"E o seu mandamento é este: que tenhamos
fé no nome do seu Filho Jesus Cristo e nos amemos uns aos outros, como Ele nos
mandou" (1 Jo 3,
23). O mandato mais importante que Jesus
deu aos seus é de se amarem fraternalmente, como Ele os amou (Jo 15,
12). Esse mandamento possui um dúplice aspecto: acreditarmos na pessoa de Jesus
Cristo, Filho de Deus, confessando-O em todos os momentos e amar-nos uns aos
outros, porque Cristo mesmo no-lo mandou. Este mandamento é tão fundamental
para a vida do fiel, a ponto de se transformar no pressuposto necessário para
que tenha lugar a morada divina. A fé, a esperança e o amor levam a receber
Deus existencialmente, como caminho certo rumo à santidade.
Pode-se dizer que este foi o caminho
empreendido por José Maria de Yermo y Parres, que viveu a sua total entrega
presbiteral a Cristo, aderindo-lhe com todas as suas forças e, ao mesmo tempo,
destacando-se por uma atitude primariamente orante e contemplativa. No Coração
de Cristo, encontrou a guia para a sua espiritualidade e, considerando o seu
amor infinito pelos homens, quis imitá-lo fazendo da caridade a regra da sua
vida.
O novo Santo fundou as Religiosas
Servas do Sagrado Coração de Jesus e dos Pobres, denominação que condensa os
seus dois grandes amores, que expressam na Igreja o espírito e o carisma do
novo Santo. Queridas Filhas de São José de Yermo y Parres, vivei com
generosidade a rica herança do vosso fundador, a começar pela comunhão fraterna
na comunidade, prolongando-a depois no amor misericordioso pelos irmãos, com
humildade, simplicidade, eficácia e, sobretudo, em perfeita comunhão
com Deus.
Papa João Paulo II – Homilia
de Canonização - 21 de maio de 2000
José Maria de Yermo y Parres
nasceu em Jalmolonga, no Estado de México a 10 de Novembro de 1851. Após
cinquenta dias do seu nascimento morreu-lhe a mãe e ele passou a ser educado
pelo pai, advogado, com a ajuda de uma tia.
Em 1879 foi ordenado sacerdote da
Diocese de Leão: dedicou-se à pregação, ao ensino do catecismo e, durante
um certo tempo, ao serviço da Cúria diocesana. Depois de uma grave enfermidade
pulmonar. O
novo bispo confiou-lhe duas pequenas igrejas nos arredores da cidade: El
Calvario e Santo Niño. Esta nomeação foi um duro golpe para a vida do
jovem sacerdote. Isso o fez vacilar. Mas mesmo que se sentisse
magoado em seu orgulho, ele decidiu seguir a Cristo no Calvário.
Ali,
um dia, enquanto ia à igreja do Calvário, ele de repente se viu diante de uma
cena terrível: alguns porcos devoravam dois recém-nascidos. Abalado por
essa visão hedionda, sentiu-se desafiado por Deus e, em seu ardente coração de
amor, criou o fundamento de um lar para os abandonados e necessitados.
Com a finalidade de os atender,
criou uma casa de beneficência e a Congregação das Servas do Sagrado Coração de
Jesus e dos Pobres que, sob a guia sábia e solícita do fundador, se desenvolveu
rapidamente em diversas localidades do México.
Em poucos anos o Beato conseguiu
transformar a pequena igreja do Calvário num centro de Adoração eucarística e
de caridade cristã. Tendo sido transferido para Puebla de los Angeles, o Padre
José Maria continuou o apostolado das obras de misericórdia, cuidou da
consolidação do Instituto religioso que havia fundado e devia ser uma obra de
recuperação de mulheres em dificuldade. Apesar da debilidade da sua saúde, tornou-se
sempre disponível a qualquer forma de serviço pastoral e seguiu com particular
solicitude a formação permanente do clero.
A vida e o apostolado do Beato
foram sempre acompanhados de muitas dificuldades e tribulações que consolidaram
as suas virtudes. Morreu no dia 20 de Setembro de 1904, com a idade de 52 anos,
e foi elevado às honras dos altares como Beatos por João Paulo II a 6 de Maio
de 1990.
São José
Maria de Yermo y Parres, proveniente do clero de Puebla de los Angeles, levou
uma existência repleta de oração e sacrifício, de ardente confiança na divina
Providência e de heroísmo na caridade. A sua vida é um convite aos cristãos a
seguirem Cristo, mediante o amor ao próximo no esquecimento de si mesmo e,
quando for necessário, aceitando a cruz. Ao mundo actual, tão necessitado de
fraternidade e solidariedade, o novo Santo ensina a estabelecer novas relações,
nas quais o serviço generoso, criativo, concreto e dinâmico seja capaz de
favorecer um clima novo de fraternidade de todos em Cristo.
Para
prosseguir na sua obra, o seu espírito eminentemente sacerdotal promoveu a
fundação das Servas do Sagrado Coração de Jesus e dos Pobres, às
quais deixou o testemunho de uma entrega única à causa de Cristo e dos pobres.
Vós, queridas religiosas, filhas de São José Maria de Yermo, mantende sempre
vivos os seus traços evangélicos de humildade e simplicidade no serviço do amor
misericordioso ao irmão necessitado, atendendo-os com os mesmos sentimentos do
divino Coração. Isto ajudar-vos-á a manter vivo o sentido eclesial e
missionário do vosso carisma e a reta orientação no apostolado social e
espiritual em favor dos pobres.
Papa João Paulo II - 22
de maio de 2000
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