Ambrósio, cujo nome
significa “bom odor de Deus”, era o último filho do Prefeito das Gálias, também
de nome Ambrósio, que tinha residência nas cidades de Arles, Tréveris, e Lyon.
Crê-se fortemente ter sido em Tréveris (hoje território alemão), onde Ambrósio
veio ao mundo, por volta do ano 334.
Os filhos eram Marcelina,
Sátiro e Ambrósio. Todos os três foram canonizados.
Um fato de grande simbolismo
ocorreu quando Ambrósio era ainda recém-nascido. Enquanto ele dormia no seu
berço, entrou pela janela de seu quarto um enxame de numerosas abelhas. Estas
começaram a voar sobre ele, algumas entrando e saindo de sua boca. Após uns
instantes, saíram as abelhas pelo mesmo caminho de onde vieram, e elevaram-se
tão alto, de modo a perderem-se de vista. O fato impressionou a todos,
sobretudo a seu pai, o qual viu neste episódio o sinal de um glorioso futuro
para seu filho.
Ambrósio viveu com sua
família nas Gálias até o falecimento de seu. Após isso, partiu a Roma com seu
irmão, sua irmã e sua mãe, contando o santo não mais de cinco anos.
Recebeu uma sólida formação
cultural e religiosa. Sobressaía-se notavelmente nos estudos das belas letras,
pois possuía uma inteligência pouco comum, rapidez de espírito e temperamento
alegre.
Conta-se que Ambrósio,
acostumado a ver sua mãe e irmã beijarem as mãos de personalidades
eclesiásticas, de modo jocoso, “apresentou, um dia, a mão à sua irmã para que
ela lha beijasse, dizendo que um dia ele se tornaria bispo”.
Ambrósio cresceu em meio às
altas personalidades romanas, numa época em que a Igreja gozava já de liberdade
de culto.
Seus estudos e formação lhe
outorgaram a simpatia do prefeito do Pretório romano, e este o nomeou
governador da Emilia e da Ligúria, que compreendiam vastíssima região, tendo
por metrópole a Milão. “O Imperador Valentiniano confirmou esta eleição,
acrescentando a dignidade de cônsul.”
Quando estava partindo a
Milão para tomar posse do cargo, Probo disse-lhe: “Vá, e atue não como juiz,
mas como Bispo”. Isto queria significar que deveria governar com caridade e
afabilidade. Em pouquíssimo tempo Ambrósio ganhou a simpatia e as graças do
povo.
“Precisamente ali, se dava
com ardor a luta entre ortodoxos e arianos, sobretudo, depois da morte do bispo
ariano Augêncio.”
Tendo falecido o Bispo
ariano Augêncio que ocupava a Sede de Milão, em 374, puseram-se os católicos e
arianos a disputar quem ocuparia seu lugar. Era uma grande disputa, ameaçando
uma guerra. Santo Ambrósio, como governador, decidiu ir ao encontro de ambos os
lados, a fim de acalmar a situação. Interpondo-se, falou com tanta sabedoria e
discernimento que em pouco tempo o apaziguamento dos ânimos fez-se sentir.
De repente, uma voz de
criança exclamou em meio à multidão: “Ambrósio bispo! Ambrósio bispo!” E àquela
voz inocente juntaram-se a de todos, que reconheceram a ação do Espírito Santo,
naquela singela opinião: “Ambrósio será nosso bispo!”
Vale a pena notar que
Ambrósio falou com tal firmeza, unindo sua característica bondade, que até
mesmo os arianos se dispuseram a elegê-lo.
Apesar de o santo alegar sua
‘indignidade’, não houve razão que pudesse fazer os presentes desistirem de
seus projetos. Por fim, percebendo que nada mais podia, Ambrósio aceitou o
cargo que ele tanto temia.
Entretanto, o cônsul de
Milão era apenas catecúmeno. Tendo sido enviada uma rápida emissiva ao
Imperador, que se encontrava não muito distante, este se alegrou sobremaneira,
ao ver que aquele enviado por ele como governador, era aclamado bispo.
