“Agradou a Deus que
residisse n'Ele toda a plenitude" (Cl 1,
19). Desta plenitude foi tornado participante São José Marello, como
sacerdote do clero de Asti e como Bispo da diocese de Acqui. Plenitude de
graça, fomentada nele pela forte devoção a Maria santíssima; plenitude do
sacerdócio, que Deus lhe conferiu como dom e empenho; plenitude de santidade,
que lhe adveio ao conformar-se com Cristo, Bom Pastor. Dom Marello formou-se no
período áureo da santidade do Piemonte, quando, entre numerosas formas de
hostilidade contra a Igreja e a fé católica, floresceram exemplos do espírito e
da caridade, como Cottolengo, Cafasso, Dom Bosco, Murialdo e Allamano.
Jovem bom e
inteligente, apaixonado pela cultura e pelo empenho civil, o nosso Santo
encontrou só em Cristo a síntese de qualquer ideal e a Ele se consagrou no
Sacerdócio. "Ocupar-me dos
interesses de Jesus" foi o mote da sua vida, e por isso se refletiu
totalmente em São José, o esposo de Maria, o "guarda do Redentor". De
São José atraiu-o fortemente o serviço escondido, alimentado por uma profunda
espiritualidade. Ele soube transmitir este estilo aos Oblatos de São José, a
Congregação por ele fundada. Gostava de lhes repetir: "Sede extraordinários nas coisas ordinárias" e acrescentava:
"Sede cartuxos em casa e apóstolos
fora de casa". Da sua forte personalidade, o Senhor quis servir-se
para a sua Igreja, chamando-o ao Episcopado da Diocese de Acqui, onde, em
poucos anos, gastou pela grei todas as suas energias, deixando uma marca que o
tempo não cancelou.
Papa
João Paulo II – Homilia de Canonização – 25 de novembro de 2001
José Marello nasceu
em 26 de dezembro de 1844, em Turim, Itália. Seus pais, Vincenzo e Ana Maria,
eram da cidade de São Martino Alfieri. Quando sua mãe morreu, ele tinha quatro
anos de idade e um irmão chamado Vitório. Seu pai, então, deixou seu comércio
em Turim e retornou para sua cidade natal, onde os filhos receberiam melhor
educação e carinho, com a ajuda dos avós.
Aos onze anos, com o estudo básico concluído, quis estudar no seminário de Asti. O pai não aprovou, mas consentiu. José o frequentou até o final da adolescência, quando sofreu uma séria crise de identidade e decidiu abandonar tudo para estudar matemática em Turim. Mas, em 1863, foi contaminado pelo tifo, ficando entre a vida e a morte. Quase desenganado, certo dia acordou pensando ter sonhado com Nossa Senhora da Consolação, que lhe dizia para retornar ao seminário. Depois disso, sarou e voltou aos estudos no seminário de Asti, do qual saiu em 1868, ordenado sacerdote e nomeado secretário do bispo daquela diocese.
José e o bispo participaram do Concílio Vaticano I, entre 1869 e 1870. Posteriormente, acompanhou o bispo por toda a arquidiocese astiniana. Com uma rotina incansável, ele atendia todos os problemas da paróquia, da comunidade e das famílias. Muitas vezes, pensou em tornar-se um monge contemplativo, entretanto sua forte vocação para as necessidades sociais o fez seguir o exemplo do carisma dos fundadores, mais tarde chamados de "santos sociais", do Piemonte.
Corajosamente, assumiu a responsabilidade dos problemas reais da época, sem se preocupar com o Estado, que fechava conventos, seminários e confiscava os bens da Igreja, sempre convicto de que os mandamentos não lhe poderiam ser confiscados por ninguém. Muito precisava ser feito, pois cresciam a miséria, o abandono, as doenças, a ignorância religiosa e a cultural. Mas, José também tinha de pensar nas outras pequenas paróquias da diocese, em condições precárias, e ainda, não podia deixar de estimular os padres, de cuidar da formação religiosa das crianças e jovens e de socorrer e amparar os velhos. Por isso decidiu criar uma "associação religiosa apostólica", em 1878, em Asti.
O início foi muito difícil, contando apenas com quatro jovens leigos. Mas a partir deles fundou, depois, a Congregação dos Oblatos de São José, integrada por sacerdotes e irmãos leigos, chamados a servir em todos os continentes. Os padres Josefinos pregam, confessam, educam, fundam escolas, orfanatos, asilos, constroem igrejas e seminários.
Dedicando-se igualmente aos jovens, velhos, doentes, por isso seu fundador os chamou de "oblatos", ou seja, "oferecidos" a servir em todas as circunstâncias.
Em 1888, o papa Leão XIII consagrou José Marello bispo de Acqui. Porém, já com o físico muito enfraquecido pelo ritmo do serviço que nunca conheceu descanso ou horário, quando foi para a cidade de Savona, acompanhar a festa de São Filipe Néri, passou mal e morreu, aos cinqüenta e um anos de idade, no dia 30 de maio de 1895.
Rezemos uns pelos outros para nos
fortalecermos em suportar de maneira cristã o peso das fraquezas humanas e
lembremo-nos de que é no Céu, e não aqui na terra, que temos a nossa herança.
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