Quando
Padre Lourenço Mauricio Belvisotti se apresentou ao provincial dos capuchinhos
de Turim pedido para se tornar frade capuchinho, deixou a todos maravilhados. Era um sacerdote bem sucedido, bom orador e
pároco.
O que mais estava querendo?
O
provincial o aconselhou a permanecer padre secular, mas nada pode
convencê-lo; é então aceito entre os frades com o nome de frei Inácio de
Santhiá.
Frei
Inácio nasceu de uma família abastada em 05 de junho de 1686. Aos sete anos de
idade fica órfão de pai e a mãe o entrega a um sacerdote para que seja educado,
assim, além de receber uma sólida instrução, cresce também na piedade,
amadurecendo a sua vocação sacerdotal.
Completa os estudos teológicos e em 1790 é ordenado sacerdote. Depois de seis
anos de frutuoso ministério sacerdotal, entra para a Ordem dos Frades Menores
Capuchinhos.
Ninguém compreende a
sua decisão. Ele buscava humildade e obediência e sabia que somente entre os
capuchinhos podia viver estas virtudes, nas quais se tornará um modelo durante
os 54 anos de se seguirão.
Depois do noviciado passou por vários conventos, onde sua presença é sempre
apreciada e seu exemplo edifica a todos, confrades e povo; sua serenidade e
disponibilidade para qualquer serviço serão lembrados por muito tempo.
Durante
quatro anos, no convento do Monte, em Turim, se torna modelo de oração e
dedicação às confissões dos numerosos penitentes, para os quais manifesta a
bondade e misericórdia de Deus e sempre os recebe com imensa caridade. É
chamado para ser mestre dos noviços, tarefa que executará por quatorze anos,
tendo como meta fazer dos jovens a ele confiados, verdadeiros amantes de Deus;
instruía mais com o exemplo que com ensinamentos, sendo sempre disponível para
uma conversa em particular a qualquer hora.
Frei Inácio recebe uma carta de um frei
missionário, em ex-noviço seu, tinha perdido a visão, recomendando-se às suas
orações; Frei Inácio ora então a Deus e faz a oferta de sua própria visão se
for de seu agrado. Deus escuta a sua oração e eis que o missionário recupera a
vista, ao passo que o nosso santo vai perdendo a sua.
Assim, impossibilitado de continuar no oficio de mestre, é chamado novamente ao
Monte de Turim, onde exerce a função de capelão, servido incansavelmente aos
feridos com carinho.
De volta ao convento, se dedica à
pregação, às confissões, visita aos
doentes, mas também continua a ser um contemplativo: caminhando pelas ruas da
cidade, rezava o terço e entrava nas várias igrejas que encontrava. No
convento, nas horas livres, retirava-se num cantinho da igreja e lá dialogava
com o seu Senhor.
Quando já muito enfermo, o seu maior presente era quando o levavam à
capela, onde ficava várias horas. Esta profunda união com Deus era o segredo
para estar sempre tranquilo e sereno.
Tinha passado para a Ordem Capuchinha
buscando a obediência, durante toda a sua vida procurou viver essa virtude, até
o ultimo instante: somente quando o superior do convento pronunciou as palavras
do ritual: “Parte, ó alma cristã, deste mundo...”, frei Inácio expirou,
deixando fama de santidade.
O Papa Paulo VI o beatificou dia 17 de Abril de 1966, e o papa João Paulo
II o declarou santo:
“Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
perdoados" (Jo 20, 22-23). Com estas palavras o Ressuscitado transmite aos Apóstolos o
dom do Espírito e com ele, o poder divino de perdoar os pecados. A missão de
perdoar as culpas e de acompanhar os homens pelos caminhos da perfeição
evangélica foi vivida, de modo particular, pelo sacerdote capuchinho Inácio
de Santhiá, que por amor de Cristo e para progredir mais rapidamente na
perfeição evangélica se encaminhou seguindo as pegadas do Pobrezinho de Assis.
Inácio de Santhiá foi pai, confessor, conselheiro e
mestre de muitos sacerdotes, religiosos e leigos que no Piemonte do seu tempo
recorriam à sua orientação sábia e iluminada. Ele continua ainda hoje a
recordar todos os valores da pobreza, da simplicidade e da autenticidade de
vida.”
Homilia de Canonização – 19 de maio de 2002
Papa João Paulo II
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