Chegou
o Advento! A Igreja começa um novo ano litúrgico. Vivendo esse período com
autêntico espírito evangélico, o cristão pode, certamente, experimentar os
frutos desta escola de santidade, abrindo as portas de sua casa para "a
luz dos povos" que é Cristo.
O Advento,
assim como a Quaresma, também insiste na necessidade da penitência e da oração
como vias de purificação da alma. Mas de uma maneira diferente. Enquanto que na
Quaresma a Igreja tem como prática principal, por assim dizer, o jejum, no Advento, os fiéis são incentivados a fazer
vigílias, preparando seus corações para a chegada da criança. Animada pelas
palavras do Anjo aos três reis magos - "eis que vos anuncio uma boa nova
que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador,
que é o Cristo Senhor" (Cf. Lc 2, 11) -, toda a Igreja põe-se
de guarda à espera d’Aquele que "dá à vida um novo horizonte e, desta
forma, o rumo decisivo".
O Evangelho
deste domingo fala em "vigília" e "atenção", "porque,
na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá" (Cf. Mt 24,
44). Com estas palavras, a liturgia quer suscitar entre os cristãos a
consciência de que o retorno do "Filho
do Homem" a este tempo e a esta história deve ser não somente
esperado, como também preparado, pois como "nos
dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam (...), até que veio o dilúvio e
arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem"
(Cf. Mt 24, 38).
A palavra de
Cristo no Evangelho deste domingo nos fala justamente disso: o homem é chamado
a vigiar para não cair no erro diabólico de que a felicidade se encontra fora do
amor de Deus. Uma vez que foste criado para Deus, diz Santo Agostinho, o
coração do homem "está inquieto enquanto não encontrar em Ti
descanso". Mas para manter essa fé, o homem deve, necessariamente,
lutar, combater o bom combate. E esse combate se dá por meio das normas de
piedade: a frequência aos sacramentos, a recitação do rosário e demais
jaculatórias, a doação de esmolas e outros atos de caridade e etc. Mas por que
essas coisas são necessárias?
São Paulo nos
fala na sua carta aos Romanos: "despojemo-nos das ações das trevas
e vistamos as armas da luz" (Cf. Rm 13, 12). O apóstolo está
exortando a comunidade, a fim de conduzi-la à atitude do sentinela. Sabendo que
"agora a salvação está mais perto
de nós do que quando abraçamos a fé", diz ao rebanho que "já é hora
de despertar". É um convite a uma fé mais madura.
Não obstante,
esta fé mais madura só é possível se auxiliada pela graça de Deus. Os cristãos
devem fugir da tentação de querer alcançar o céu pelos próprios esforços. Como
tanto tem insistido o Papa Francisco, cada batizado deve se entregar nos braços
de Deus, revestindo-se - como pede São Paulo na segunda leitura - "do Senhor Jesus Cristo".
Este é o único e verdadeiro caminho para a glória e a felicidade eternas.
O cristão
nasceu para o combate; e o primeiro combate a ser travado é aquele
contra as próprias inclinações, orando e vigiando. Ficai vigilantes,
porque o Senhor está próximo.
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