Em 1773, o Papa Clemente XIV,
incitado pelo rei espanhol Carlos III , suprimiu a Companhia de Jesus de todos
os territórios católicos do mundo. E foi em países não católicos, principalmente
Prússia e Rússia, onde a autoridade papal não era reconhecida, que essa ordem
foi ignorada, e a Companhia pôde continuar existindo – embora no exílio.
Somente 41 anos depois, em 1814, é que o Papa Pio VII revogou o breve de
Clemente XIV e restaurou a Companhia.
São José Pignatelli foi um
dos que mais contribuiu para a restauração da Companhia de Jesus. Preso e
expulso da Espanha juntamente com outros jesuítas em 1767, refugiou-se em
Ferrara, nos Estados Pontifícios, até que, em 1773, Clemente XIV extinguiu a
ordem. Anos difíceis, cheios de temores e perseguições. Quando os jesuítas espanhóis, desterrados e dispersos pela Itália,
queriam explicar quem era José Pignatelli, diziam simplesmente: «Um novo
São Francisco de Borja». Porém, a ordem dos Jesuítas fora preservada na Rússia
e Pignatelli esperou pacientemente pelo retorno da ordem dos Jesuítas a
Nápoles assim como a todo o Ocidente: em Nápoles viu esse ideal acontecer
em 1808, mas morreu antes da restauração definitiva no mundo, realizada pelo
Papa Pio VII em 1814.
José Pignatelli nasceu
em 1737 em Saragoça, do ramo espanhol de uma família do reino de Nápoles.
Perdendo a mãe aos cinco anos, veio para esta cidade onde recebeu, de uma irmã,
ótima educação católica.
Voltando para Espanha, aos
quinze anos entrou na Companhia de Jesus. Feito o Noviciado e emitidos
depois os primeiros votos em Tarragona, aplicou-se aos estudos, primeiro em
Manresa e depois nos colégios de Bilbau e de Saragoça. Ordenado sacerdote,
dedicou-se ao ensino das letras e, com grande fruto, aos ministérios
apostólicos. Levantou-se, porém, uma grande perseguição contra a Companhia de
Jesus e ele figurou entre os jesuítas que foram expulsos da Espanha para a
Córsega.
Entre adversidades, mostrou
o Padre Pignatelli grande fortaleza e constância; foi por isso nomeado
Provincial de todos esses exilados. E recomendaram-lhe especial cuidado pelos
mais jovens, o que ele praticou com grande zelo. Da Córsega foi obrigado a
transferir-se, com os outros, para várias regiões, vindo finalmente a fixar-se
em Ferrara (Itália), onde fez a profissão solene de quatro votos.
Pouco depois, sendo a
Companhia de Jesus dissolvida por Clemente XIV, em 1773, Padre Pignatelli deu
exemplo extraordinário de perfeita obediência à Sé Apostólica como também de
intenso amor para com a Companhia de Jesus. Indo para Bolonha e, estando
proibido de exercer o ministério apostólico com as almas, durante quase vinte e
cinco anos entregou-se totalmente ao estudo, reunindo uma biblioteca de valor,
dando-se principalmente a obras de caridade para com os antigos membros da
suprimida Companhia.
Logo, porém, que lhe foi
possível, pediu para ser recebido na Família Inaciana existente na Rússia, onde
reinava Catarina, que sendo cismática não aceitara a supressão vinda de Roma.
Os jesuítas da Rússia ligaram-se a bom número de ex-jesuítas italianos, e Padre
Pignatelli uniu-se a todos eles, tendo-lhe sido permitido renovar a profissão
solene. Com licença do Papa Pio VI, foi construída uma casa para noviços no
ducado de Parma, onde o Padre Pignatelli foi reitor. Em 1804, Pio VII restaurou
a Companhia de Jesus no reino de Nápoles, e o Padre Pignatelli vem a ser
Provincial. Mas o exército francês aparece e dispersa este grupo de jesuítas.
Em 1806, transfere-se para
Roma onde é muito bem recebido pelo Sumo Pontífice. Os franceses, que estão a
ocupar Roma, toleram-no. No silêncio, Padre Pignatelli vai preparando o
renascimento da sua Companhia. Este fato ocorre em 1814, com o citado Papa
beneditino Pio VII. Mas o Padre Pignatelli já tinha morrido em 1811, com
setenta e quatro anos. O funeral decorreu quase secretamente.
Ele foi sepultado na Igreja
do Gesù , em Roma.
Foi beatificado por Pio XI
em 1933, que chamou o santo de “o
principal anel da cadeia entre a Companhia que existira e a Companhia que ia
existir,… o restaurador dos Jesuítas”.
Profundo devoto do Sagrado
Coração de Jesus e da Virgem Santíssima, homem adorador (passava noites
inteiras diante do Santíssimo Sacramento), São José Pignatelli foi canonizado
em 1954 pelo Papa Pio XII.
Oração
de São José Pignatelli
Deus, nosso Pai, dai-nos
humildade para que possamos experimentar o dom de perdoar a quem nos ofendeu, a
quem nos machucou e feriu por dentro, pois assim alcançaremos a remissão para
nossos pecados. Ensinai-nos a perdoar, pois o perdão é a medicina que nos sara
por dentro e nos previne contra atrozes sofrimentos. Perdoar é o refrigério que
aplaca a ardência de mágoas e desejos de vingança. Perdoar o outro é alcançar
de Deus o perdão de nossos pecados.
Lembremo-nos da parábola do
servo cruel, quando o Senhor, cheio de compaixão, perdoou toda a dívida do
servo, deixando-o ir em paz. Mas este, esquecido de que tinha sido perdoado,
meteu na prisão o amigo que lhe devia apenas alguns vinténs: “Servo mau, eu te
perdoei toda a dívida porque me suplicaste. Não devias também tu compadecer-te
de teu amigo, como eu tive piedade de ti?” Ensinai-nos a ultrapassar as coisas
envelhecidas, as ideias preconceituosas, os condicionamentos que nos amarram,
as tiranias que nos oprimem. Busquemos a verdade que nos liberta e tirai de
nossos olhos as traves que nos cegam.
São José Pignatelli, rogai
por nós
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