A
ressureição dos mortos e a vida eterna deveriam ser mencionadas todos os
domingos, na missa, porque se trata do núcleo essencial da fé cristã, ligado
diretamente a fé de Jesus Cristo morto e ressuscitado. Mesmo assim, é uma
reflexão que não encontra o espaço e a atenção que merece, temos a impressão
que seja um tema intencionalmente esquecido e ignorado porque é aparentemente
distante, estranho à vida quotidiana e à sensibilidade contemporânea.
É
uma realidade que não surpreende, já que um dos fenômenos que marca a cultura
atual é justamente o fechamento dos horizontes transcendentes, o se fechar em
si mesmo, o apego quase exclusivo ao presente, esquecendo ou censurando as
dimensões do passado e, sobretudo, do futuro, sentido, especialmente pelos
jovens, como obscuro e cheio de incertezas. O futuro além da morte aparece,
nesse contexto, inevitavelmente ainda mais distante, indecifrável ou
completamente inexistente.
Mas
a pouca atenção ao tema da eternidade, esperança cristã que anuncia a ressureição
e vida eterna em Deus e com Deus, pode depender também de outros fatores como,
por exemplo, da linguagem tradicional usada na catequese. O anúncio da verdade
da fé, pode aparecer quase incompreensível e até transmitir uma imagem pouco
positiva e ‘atraente’ da Vida eterna.
O
Padre grego Gregório de Nissa oferecia uma visão diversa da eternidade, concebida
como uma condição existencial que não é estática, mas dinâmica e vivaz. O
desejo humano de vida e felicidade, intimamente ligado àquele de ver e conhecer
Deus, cresce continuamente sem nunca encontrar o fim. A experiência de
encontrar com Deus, transcende qualquer conquista humana e constitui uma meta
infinita e sempre nova.
São
Tomás de Aquino afirmava que na vida eterna acontece a união do homem com Deus,
numa ‘perfeita visão’ d’Ele”. Esse tipo de reflexão, deveria nos encorajar a
repropor “apaixonadamente” e com linguagem adequada ao dia a dia e com
profundidade, “o coração da nossa fé, a esperança que nos anima e que dá força
ao testemunho cristão no mundo: a beleza da Eternidade”.
Papa
Francisco – 04 de dezembro de 2018
Hoje celebramos:
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