As Escrituras convidam-nos a crer: Felizes os
que acreditam sem terem visto, mas Deus – mais íntimo a mim mesmo de quanto o
seja eu próprio tem o poder de chegar até nós nomeadamente através dos sentidos
interiores, de modo que a alma recebe o toque suave de algo real que está para
além do sensível, tornando-a capaz de alcançar o não-sensível, o não-visível
aos sentidos. Para isso exige-se uma vigilância interior do coração que, na
maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte pressão das realidades
externas e das imagens e preocupações que enchem alma. Sim! Deus pode
alcançar-nos, oferecendo-Se à nossa visão interior.
Mais ainda, a Luz que provém do futuro de Deus,
é a mesma que se manifestou na plenitude dos tempos e veio para todos: o Filho
de Deus feito homem. Que Ele tem poder para incendiar os corações mais frios e
tristes, vemo-lo nos discípulos de Emaús. Por isso a nossa esperança tem
fundamento real, apoia-se num acontecimento que se coloca na história e ao
mesmo tempo excede-a: é Jesus de Nazaré. E o entusiasmo que a sua sabedoria e
poder salvífico suscitavam nas pessoas de então era tal que uma mulher do meio
da multidão – como ouvimos no Evangelho – exclama: Feliz Aquela que Te
trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito.
Contudo Jesus observou: Mais felizes são os
que ouvem a palavra de Deus e a põe em prática.
Mas quem tem tempo para escutar a sua palavra e
deixar-se fascinar pelo seu amor? Quem vela, na noite da dúvida e da incerteza,
com o coração acordado em oração? Quem espera a aurora do dia novo, tendo acesa
a chama da fé? A fé em Deus abre ao homem o horizonte de uma esperança certa
que não desilude; indica um sólido fundamento sobre o qual apoiar, sem medo, a
própria vida; pede o abandono, cheio de confiança, nas mãos do Amor que
sustenta o mundo.
Papa Bento XVI – 13 de maio de 2010
Hoje celebramos:
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