terça-feira, 20 de setembro de 2016

São José Maria de Yermo y Parres

"E o seu mandamento é este: que tenhamos fé no nome do seu Filho Jesus Cristo e nos amemos uns aos outros, como Ele nos mandou" (1 Jo 3, 23). O mandato mais importante que Jesus deu aos seus é de se amarem fraternalmente, como Ele os amou (Jo 15, 12). Esse mandamento possui um dúplice aspecto: acreditarmos na pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus, confessando-O em todos os momentos e amar-nos uns aos outros, porque Cristo mesmo no-lo mandou. Este mandamento é tão fundamental para a vida do fiel, a ponto de se transformar no pressuposto necessário para que tenha lugar a morada divina. A fé, a esperança e o amor levam a receber Deus existencialmente, como caminho certo rumo à santidade.
Pode-se dizer que este foi o caminho empreendido por José Maria de Yermo y Parres, que viveu a sua total entrega presbiteral a Cristo, aderindo-lhe com todas as suas forças e, ao mesmo tempo, destacando-se por uma atitude primariamente orante e contemplativa. No Coração de Cristo, encontrou a guia para a sua espiritualidade e, considerando o seu amor infinito pelos homens, quis imitá-lo fazendo da caridade a regra da sua vida.
O novo Santo fundou as Religiosas Servas do Sagrado Coração de Jesus e dos Pobres, denominação que condensa os seus dois grandes amores, que expressam na Igreja o espírito e o carisma do novo Santo. Queridas Filhas de São José de Yermo y Parres, vivei com generosidade a rica herança do vosso fundador, a começar pela comunhão fraterna na comunidade, prolongando-a depois no amor misericordioso pelos irmãos, com humildade, simplicidade, eficácia e, sobretudo, em perfeita comunhão com Deus.
Papa João Paulo II – Homilia de Canonização - 21 de maio de 2000

José Maria de Yermo y Parres nasceu em Jalmolonga, no Estado de México a 10 de Novembro de 1851. Após cinquenta dias do seu nascimento morreu-lhe a mãe e ele passou a ser educado pelo pai, advogado, com a ajuda de uma tia.

Em 1879 foi ordenado sacerdote da Diocese de Leão:  dedicou-se à pregação, ao ensino do catecismo e, durante um certo tempo, ao serviço da Cúria diocesana. Depois de uma grave enfermidade pulmonar. O novo bispo confiou-lhe duas pequenas igrejas nos arredores da cidade: El Calvario e Santo Niño. Esta nomeação foi um duro golpe para a vida do jovem sacerdote. Isso o fez vacilar. Mas mesmo que se sentisse magoado em seu orgulho, ele decidiu seguir a Cristo no Calvário. 
Ali, um dia, enquanto ia à igreja do Calvário, ele de repente se viu diante de uma cena terrível: alguns porcos devoravam dois recém-nascidos. Abalado por essa visão hedionda, sentiu-se desafiado por Deus e, em seu ardente coração de amor, criou o fundamento de um lar para os abandonados e necessitados. 
Com a finalidade de os atender, criou uma casa de beneficência e a Congregação das Servas do Sagrado Coração de Jesus e dos Pobres que, sob a guia sábia e solícita do fundador, se desenvolveu rapidamente em diversas localidades do México.

Em poucos anos o Beato conseguiu transformar a pequena igreja do Calvário num centro de Adoração eucarística e de caridade cristã. Tendo sido transferido para Puebla de los Angeles, o Padre José Maria continuou o apostolado das obras de misericórdia, cuidou da consolidação do Instituto religioso que havia fundado e devia ser uma obra de recuperação de mulheres em dificuldade. Apesar da debilidade da sua saúde, tornou-se sempre disponível a qualquer forma de serviço pastoral e seguiu com particular  solicitude  a  formação  permanente  do clero.

A vida e o apostolado do Beato foram sempre acompanhados de muitas dificuldades e tribulações que consolidaram as suas virtudes. Morreu no dia 20 de Setembro de 1904, com a idade de 52 anos, e foi elevado às honras dos altares como Beatos por João Paulo II a 6 de Maio de 1990.

São José Maria de Yermo y Parres, proveniente do clero de Puebla de los Angeles, levou uma existência repleta de oração e sacrifício, de ardente confiança na divina Providência e de heroísmo na caridade. A sua vida é um convite aos cristãos a seguirem Cristo, mediante o amor ao próximo no esquecimento de si mesmo e, quando for necessário, aceitando a cruz. Ao mundo actual, tão necessitado de fraternidade e solidariedade, o novo Santo ensina a estabelecer novas relações, nas quais o serviço generoso, criativo, concreto e dinâmico seja capaz de favorecer um clima novo de fraternidade de todos em Cristo.
Para prosseguir na sua obra, o seu espírito eminentemente sacerdotal promoveu a fundação das Servas do Sagrado Coração de Jesus e dos Pobres, às quais deixou o testemunho de uma entrega única à causa de Cristo e dos pobres. Vós, queridas religiosas, filhas de São José Maria de Yermo, mantende sempre vivos os seus traços evangélicos de humildade e simplicidade no serviço do amor misericordioso ao irmão necessitado, atendendo-os com os mesmos sentimentos do divino Coração. Isto ajudar-vos-á a manter vivo o sentido eclesial e missionário do vosso carisma e a reta orientação no apostolado social e espiritual em favor dos pobres.

Papa João Paulo II - 22 de maio de 2000

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