John Henry Newman nasceu em Londres, em 21 de fevereiro de 1801; era o mais velho de seis irmãos,
dentre eles 3 homens e 3 mulheres; morreu em Edgbaston, Birmingham, em 11 de
agosto de 1890. Seu pai foi John Newman, um banqueiro, e sua mãe Jumima
Fourdrinier.
Deixou o epitáfio
para ser colocado em seu túmulo: “A
partir das sombras e imagens para a verdade.”
O dia de hoje foi
escolhido para celebrar a sua memória por ter sido um dia de significativa importância
para a sua entrada na Igreja Católica.
Foi um sacerdote
anglicano inglês convertido ao catolicismo, posteriormente nomeado cardeal pelo
papa Leão XIII em 1879.
Estudou no Trinity
College de Oxford (1816) e no Oriel College (1822) e foi ordenado sacerdote da
Igreja Anglicana. Tornou-se mais tarde num dos líderes do “Movimento de
Oxford”. Naquela época, ele considerava o anglicanismo de seu tempo
excessivamente protestante e laicizado e considerava o catolicismo corrompido
em relação às origens do cristianismo. Buscou uma “via média” entre os dois, e,
pesquisando sobre os primórdios da Igreja Católica e do cristianismo em geral,
terminou por converter-se ao catolicismo.
Depois de sua
conversão ao catolicismo (1845), ele foi ordenado sacerdote da Igreja Católica
em Roma (1847), abriu e dirigiu em Birmingham um oratório de São Filipe Néri e
foi ainda reitor da Universidade Católica da Irlanda (1854).
Foi beatificado no
dia 19 de setembro de 2010 pelo Papa Bento XVI, alguns trechos de sua homilia:
O lema do Cardeal
Newman, Cor ad cor loquitur,
«o coração fala ao coração»,
permite-nos penetrar na sua compreensão da vida cristã como chamada à
santidade, experimentada como o intenso desejo do coração humano de entrar em
íntima comunhão com o Coração de Deus.
Ele recorda-nos
que a fidelidade à oração nos transforma
gradualmente na imagem divina. Como escreveu num dos seus lindos sermões:
«O hábito da oração, que é a prática de se dirigir
a Deus e ao mundo invisível em cada época, em todos os lugares, em qualquer
emergência, a oração, digo, possui aquilo que pode ser chamado um efeito
natural no espiritualizar e elevar a alma. Um homem já não é o que era antes;
gradualmente... interiorizou um novo sistema de ideias e tornou-se impregnado
de princípios límpidos» (Parochial and plain
sermons, IV, 230-231).
O Evangelho de
hoje diz-nos que ninguém pode ser servo de dois senhores, e o ensinamento do
Beato John Henry sobre a oração explica como o fiel cristão se colocou de modo
definitivo ao serviço do único verdadeiro Mestre, e só Ele tem o direito à
nossa devoção incondicionada.
Newman ajuda-nos a
compreender o que isto significa na nossa vida quotidiana: diz-nos que o nosso
Mestre divino atribuiu uma tarefa específica a cada um de nós, um «serviço bem definido», confiado unicamente
a cada indivíduo:
«Eu tenho a minha missão — escrevia — sou um elo
numa corrente, um vínculo de ligação entre as pessoas. Ele não me criou para
nada. Praticarei o bem, realizarei a sua obra; serei um anjo de paz, um
pregador de verdade precisamente no meu lugar... se o fizer obedecerei aos seus
mandamentos e servi-lo-ei na minha vocação» (Meditations
and devotions, 301-2).
O projeto de fundar uma universidade católica na
Irlanda proporcionou-lhe a ocasião de desenvolver as suas ideias. E na
realidade, qual meta melhor poderiam propor-se os professores de religião, do
que aquele famoso apelo do Beato John Henry para um laicado inteligente e bem
instruído: «Quero um laicado não
arrogante nem polemico, mas homens que conheçam a própria religião, que entrem
nela, que saibam bem onde se erigem, que saibam o que creem e não creem, que
conheçam de tal modo o próprio credo que dele prestem contas, que conheçam bem
a própria história para a poder defender» (The Present Position of
Catholics in England, IX, 390).
Hoje, quando o autor destas palavras é elevado aos
altares, rezo a fim de que, mediante a sua intercessão e o seu exemplo, quantos
estão comprometidos na tarefa do ensino e da catequese sejam inspirados pela
sua visão a um esforço maior, que está diante de nós de modo tão claro.
Enquanto o testamento intelectual de John Newman
foi o que compreensivelmente recebeu maiores atenções na vasta publicidade
sobre a sua vida e obra, prefiro nesta ocasião concluir com uma breve reflexão
sobre a sua vida de sacerdote e de pastor de almas. O vigor e a humanidade que
estão na base do seu apreço pelo ministério pastoral são magnificamente
expressos por outro dos seus famosos discursos:
«Se os anjos tivessem sido os vossos sacerdotes, queridos irmãos, não
teriam podido participar nos vossos sofrimentos, nem ser indulgentes, nem ter
compaixão por vós, nem sentir ternura em relação a vós, nem encontrar motivos
para vos justificar, como nós podemos; não teriam podido ser modelos nem guias
para vós, nem teriam vos conduzido do vosso homem velho para uma vida nova,
como o podem fazer todos os que provêm do vosso mesmo ambiente» («Men, not Angels: the Priests of the Gospel», Discourses to mixed
congregations, 3).
Ele viveu aquela visão profundamente humana do
ministério sacerdotal na devota solicitude pela população de Birmingham durante
os anos dedicados ao Oratório por ele fundado, visitando os doentes e os
pobres, confortando os esquecidos, ocupando-se de quantos estavam na prisão.
Não admira que quando ele morreu milhares de pessoas se puseram em fila pelas
ruas do lugar enquanto o seu corpo era levado à sepultura a meia légua daqui.
Cento e vinte anos depois, grandes multidões se reuniram de novo aqui para se
alegrar pelo solene reconhecimento da Igreja pela excepcional santidade deste
amadíssimo pai de almas. Não há modo melhor para expressar a alegria deste
momento do que dirigir-nos ao nosso Pai celeste numa ação de graças cordial,
rezando com as palavras colocadas pelo Beato John Henry Newman nos lábios dos
coros dos anjos no céu:
Louvor Àquele
que é Santíssimo no alto dos céus
E louvor nas profundezas;
Belíssimo
em todas as suas palavras,
mas muito mais
em todos os seus caminhos!
que é Santíssimo no alto dos céus
E louvor nas profundezas;
Belíssimo
em todas as suas palavras,
mas muito mais
em todos os seus caminhos!
Homilia de Beatificação
Papa Bento XVI – 19 de setembro de 2010Foi canonizado pelo Papa Francisco no dia 13 de outubro de 2019.
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