Santo Ambrósio foi
batizado no dia 30 de novembro de 374, recebeu as ordens sagradas nos dias
subsequentes e, finalmente, ordenado bispo no dia 7 de dezembro. No período de apenas uma semana foram-lhe conferidos
os sacramentos devidos.
Após sua ordenação, sendo visitado por sua irmã
Marcelina, Ambrósio estendeu-lhe a mão esboçando um leve sorriso, e dizendo:
“não lhe dizia que um dia oscularias a mão do sacerdote?”
“Como bispo, seu caráter
firme, mas amável, se detecta, sobretudo, em sua ampla correspondência. Faz
transluzir sua energia de homem de ação, una firmeza moral matizada por sua
amabilidade natural, bondade real e piedade ardente.”
Logo que ascendeu ao episcopado, fez três propósitos que
os manteve até o fim de sua vida:
1 - não passar um só dia
sem celebrar o Santo Sacrifício;
2 - pregar o Santo
Evangelho todos os domingos;
3 - não omitir nada que
pudesse contribuir ao florescimento da Santa Igreja e à destruição da heresia.
No ano de 375 morreu
Valentiniano que tanto ajudara o santo. Seus filhos Graciano, de dezessete
anos, e Valentiniano de quatro, tiveram o apoio e o cuidado de Santo Ambrósio,
que os tratou como verdadeiros filhos.
Contudo, Justina a mãe dos
jovens imperadores era ariana, e querendo a todo custo que os hereges tivessem
direito a reunir-se em uma igreja, por ocasião da Páscoa, mandou em nome do
imperador Graciano, seu filho, que a reunião se desse na Basílica Porciana.
Os arianos cercaram o templo
onde Santo Ambrósio estava a terminar a Santa Celebração. Manteve-se firme o
prelado, não lhes abriu as portas, forçado a manter-se preso juntamente com o
povo, durante alguns dias. Até a questão se resolver, aproveitou o tempo para
catequizar os que ali se encontravam por meio de cânticos sacros. Compunha-os
na hora, e o povo memorizava aquelas palavras imbuídas de profunda teologia e
piedade. Muitos desses hinos são rezados e cantados no ofício divino até hoje.
Numa dessas ocasiões, em
que estava reunido com a turba fidelium no templo, a Providência dignou-se revelar-lhe onde
estavam enterrados os corpos de São Gervásio e Protásio.
No ano de 384, Justina furiosa
contra o catolicismo, declarou uma perseguição contra a Igreja, ameaçando a
expulsão dos cargos os bispos que não aceitassem determinações a favor dos
arianos. Santo Ambrósio respondeu que em causa de fé, nunca os imperadores têm
potestade para julgar os bispos.
Já nessa época, estava em
Milão um jovem africano chamado Aurélio Agostinho. Encantado com a oratória de
Santo Ambrósio, comparecia à igreja para escutá-lo: “Não me esforçava por
aprender o que o Bispo dizia, mas só reparava no modo como ele falava.” Assim Agostinho acabou por
converter-se. Há tempo procurava a verdade, mas como se decepcionara com o
Maniqueísmo, heresia à qual havia se aficionado, tentava encontrar alguém que
lhe explicasse suas inúmeras dúvidas. E Santo Ambrósio foi o homem escolhido
por Deus, para converter aquele que seria um dos maiores luminares da Igreja: Santo
Agostinho, a “águia de Hipona”.
Santo Ambrósio teve um papel
preponderante, quando Graciano mandou derrubar a estátua da deusa Vitória,
símbolo do paganismo romano.
No mês de fevereiro de 397,
o santo prelado caiu enfermo. Alguns dias antes de sua morte apareceu-lhe o
próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, consolando-o.
Por
fim, numa sexta-feira santa, 3 de Abril de 397, em meio às fadigas da doença,
Santo Ambrósio permaneceu em profunda oração, até que à meia-noite, Sábado
Santo, entregou sua alma a Deus.
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