Protetora contra raios e tempestades, Santa Bárbara viveu e sofreu
seu martírio durante o reinado do imperador Maximiano (305-311).
Seu pai, um pagão de nome
Dióscoro era um homem rico e ilustre da cidade fenícia de Heliópolis. Como ele
ficou viúvo muito cedo, voltou toda a sua atenção em devoção a sua filha única.
Bárbara tinha uma beleza tão extraordinária que seu pai decidiu criá-la
afastada dos olhos de estranhos. Para isso ele construiu uma torre, na qual ela
vivia, junto de seus tutores pagãos.
Do
alto da torre, ela podia vislumbrar a imensidão da criação de Deus: durante o
dia, ela via colinas cobertas de florestas, rios que cortavam a terra e
campinas cobertas por flores de todas as cores do arco-íris; e, a noite, o
impressionante espetáculo da harmonia e majestade dos céus estrelados. Logo a
jovem donzela passou a se questionar sobre o Criador de um mundo tão esplêndido
e harmonioso.
Quando
atingiu a idade para o casamento, por volta de 17 anos, seu pai a trouxe para
casa e permitia que ela recebesse a visita de pretendentes, mas não permitia
que ela visitasse a cidade. Bárbara era uma jovem muito bela e de
família rica. Por isso, muitos eram os pretendentes que queriam se casar com
ela. Mas Bárbara não aceitava nenhum, enxergando neles a superficialidade e o
interesse, e nenhum toque de amor verdadeiro.
Para seu pai, isso era um problema sério, pois,
segundo os costumes, ele tinha obrigação de casar sua filha. Dióscoro pensava
que as “desfeitas” da filha diante dos pretendentes se davam por causa do tempo
que ela passou na torre. Então, ele decidiu permitir que Bárbara conhecesse a
cidade, concedendo-lhe a liberdade de escolha de seus amigos e conhecidos. Foi
assim que a donzela conheceu na cidade jovens cristãos, que lhe revelaram sobre
os ensinamentos de Deus, a vida de Nosso Senhor, a Trindade e a Sabedoria
Divina. Pela Providência Divina, após um certo tempo, um padre de Alexandria,
disfarçado como mercador, chegou a Heliópolis, e posteriormente veio a batizar
Bárbara.
Enquanto
isso, um luxuoso quarto de banho estava sendo construído na casa de Dióscoro.
Segundo suas ordens, os operários deveriam construir duas janelas na parede
sul; mas Bárbara, aproveitando-se da ausência de seu pai, pediu-lhes para que
fosse feita uma terceira janela, representando a Trindade. Sobre a entrada do
quarto de banho Bárbara esculpiu em pedra uma cruz – segundo o hagiógrafo
Simeão Metafrastes, certo tempo após a fonte que originalmente abastecia o
quarto de banho ter secado, ela voltou a jorrar água com poderes curativos.
Quando
Dióscoro retornou, expressando insatisfação com as mudanças em sua obra, sua
filha lhe contou sobre seu conhecimento do Deus Trino, sobre a salvação pelo
Filho de Deus e da futilidade de adorar falsos ídolos.
Dióscoro
imediatamente foi tomado pela fúria, tomando uma espada para matá-la; a jovem
fugiu de seu pai, que partiu em sua perseguição; quando Santa Bárbara chegou a
uma colina, nele se abriu uma caverna para escondê-la em seu interior. Após uma
busca longa e sem resultados por sua filha, Dióscoro viu dois pastores em uma
colina. Um deles lhe mostrou a caverna onde a Santa havia se escondido – quando
a encontrou, Dióscoro lhe deu uma surra terrível, para depois mantê-la em
cativeiro, em um jejum forçado.
Vendo
que não conseguia vencer a fé de Santa Bárbara, ele a levou para Marciano, o
governador da cidade. Juntos, eles voltaram a surrá-la e chicoteá-la, salgando
suas feridas. À noite, a Santa Donzela rezou com fé ao Senhor, e Ele lhe
apareceu em pessoa, curando seus ferimentos. Ela, então, sofreu tormentos mais
cruéis ainda.
Entre
a multidão que se encontrava próximo ao local da tortura, havia uma cristã
moradora de Heliópolis, de nome Juliana, e seu coração havia se enchido de
compaixão pelo martírio voluntário da bela e ilustre donzela.
Também
desejando se sacrificar por Cristo e sua fé, e começou a denunciar os
torturadores em voz alta, sendo presa logo em seguida. Ambas a Santas Mártires
foram torturadas por muito tempo; após serem flageladas, foram levadas pelas ruas
da cidade, em meio à zombaria e escárnio da multidão.
Após
a humilhação, as fiéis seguidoras de Cristo, Santas Bárbara e Juliana foram
decapitadas. O próprio Dióscoro executou Santa Bárbara. A fúria de Deus não
tardou a punir seus torturadores e executores: logo em seguida, Dióscoro e
Marciano foram fulminados por raios e relâmpago.
No século VI, as relíquias da Santa Mártir
Bárbara foram transladados para Constantinopla. No século XII, a filha do
Imperador Bizantino Aleixo Comenes, a princesa Bárbara, após contrair
matrimônio com o príncipe russo Miguel Izyaslavich as transladou para Kiev,
capital da atual Ucrânia. Hoje suas santas relíquias descansam na Catedral de
São Valdomiro em Kiev.
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