Ao canonizar a Beata Rafqa Choboq Ar-Rayès, a Igreja ilumina de maneira
particular o mistério de amor dado e recebido para a glória de Deus e para a
salvação do mundo. Esta monja da Ordem libanesa maronita desejava amar e dar a
sua vida pelos irmãos. Nos sofrimentos que não deixaram de atormentá-la durante
os últimos vinte e nove anos da sua existência, santa Rafqa manifestou sempre
um amor generoso e apaixonado pela salvação dos seus irmãos, haurindo da sua
união a Cristo, morto na cruz, a força para aceitar voluntariamente e amar o
sofrimento, caminho autêntico de santidade.
Oxalá
Santa Rafqa vigie sobre quantos conhecem o sofrimento, sobretudo sobre os povos
do Médio Oriente que se confrontam com a espiral destruidora e estéril da
violência! Mediante a sua intercessão, peçamos ao Senhor que abra os corações à
busca paciente de novos caminhos para a paz, apressando os dias da reconciliação
e da concórdia!
Papa João Paulo II –
Homilia de Canonização – 10 de junho de 2001
Santa Rafqa nasceu na pequena aldeia de Himlaya
(Líbano), em 29 de Junho de 1832. Filha única recebeu no Batismo o nome de
Boutroussyeh e desde a mais tenra infância os seus pais lhe ensinam a amar a
Deus e a rezar diariamente.
Aos sete anos de idade perdeu a mãe e, em 1847, seu
pai contrai um novo matrimonio. Encantadora, sociável, de boa índole e de
religiosidade profunda e humilde, Rafqa é fruto de uma disputa entre duas
famílias, cujos filhos veem nela a futura esposa. Desiludida, decide entrar num
convento e pede a Deus que a assista na sua causa.
Ao entrar na igreja do convento de Nossa Senhora da
Libertação, em Bikfaya, sente uma alegria interior indescritível e vê
confirmada a vocação para se consagrar a Deus, mesmo contra a vontade do seu
pai e da madrasta. Recebe o hábito a 9 de Fevereiro de 1855 e emite os votos em
10 de Fevereiro do ano seguinte.
Em 1858 é enviada para o Seminário de Ghazir, então
jesuíta, para ensinar as candidatas à vida religiosa e trabalhar na cozinha.
Nos momentos livres, aperfeiçoa o seu conhecimento da língua árabe e a
aritmética.
Em seguida, desempenha o seu serviço de religiosa
em várias escolas nas montanhas do Líbano. Em 1860 é transferida para Deir
al-Qamar onde ensina o Catecismo aos jovens, e nesse ano têm lugar os episódios
que ensanguentam o País. Rafqa testemunha o martírio de muitas pessoas e salva
uma criança da morte. Depois, é transferida para Maad, onde funda uma escola
para instruir as jovens.
Enquanto a sua vocação se consolida cada vez mais,
sente-se chamada à vida monacal. Assim, depois de rezar para ser iluminada na
sua decisão, recebe o hábito de monja em 1871 e, no ano seguinte, emite os
solenes votos religiosos com o nome de Rafqa.
Em 1885, Rafqa foi acometida de sérias dores de cabeça.
Acompanhada por uma irmã, foi ao médico em Trípoli, onde se constatou um grave
dano ao nervo óptico. Depois de jorrar pus por mais de um mês, foi perdendo
progressivamente a visão: primeiro o olho esquerdo, depois o direito, até que
ambos começaram a sangrar.
Rafka começou a sentir dores terríveis na cabeça e
nos olhos. Após os exames médicos foi submetida a várias cirurgias. Durante a
última houve um erro médico e ela ficou sem chance de cura. Rafka aceitou toda
aquela lenta agonia tendo a certeza que deste modo participava da Paixão de
Jesus Cristo e no sofrimento da Virgem Maria.
Foram vinte e seis anos de sofrimento na cidade de
Aitou. Depois, com outras cinco religiosas, Rafka foi transferida para o novo convento
dedicado a São José, em Grabta. Neste período ficou completamente cega e
paralítica. Mesmo assim se manteve feliz porque podia usar as mãos, fazendo
meias e malhas de lã. Rafka ainda vivia e a população falava dela como santa
Completamente cega, com uma paralisia progressiva
dos membros a partir de 1907, Rafqa esperou humildemente sua morte. Três dias
antes de falecer, disse: "Eu não tenho medo da morte que tanto
esperei. Deus me fará viver através de minha morte".
Aos 23 de março de 1914, logo após receber a Unção
dos Enfermos e a Eucaristia, Rafqa entregou sua alma a Deus. Tinha então 82
anos.
Depois da sua morte a sua fama se difundiu por todo
o Líbano, Europa, e nas Américas.Os prodígios e milagres foram se acumulando.
Em 09 de junho de 1984, Vigília de Pentecostes, na
presença de Sua Santidade, o Papa João Paulo II, foi aprovado um decreto tendo
em vista o milagre relativo a Elizabeth Ennakl, que foi completamente curada de
um câncer uterino após visitar o túmulo de Rafqa, ainda no ano de 1938.
Em 16 de novembro de 1985 o mesmo Papa João Paulo
II beatificou-a e em 10 de junho de 2001, canonizou-a na Praça de São Pedro, em
Roma.
Oração da Santa Rafqa:
Ó Senhor Jesus Cristo, nosso Deus, Tu gravaste a
imagem de Tua Paixão na vida Santa Rafqa fazendo dela mestra e operária orando
e compartilhando Contigo o Mistério da Redenção. Aqui estamos, humildemente
diante de Ti, orando e pedindo a intercessão de Santa Rafqa (Rebeca) para que
as crianças sejam abençoadas, os doentes recebam a graça da cura e os que
sofrem, a alegria e a felicidade e para que aqueles que oram nas Igrejas e
Mosteiros tenham seus pedidos atendidos. (pedir a graça)
E assim como Tu honraste Rafqa com a visão da Tua
Luz Celestial, permita-nos viver como Rafqa viveu durante toda sua vida na Fé,
na Esperança e na Caridade, a fim de que com ela, com a Virgem Maria e todos os
Santos, Te glorifiquemos e agradeçamos até o fim dos tempos. Amém.
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