Os Santos são homens e mulheres que se
entranham profundamente no mistério da oração. Homens e mulheres que lutam mediante a oração,
deixando rezar e lutar neles o Espírito Santo; lutam até ao fim, com todas as suas forças; e vencem, mas não
sozinhos: o Senhor vence neles e com eles. Também estas sete testemunhas, que
hoje foram canonizadas, travaram o bom combate da fé e do amor através da
oração. Por isso permaneceram firmes na fé, com o coração generoso e fiel. Que Deus nos conceda também a nós, pelo exemplo
e intercessão delas, ser homens e mulheres de oração; gritar a Deus dia e
noite, sem nos cansarmos; deixar que o Espírito Santo reze em nós, e orar
apoiando-nos mutuamente para permanecermos com os braços erguidos, até que
vença a Misericórdia Divina.
Papa Francisco – trecho da homilia de canonização – 16 de
outubro de 2016
Ludovico Pavoni nasceu no
dia 11 de setembro de 1784, na cidade de Brescia – Itália.
Naqueles anos de fome e de guerras, quando a
miséria, as doenças e as armas se tornaram aliadas importantes para exterminar
os pobres, Ludovico Pavoni teve uma intuição genial e profética, "educar,
abrigar e instruir" os jovens pobres, abandonados ou desertores que eram,
de fato, numerosos na Itália de 1800, tanto nas cidades como no campo.
Não só para evitar que se tornassem delinquentes,
o que mais temia a elite pensante daquele tempo, e com certeza não só daquela
época, mas para que eles tivessem a oportunidade de viver uma vida digna, do ponto
de vista cristão e humano.
Ordenado padre em 1807, Ludovico Pavoni se dedicou
desde o início à educação dos jovens e criou o "seu" orfanato para
abrigar os adolescentes e jovens necessitados. Já como secretário do bispo de
Bréscia, conseguiu, para aqueles jovens, fundar o primeiro "Colégio de
Artífices" e, depois, em 1821, a primeira escola gráfica da Itália, o Pio
Instituto de São Barnabé.
Tipografia e Evangelho eram seus instrumentos
preciosos: a receita natural era a mais simples possível, como dizia ele:
"Basta colocar dentro da impressora jovens motivados, que os volumes de
'boa doutrina cristã' estarão garantidos".
Analogia de fato simples e
correta mesmo para os nossos dias. Em 1838, nasceu a escola para surdos-mudos,
sendo inútil acrescentar o quanto essa também estava na vanguarda daqueles
tempos. Em 1847, a Congregação Religiosa dos Filhos de Maria Imaculada,
abrigando religiosos e leigos juntos, hoje conhecidos como "os
pavonianos".
Pela discrição pode ainda parecer fácil, mas para
colocar em prática todo esse projeto, o vulcânico padre bresciano empregou tudo
de si, do bom e do melhor, chocando-se com as autoridades civis e com as
eclesiásticas. Sair recolhendo os jovens pobres e abandonados pelas ruas era
algo que batia de frente com rígidos costumes sociais e morais da época. Por
mais de uma década, Pavoni se debateu entre cartas, pedidos, súplicas e
solicitações, tanto assim que foi definido "mártir da burocracia",
mas, do dilúvio, saiu vencedor.
Padre Ludovico Pavoni faleceu no dia 1o de abril
de 1849, durante a última das dez jornadas brescianas, de uma pneumonia
contraída durante uma fuga desesperada, organizada na tentativa de proteger os
"seus" jovens das bombas austríacas, quando ganhou, finalmente, o
merecido abraço do Pai Eterno. De resto, ele sempre dizia: "O repouso será
no Paraíso".
Apesar da distância dos anos, hoje os pavonianos
continuam a "educar, abrigar e instruir" os jovens desses grupos, mas
também todos os que simplesmente procuram um trabalho e um lugar na vida,
providenciando a instrução escolar básica e colaborando com as igrejas locais
nas pastorais dos jovens. São incansáveis em suas atividades, porque os traços
cunhados pelo padre Ludovico estão ainda frescos, o exemplo do fundador está
inteiramente vivo, latente e atual.
Hoje, outros levam avante sua obra, nos quatro
cantos do mundo, os pavonianos administram tudo o que possa estar relacionado à
formação desses jovens: comunidades religiosas, escolas, institutos de formação
profissional, centros de recuperação de dependentes químicos, asilos de idosos,
pensionatos, orfanatos, creches, paróquias, cooperativas, centros de juventude,
livrarias e a editora Âncora, na Itália. Além disso, alfabetizam os deficientes
surdos-mudos e formam pequenos artífices nas artes gráficas, esses que eram os
diletos de Ludovico Pavoni.
“Cuidarão das crianças como
da menina dos olhos.” Padre Ludovico Pavoni
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