Veja o grande amor que
o Pai nos deu, que suscita nas almas a capacidade de repetir os gestos do Bom
Pastor que dá a vida para a salvação do mundo!
Sinal do amor de
Deus, a Beata Clara Bosatta também era uma discípula do Beato Luigi Guanella, e
participante de seu carisma e dedicação aos mais necessitados, em confiança
total e firme na Divina Providência.
Clara era um dom da
Providência, recebeu uma formação piedosa na paróquia, onde foi chamada para
dedicar-se às crianças abandonadas e aos idosos em solidão. Verdadeiramente providencial
foi o seu encontro com Don Guanella, em cuja escola tornou-se disponível para a
realização dos trabalhos de assistência espiritual e material para a consumação
da sua energia. Com sua última doença, contraída no seu serviço aos sofredores,
oferece como doação e sacrifício em favor dos mais necessitados.
Em sua suavidade e
fragilidade, na simplicidade das formas e na delicadeza do trato, Clara
escondia a força indescritível de uma instituição de caridade verdadeiramente
evangélica. Portanto, "Deus a levou - como testemunha Dom Guanella, seu
diretor espiritual – pela viadas almas forte, via dura e perigosa, mas a guiou
de modo que não colocasse um pé em falso. E ela não caiu, porque se rendeu com
absoluta obediência à mão que a guiou.”
Papa João Paulo II –
Homilia de Beatificação – 21 de abril de 1991
No dia 27 de maio
de 1858, em Pianello Lario (Como, Itália), nasceu a última dos 11 filhos de
Alexandre e Rosa Mazzuchi. Deram-lhe o nome de Dina.
Aos três anos ficou
órfã de pai, um pequeno industrial da seda. A menina foi educada pela irmã mais
velha, Marcelina, e desde cedo aprendeu a arte de fiar. Mas Marcelina, jovem
piedosíssima, que sob a orientação do Beato Luís Guanella, será cofundadora do
Instituto das Filhas de Santa Maria da Providência, convenceu os irmãos a
enviá-la ao Instituto das Irmãs Canossianas de Gravedona para que continuasse
os estudos, prestando ao mesmo tempo serviços domésticos.
Ali permaneceu por
seis anos, que a marcaram profundamente. Dina admirava a vida das Irmãs,
impregnou-se de seu espírito, viveu dias de intensa piedade. Acreditava ser
chamada para a vida religiosa, conforme o programa de Santa Madalena de
Canossa, que proclamava: "Deus só!" Devido, entretanto, ao seu
caráter tímido e reservado, inclinado ao silêncio e à contemplação, mais do que
a ação, foi considerada inapta para aquele Instituto e voltou para a família.
Entrementes, em
Pianello Lario, o pároco, Padre Carlos Coppini, havia agrupado jovens numa Pia
União de Filhas de Maria, sob a proteção de Santa Úrsula e Santa Ângela Merici
(10 de julho de 1871), e Marcelina se tornara superiora da obra. Com algumas
daquelas jovens foi possível ao pároco inaugurar, em outubro de 1873, um
providencial albergue para velhos e crianças abandonadas.
Regressando a terra
natal, o pároco aconselhou Dina a ingressar no albergue. Ela o fez sem muito
entusiasmo, pois aquela piedosa casa, que ela não conhecia muito, lhe parecia
imersa em uma grande atividade com as crianças, os anciãos e na ajuda aos
necessitados da região, enquanto ela preferia uma casa toda dedicada à oração e
à contemplação. Mas, em 27 de outubro de 1878 ela emitiu a profissão religiosa,
tomando o nome de Clara.
Em julho de 1881, o
pároco faleceu, vindo substitui-lo o Beato Luís Guanella, que passou a dirigir
as religiosas de que fazia parte Clara Bosatta.
No ano escolar
1881-82 Clara completou a preparação para diplomar-se professora do curso
elementar, sem poder prestar os exames. Foram-lhe confiadas as mais variadas
tarefas, entre as quais a de Mestra de Noviças. Dedicou-se a educação das órfãs
com maternal solicitude.
O Beato Luís
Guanella se dedicou em transformar a Pia União das Ursulinas em uma congregação
com o título de Filhas de Santa Maria da Providência. Se dedicava também à
formação das religiosas e foi diretor espiritual de Irmã Clara, guiando-a na
via da contemplação mais alta, especialmente da Paixão de Cristo, e fazendo que
ela se empenhasse no serviço da caridade com os necessitados.
Irmã Clara
portou-se sempre com humildade, dedicação e abnegação até o heroísmo. Além do
intenso trabalho no albergue, ajudava na paróquia ensinando catecismo a
crianças e adolescentes, e visitava os doentes em suas casas.
Em 1885, o Padre
Lourenço Guanella, irmão do Beato Luís Guanella, pediu que as Irmãs Marcelina e
Clara, com mais uma Irmã, abrissem uma nova casa em Ardenno. Não lhes faltaram
trabalhos e sérias dificuldades. Foi uma experiência que preparou Irmã Clara
para uma nova tarefa: em maio do ano seguinte, foi-lhe confiada a direção da
Casa da Divina Providência, que se tornaria a casa-mãe da obra do Beato Luís
Guanella.
Irmã Clara
tornou-se logo o centro propulsor e amoroso daquela casa: das Irmãs, das
postulantes, dos hóspedes, dos anciãos necessitados, das jovens operárias na
cidade. De saúde delicada, ela trabalhou até ao esgotamento. No outono de 1886
adoeceu dos pulmões. Esperando que o ar da terra natal pudesse ajudá-la,
transportaram-na para Pianello, onde faleceu no dia 20 de abril de 1887.
O próprio Beato
Guanella promoveu a abertura da causa de sua beatificação. O processo
informativo foi aberto em Como no ano de 1912. Foi beatificada em 21 de abril
de 1991. Seu corpo é venerado no Santuário do Sagrado Coração de Como, ao lado
do Beato Luís Guanella.
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