São Sotero (ou Sótero)
nasceu em Fondi,  no reino de Nápoles. Seu pai era natural da Grécia
e, isto explica sua  preocupação em relação aos problemas e
necessidades da Igreja grega, durante seu pontificado. Sua personalidade
caritativa e amável, no entanto, não deixou de lado o rebanho como um todo, que
nutria grande carinho e obediência às suas determinações.  
Sua origem cristã é que
acabou determinando sua eleição na sucessão do trono pontifício em 166. Nasceu
e cresceu  dentro de uma esmerada educação católica, de forma que
tornou-se pessoa de fé e muito respeitado na Igreja de Cristo.  Assim
reconhecido,  foi escolhido  para assumir o governo da Igreja
por unanimidade.
Marco Aurélio empreendia
cruel perseguição aos cristãos. Com muita maldade,  investiu
implacavelmente contra eles, dos quais muitos foram lançados aos leões no
anfiteatro, outros despedaçados e torturados, outros enterrados
vivos.  
Sendo os seguidores de
Cristo,  causa de espetáculos promovidos pelo cruel
imperador,   São Sotero, como testemunha ocular das constantes
perseguições, empreendeu todas as suas forças no sentido de consolar e atender
aos fiéis através de diversas instruções,  contidas em suas cartas
apostólicas.  Nelas, os exortava e animava 
na  perseverarem  na fé,  sempre unidos e obedientes aos
ministros da Igreja, para que juntos pudessem sofrer com paciência e resignação
todos as investidas e consequentes tormentos que surgiam de todos os
lados. Pessoalmente empenhou-se em  visitar lugares subterrâneos
e cavernas usadas como refúgio pelos cristãos, levando sua palavra de alento e
confiança  aos fiéis perseguidos pela causa de
Cristo.    
Com muita determinação
e  coragem opôs-se publicamente à heresia de Montano,   levantada quatro anos antes do término de seu
pontificado. Montano propunha um exagerado rigor de costumes. Era uma
doutrina de medo e de pessimismo, porque o fim do mundo sempre poderia
acontecer a qualquer momento. Supondo isso, todos os cristãos deveriam viver
numa santidade irreal, renunciando ao matrimônio e buscando o sofrimento da
penitência constante, porque, segundo ele, a Igreja não tinha faculdades para
perdoar os pecados. Essa doutrina, que também era defendida por Tertuliano e,
principalmente, Novaciano, foi condenada pela Igreja na época do papa
Sotero.  Foi época em que lavrou  escritos de sabedoria tão
inspirada, que  depois de muitos anos,  foi usada pela Igreja
para combater com veemência o surgimento de  diversas outras
heresias. 
Durante o seu pontificado, a
Igreja ampliou-se bastante. Ele mesmo ordenou inúmeros diáconos, sacerdotes e
bispos; e seu pontificado foi exemplar. Disciplinou, por meio das leis canônicas,
a participação das mulheres na Igreja, que até então não tinham seu caminho
muito bem definido. 
Foi ele  também o
primeiro Papa a prescrever, canonicamente,  o caráter sacramental da
união, apesar de estar já estabelecida desde  os primórdios da Igreja.
Outra característica do papa
Sotero foi sua ardente caridade para com os necessitados. Ele desejava que se
vivesse como os primeiros cristãos, citados nos textos dos apóstolos, onde
"tudo era comum entre eles" e onde "todos eram um só coração e
uma só alma..." Papa Sotero pedia esmolas para as dioceses mais ricas,
para que fossem distribuídas entre as mais pobres e esforçava-se "por
tratar a todos com palavras e obras, como um pai trata os seus filhos".
À medida  que  iam
sendo trucidadas  as ovelhas  pela ira mortal contra os
cristãos,  percebeu o Sumo Pontífice que  o cerco se
fechava  cada vez mais e que inevitavelmente tombaria em breve também
o pastor. E assim
foi.  Pela  sua  carreira  de santidade
e  pureza, firmeza  e  empenho
resoluto,   recebeu a coroa dos mártires no dia 22 de abril de
175, sendo porém, ignorado o gênero de martírio.  
Foi  enterrado em
Roma, onde seu corpo descansou até o século IX, durante o pontificado do
Papa Sérgio II, que determinou que suas relíquias  fossem
trasladadas  para o cemitério de Calixto,  anexo à Igreja
de Equício,  junto aos restos mortais de São Silvestre e São
Martinho.  Parte de suas relíquias  foram
enviadas  para a  Igreja de Toledo e outras para Munique,
onde são profundamente veneradas e festejadas por ocasião da sua festa.

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