No trecho evangélico de hoje, reapresenta-se a
pergunta que atravessa todo o Evangelho de Marcos: quem é Jesus? Mas
desta vez é o próprio Jesus que a faz aos discípulos, ajudando-os gradualmente
a enfrentar a questão da identidade. Antes de interpelar diretamente os Doze,
Jesus quer ouvir deles o que pensam as pessoas sobre Ele — e sabe bem que os
discípulos são muito sensíveis à popularidade do Mestre! Portanto, pergunta: Quem
dizem os homens que eu sou?
Sobressai que Jesus é considerado pelo povo um
grande profeta. Mas, na realidade, não lhe interessam as sondagens e as
bisbilhotices do povo. Ele não aceita sequer que os seus discípulos respondam
às suas perguntas com fórmulas já preparadas, citando personagens famosos da
Sagrada Escritura, porque uma fé que se reduz às fórmulas é uma fé míope.
O Senhor quer que os seus discípulos de ontem e
de hoje estabeleçam com Ele uma relação pessoal, e assim o acolham no centro da
sua vida. Por esta razão, incentiva-os a colocar-se em toda a verdade diante de
si mesmos, e pergunta: E vós, quem dizeis que eu sou?
Jesus, hoje, faz este pedido tão direto e confidencial
a cada um de nós: “Tu, quem dizes que eu sou? Vós, quem dizeis que eu sou?
Quem sou eu para ti?” Cada um é chamado a responder, no próprio coração,
deixando-se iluminar pela luz que o Pai nos dá a fim de conhecer o seu Filho
Jesus. E pode acontecer também que nós, assim como Pedro, afirmemos com
entusiasmo: Tu és o Cristo. Contudo, quando Jesus nos comunica
claramente o que disse aos discípulos, ou seja, que a sua missão se cumpre não
no amplo caminho do sucesso, mas na senda árdua do Servo sofredor, humilhado,
rejeitado e crucificado, então pode acontecer também a nós como a Pedro,
protestar e rebelar-nos porque isto contrasta com as nossas expectativas, com
as expectativas mundanas. Nestes momentos, também nós merecemos a repreensão
saudável de Jesus: Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não
são os de Deus, mas os dos homens.
Irmãos e irmãs, a profissão de fé em Jesus
Cristo não pode limitar-se às palavras, mas exige ser autenticada com escolhas
e gestos concretos, com uma vida caraterizada pelo amor de Deus, com uma vida
grande, com uma vida cheia de amor pelo próximo.
Papa Francisco – 16 de
setembro de 2018
Hoje celebramos:
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