Bem-aventurada és tu que creste: com estas palavras
Isabel ungiu a presença de Maria na sua casa. Palavras que brotam do seu
ventre, das suas vísceras; palavras que conseguem fazer ressoar tudo o que ela
experimentou com a visita da sua prima: Assim que a voz da tua saudação
chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.
Bem-aventurada és tu que creste.
Deus visita-nos nas entranhas de uma mulher,
movendo as vísceras de outra mulher com um cântico de bênção e de louvor, com
um canto de alegria. A cena evangélica contém em si todo o dinamismo da visita
de Deus: quando Deus vem ao nosso encontro move as nossas vísceras, põe em
movimento aquilo que somos, a ponto de transformar toda a nossa vida em louvor
e bênção. Quando Deus nos visita deixa-nos inquietos, com a sadia inquietação
daqueles que se sentem convidados a anunciar que Ele vem e está no meio do seu
povo. Assim o vemos em Maria, a primeira discípula e missionária, a nova arca da
aliança que, longe de permanecer num lugar reservado nos nossos templos, sai
para visitar e acompanhar com a sua presença a gestação de João.
Assim o fez também em 1531: correu até Tepeyac
para servir e acompanhar o povo que estava em dolorosa gestação, tornando-se
Mãe, tanto sua como de todos os nossos povos.
Com Isabel, também nós hoje queremos ungi-la e
saudá-la, dizendo: Bem-aventurada és tu que creste e continuas a crer que se
hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! Assim,
Maria é como que o ícone do discípulo, da mulher crente e orante que sabe
acompanhar e animar a nossa fé e a nossa esperança nas diversas etapas que nos
compete atravessar.
Celebrar Maria é, em primeiro lugar, fazer
memória da mãe, recordar que não somos nem nunca seremos um povo órfão. Nós
temos uma mãe! E onde está a Mãe há sempre presença e sabor de casa. Onde está
a mãe, os irmãos poderão desentender-se, mas triunfará sempre o sentido da
unidade. Onde está a mãe não faltará a luta em benefício da irmandade.
Sempre me impressionou ver, em diversos povos
da América Latina, aquelas mães lutadoras que, muitas vezes sozinhas, conseguem
criar os filhos. Assim é Maria. Assim é Maria em relação a nós, pois somos os
seus filhos: Mulher lutadora diante da sociedade da desconfiança e da cegueira,
perante a sociedade da indolência e da dispersão; Mulher que luta para
fortalecer a alegria do Evangelho. Luta para dar carne ao Evangelho.
Papa Francisco – 12 de dezembro
de 2016
Hoje celebramos:
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