O Papa Francisco aprovou no dia 23 de
março de 2017 o milagre que permite proceder a canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto, videntes de Fátima. A
data da canonização será anunciada em breve.
“Ao
beato Francisco, o que mais o impressionava e absorvia era Deus naquela luz
imensa que penetrara no íntimo dos três (…) Na sua vida, dá-se uma
transformação que poderíamos chamar radical, uma transformação certamente não
comum em crianças da sua idade (…) Suportou os grandes sofrimentos da doença
que o levou à morte, sem nunca se lamentar. Tudo lhe parecia pouco para
consolar Jesus”
Papa
João Paulo II, 13 de maio de 2000
O
beato Francisco Marto nasceu em 11 de junho de 1908 e foi batizado nove dias
depois, na pequena Fátima, em Portugal. Parecido com os demais meninos da sua
terra, tanto nas atividades de criança quanto no jeito de se vestir, ele
guardava na alma, porém, virtudes especialmente notáveis: muita humildade,
paciência e doçura. Desde bem cedo já ajudava a cuidar dos rebanhos do pai, e,
todo dia, rumava para os campos com a irmãzinha Jacinta, dois anos mais nova, e
a prima Lúcia, mais velha que ambos. Nas brincadeiras da infância, o pequeno
tocava o pífaro, um tipo simples de flauta, e as duas meninas dançavam.
Ensinados pelos pais, eles sempre dedicavam tempo à oração do terço – ainda que
às pressas, como crianças que eram!
Em
1916, quando Francisco tinha 8 anos, apareceu às três crianças um jovem Anjo “que
o sol tornava transparente como se fosse de cristal”, segundo o
relato, anos depois, da irmã Lúcia. O Anjo apareceu três vezes para os três
pastorzinhos ao longo daquele ano. Por ocasião da segunda aparição, o Anjo lhes
disse, enquanto brincavam:
“Que fazeis? Orai, orai muito. Os
Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei,
constantemente, ao Altíssimo orações e sacrifícios”.
Na última
aparição, o Anjo lhes deu a Primeira Comunhão:
“Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de
Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus
crimes e consolai o vosso Deus”.
Tal pedido se
gravou para sempre na alma pura do pequeno Francisco, que se preocupava com
grande sinceridade em consolar o Coração de Jesus na terra e no Céu.
Entre
os dias 13 de maio e 13 de outubro de 1917, Nossa Senhora apareceu aos três
pastorzinhos na hoje tão conhecida Cova da Iria, em Fátima, e lhes pediu, em
todas as aparições, que rezassem o terço diariamente. Francisco, em especial,
tinha que rezar muitos terços a fim de ir para o Céu. Nossa Senhora também lhes
perguntou se podiam oferecer sacrifícios em reparação dos pecados da humanidade
e pela conversão dos pecadores. Foi nessas aparições que as três crianças viram
o Imaculado Coração de Maria cravado de espinhos pelos nossos pecados, bem como
tiveram um vislumbre do inferno.
Em agosto,
Nossa Senhora lhes pediu explicitamente:
“Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios
pelos pecadores. Vão muitas almas para o inferno por não haver quem se
sacrifique e peça por elas”.
Na última
aparição, Nosso Senhor realizou o milagre já prometido por Sua Mãe meses antes.
Quando acabou de conversar com as três crianças, Nossa Senhora lhes pediu
novamente, com semblante entristecido:
“Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor,
que já está muito ofendido”.
O
pedido de Nossa Senhora para que rezemos e nos sacrifiquemos em reparação dos
pecados e pela conversão dos pecadores foi constante e claro na mensagem de
Nossa Senhora de Fátima, assim como é clara e maravilhosa a promessa da
vitória: Maria declarou com firmeza que, no fim, o seu Imaculado Coração
triunfará!
Francisco era
um menininho de apenas 9 anos quando testemunhou todas essas aparições de Maria
e, dócil à Vontade de Deus, respondeu com generosidade, assim como as também
pequenas Jacinta e Lúcia: eles davam seu almoço aos pobres, enfrentavam dias
quentes sem beber água fresca, atavam uma corda apertada à cintura… Mas, acima
de tudo isso, rezavam mais, oferecendo a Deus, com alegria, uma parte do seu
tempo de brincadeiras infantis.
Como
tivesse sabido da Virgem Maria que a sua vida iria ser breve, passava os dias
na ardente expectativa de entrar no céu. E de fato tal expectativa não foi
longa.
Com
efeito, apesar de ser robusto e de gozar de boa saúde, em Outubro do ano de
1918 foi atingido pela grave epidemia bronco-pulmonar chamada «espanhola». Do
leito em que caiu não chegou a levantar-se; pelo contrário, no ano de 1919, o
seu estado de saúde agravou-se. Sofreu, com íntima alegria, a sua enfermidade e
as suas enormes dores, em oblação a Deus.
À
Lúcia que lhe perguntava se sofria, respondeu: «Bastante, mas não me importa.
Sofro para consolar Nosso Senhor e em breve irei para o céu».
No
dia 2 de abril, recebeu santamente o sacramento da Penitência e no dia seguinte
foi finalmente alimentado com o Corpo de Cristo, como Santo Viático. Ao
despedir-se dos presentes prometeu rezar por eles no céu.
Entrou
piedosamente na vida eterna, que veementemente desejara, no dia 4 de abril de
1919. Foi sepultado no cemitério de Fátima, mas depois as suas relíquias foram
transladadas para o Santuário, que fora construído onde a Virgem aparecera.
No
dia 13 de maio do ano 2000, o Papa João Paulo II esteve em Fátima, e do ‘Altar
do Mundo’ beatificou Francisco e Jacinta, os mais jovens beatos cristãos não mártires.
A sua canonização aconteceu em 13 de maio de 2017, depois que foi aprovado um milagre referente à cura de uma criança
brasileira em 2013, por sua intercessão e de sua irmã, Jacinta Marto.
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