A poucos dias do Natal, a Igreja já se
prepara para receber em seu seio a presença do Menino Jesus. A liturgia deste Quarto Domingo do Advento narra esse grande acontecimento para a humanidade a
partir do relato de São Mateus que conta-nos tudo, trazendo à nossa memória o
grande patriarca da Igreja Universal, São José.
São
José, segundo nos revela o evangelista, era uma pessoa "justa". Na
leitura, o esposo de Maria aparece como o homem dos sonhos. A imagem nos
permite traçar um belíssimo paralelo com a figura de outro personagem: José do
Egito. Ele, de igual modo, também é apresentado como aquele que sonhava. Deus o
visitava durante o sono.
E
é precisamente durante o sono que o anjo vem trazer a grande notícia para José,
o pai adotivo de Jesus. Ele, angustiado com a gravidez da esposa e, ao mesmo
tempo, "não querendo denunciá-la", resolve "abandonar Maria, em
segredo". O anjo Gabriel, porém, visita São José, em sonho, e lhe diz: "José,
Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela
concebeu pela ação do Espírito Santo".
As
palavras do anjo Gabriel já nos revelam, de antemão, um dos mistérios da vida
de Jesus. Sendo seu pai adotivo aqui na terra, José, o "filho de
Davi", concede a Cristo a legitimidade sobre o trono de Israel, tal qual
nos escreve São Lucas, em seu retrato sobre o nascimento: "Ele será grande
e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai
Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó". Aqui aparece, então, o múnus
régio de Cristo. Jesus é o Rei do Céu e da Terra, o Sumo Pontífice que abre as
portas da eternidade para os pecadores.
Além
disso, o anjo Gabriel faz-nos enxergar outra realidade igualmente importante: não
se pode temer receber Maria em nossa casa. Ora,
quantos de nós, tememos amar Maria e prestar-lhe verdadeira honra, achando que
assim prejudicaremos o devido culto a Deus?
Todavia,
não há caminho melhor e mais seguro para se chegar a Deus do que o da Virgem
Santíssima. Quem recebe Maria em sua
casa recebe igualmente Jesus, uma vez que seria mais fácil separar o calor do
Sol do que separar Maria de Jesus. E, nesse sentido, também São José nos dá
o exemplo, amando Maria e Jesus de uma maneira extraordinária. Imaginemos a
humildade desse homem que se fez chefe de família, tendo em sua casa duas
pessoas muito maiores do que ele.
O
Papa Bento XVI, ao contemplar a figura de São José numa das meditações colocou
a pessoa do pai adotivo de Jesus como modelo de santidade para todos os cristãos:
O
exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com
fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou.
Penso antes de tudo, nos pais e nas mães de família, e rezo para que saibam
sempre apreciar a beleza de uma vida simples e laboriosa, cultivando com
solicitude o relacionamento conjugal e cumprindo com entusiasmo a grande e
difícil missão educativa. Aos sacerdotes, que exercem a paternidade em relação
às comunidades eclesiais, São José obtenha que amem a Igreja com afeto e
dedicação total, e ampare as pessoas consagradas na sua jubilosa e fiel
observância dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência.
Proteja os trabalhadores de todo o mundo, para que contribuam com as suas
várias profissões para o progresso de toda a humanidade, e ajude cada cristão a
realizar com confiança e com amor a vontade de Deus, cooperando assim para o
cumprimento da obra da salvação.
Com efeito, à medida que o acontecimento do
Natal se aproxima, devemos nos preparar, do mesmo modo que São José, para
recebermos a presença do "Deus Conosco", acompanhado da Virgem Maria,
em nossas casas. O Natal é o tempo de
deixarmos nossas almas abertas para a entrada da graça.
O evangelista arremata a sua narrativa
dizendo que "Deus
está conosco". Que Jesus possa nascer nos lares de todas
as pessoas, dizendo para elas que, não, não estamos sozinhos.
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