O Evangelho de hoje constitui a parte final e
culminante do discurso feito por Jesus na sinagoga de Cafarnaúm após ter dado
de comer, no dia precedente, a milhares de pessoas com apenas cinco pães e dois
peixes. Jesus revela o sentido daquele milagre, ou seja, que o tempo das
promessas se completou: Deus Pai, que com o maná tinha saciado os israelitas no
deserto, agora enviou o seu Filho, como verdadeiro Pão de vida, e este pão é a
sua carne, a sua vida, oferecida em sacrifício por nós.
Portanto, trata-se de o acolher com fé, sem se
escandalizar com a sua humanidade; e trata-se de “comer a sua carne e beber o
seu sangue”, para ter em si mesmo a plenitude da vida. É evidente que este
discurso não é feito para atrair consensos.
Jesus sabe-o, e pronuncia-o intencionalmente; e
com efeito tratava-se de um momento crítico, uma reviravolta na sua missão
pública. Com efeito, explicando a imagem do pão, Ele afirma que foi enviado
para oferecer a sua própria vida, e quem quiser segui-lo deve unir-se a Ele de
modo pessoal e profundo, participando no seu sacrifício de amor.
Por isso, na última Ceia Jesus instituirá o
Sacramento da Eucaristia: a fim de que os seus discípulos possam ter em si
mesmos a sua caridade — isto é decisivo — e, como um único corpo unido a Ele,
prolongar no mundo o seu mistério de salvação.
Deixemos também
nós arrebatar novamente pelas palavras de Cristo: Ele, grão de trigo lançado
nos sulcos da história, primícias da humanidade nova, livre da corrupção do
pecado e da morte. E voltemos a descobrir a beleza do Sacramento da Eucaristia,
que expressa toda a humildade e a santidade de Deus: o fato de se ter feito
pequenino, Deus faz-se pequenino, fragmento do universo para reconciliar todos
no seu amor. A Virgem Maria, que ofereceu ao mundo o Pão da vida, nos ensine a
viver sempre em profunda união com Ele.
Papa Bento XVI – 19 de
agosto de 2012
Hoje celebramos:
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