. As armas da casa de
Mata, representavam um cativo carregado de correntes com essas palavras como
divisa: ‘Senhor, livrai-me dessas correntes’.
Enquanto sua mãe aguardava
seu nascimento, um dia em que se recomendava particularmente à Santíssima
Virgem, Nossa Senhora lhe apareceu dizendo: ‘Não temas, tu darás ao mundo um
filho que será santo e o redentor dos escravos cristãos. Será pai de um grande
número de filhos que cumprirão o mesmo ministério para a salvação das almas’.
Seus pais o educaram no amor
de Deus e da Virgem, e desde cedo o menino correspondeu a seus cuidados. Fez
seus estudos na Universidade de Aix e ao voltar para casa decidiu retirar-se
para o deserto, escolhendo a região de Beaune, onde Santa Madalena vivera em
penitência. O demônio o assaltou rudemente, mas foi vencido por uma coragem
semelhante a de Santo Antão e de outros solitários.
Após um ano de solidão, Nosso
Senhor recomendou-lhe que fosse acabar os seus estudos porque queria servir-Se
dele. João foi para a Universidade de Paris cursar teologia. Um dia em que
rezava ante um crucifixo no convento de São Vítor, ouviu uma voz que lhe disse
por três vezes: ‘Procure a sabedoria, ó Meu filho, e alegra o Meu coração’.
Ele voltou aos estudos com
novo vigor e tornou-se tão versado, que os mestres da universidade lhe
ofereceram o chapéu de doutor. Ele a princípio recusou. Mas São Pedro lhe
apareceu ordenando-lhe que aceitasse em nome do Senhor. Enquanto lecionava
teologia, foi ordenado sacerdote.
Quando o bispo lhe impôs as
mãos dizendo: ‘Aceite o Espírito Santo’, um globo de fogo apareceu sobre sua
cabeça.
No dia de sua primeira
Missa, no momento da Elevação, a assistência admirada viu surgir sobre o altar
um anjo vestido de branco, trazendo no peito uma cruz vermelha. Ele estendia as
suas mãos cruzadas sobre dois cativos dos quais um era cristão e o outro mouro.
São João explicou então que Deus o chamara a fundar uma Ordem para a redenção
dos cativos. Para isto, então, dirigiu-se ao Papa Celestino III.
Nesse tempo, São Domingos de
Gusmão estudava em Palência. Um dia, uma pobre mulher veio pedir-lhe uma esmola
para ajudá-la a resgatar um de seus irmãos que era escravo dos mouros. O santo
que nada tinha para dar, ofereceu-se ele mesmo. E como a mulher não quisesse
vendê-lo, São Domingos lançou-se aos pés de um crucifixo implorando a Deus que
viesse em socorro do cativo e dos outros escravos cristãos. Então, o Crucifixo
respondeu-lhe em alta voz: ‘Meu filho, não é a ti que quero encarregar desta
obra, mas a João, doutor em Paris. Eu te reservo outro ministério, que
exercerás entre os cristãos’.
Mais tarde São João e São
Domingos encontraram-se na França, quando aí estabeleceram suas ordens. São
João partira de Roma. Em Focon, encontrou São Felix de Valois, que a ele se
associou para a consagração de seus desígnios.
No dia da Purificação da
Virgem, 2 de fevereiro de 1198, Inocêncio III em pessoa deu-lhes o hábito da
nova ordem: Ordem da Santíssima Trindade e da Redenção dos Cativos - Padres Trinitários.
Ao vesti-los, disse-lhes que as três cores que o compunham eram
o símbolo da Santíssima Trindade. O branco representando o Pai; o azul, o
Filho; e o vermelho, o Espírito Santo. E acrescentou as palavras: ‘Haec est
ordo aprobata, non a sanctis fabricata, sed a Deus solo - Esta é uma Ordem
aprovada, feita não por santos, mas exclusivamente por Deus’.
Os dois santos retiraram-se
para a França onde fundaram o mosteiro de Cerfroid e entregaram-se ao seu
trabalho. Suas lutas são inenarráveis, sendo acompanhadas de numerosos
milagres.
O próprio João da Mata organizou uma expedição à África, onde resgatou, pessoalmente, um grande número de cristãos em cativeiro. Em uma segunda viagem, caiu nas mãos dos muçulmanos, foi espancado e deixado sangrando pelas ruas de Túnis, na Tunísia.
Recuperou-se, reuniu os cristãos e os embarcou num navio que devia levá-los a Roma. O barco acabou sendo atacado, teve as velas rasgadas e o leme quebrado. Os registros e a tradição contam que João da Mata tirou o manto, rezou, transformou-o numa vela, pediu a Deus que guiasse o navio e, assim, chegaram ao porto da cidade italiana de Óstia.
Tendo
Inocêncio III convocado um Concílio em Latrão, o rei Filipe Augusto escolheu
São João da Mata para seu teólogo. Mas Deus já o queria no Céu, pois o santo
caiu doente, vindo a falecer a 17 de dezembro de 1213. Foi canonizado por
Urbano IV em 1262.
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