quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Beata Maria Helena Stollenwerk


“Não se faça a minha, mas a Vossa vontade”!
Essa Palavra realizou-se na vida da Beata Maria Helena Stollenwerk, que desde a infância sente o chamado missionário, o desejo de evangelizar na longínqua China lhe enche o coração. Com Santo Arnaldo Janssen funda as Missionárias Servas do Espírito Santo (1889) e das Missionárias Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua (1896), mas ouvindo a Deus que a chamava à clausura, nunca parte para a China, sustenta os missionários da Congregação na oração e adoração perpétua.

Helena nasceu no dia 28 de Novembro de 1852, numa aldeia do Eifel, na Alemanha. A sua infância foi marcada pela morte de seu pai e pelo cuidado com seus irmãos surdos-mudos. As leituras sobre as missões em países não evangelizados tocou Helena profundamente e aos 14 anos foi nomeada promotora da Obra Missionária da Santa Infância de sua paróquia.
Sentia-se profundamente atraída pelas crianças da China, a quem procurava meios para ajudar. Aos 16 anos descobriu que através da vida religiosa poderia alcançar sua meta. Durante anos procurou por uma congregação missionária. Como a Alemanha vivia tempos de perseguição, Helena precisou esperar.

“Sempre foi uma grande alegria para mim, poder fazer algo pela Obra da Infância missionária” dizia a Beata Maria Helena. Desde pequenina que se identificou com o ideal missionário. Foi “tocada” no seu íntimo pela Palavra de Deus e por situações de sofrimento humano a ponto de modificar toda a sua vida. Helena sente-se interpelada pelo sofrimento das crianças pagãs e abandonadas da China. É significativo, que para a Beata Maria Helena, o ideal missionário esteja em primeiro lugar e não a vida religiosa. “Naquele tempo eu tinha apenas o desejo de ir aos pobres pagãos. Não pensava em entrar numa congregação religiosa.” A necessidade de entrar numa congregação religiosa para viver o seu carisma só apareceu mais tarde, como um meio para chegar ao seu objetivo: a China.

Ela viveu o amor misericordioso de Deus pelos homens, tal como se revelou na História de Israel: “Eu vi a aflição do meu povo e desci para salvá-los das mãos dos egípcios e conduzi-los para a terra prometida”(Ex 3,7-8). As situações de sofrimento, pobreza e ameaças à vida, ela experimentava no próprio chamamento. O sofrimento dos homens, o apelo de Deus a atingiu como um golpe. E reconheceu que, só na resposta a este chamamento, encontraria a realização da própria vida!

Esta certeza é tão firme na vida de Helena que se mantém ainda hoje e se vai perpetuando nas Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo. Quando foi a Steyl (casa mãe das três congregações fundadas por Santo Arnaldo na Holanda) pela primeira vez, disse: ”Eu estou tão feliz como nunca estive antes. Senti que aqui é o meu lugar e que a missão da Sociedade do Verbo Divino coincide com o que Deus me pede.”

É significativo que a vocação missionária de Helena tenha sido alimentada pela Obra da Santa Infância. O desejo de ser enviada às missões estrangeiras vive nela mesmo antes da fundação da Congregação de Missionárias Servas do Espírito Santo.

A vida da Bem-aventurada Maria Helena parece a de uma semente que morre escondida na escuridão da terra e acorda para uma vida nova. Para ela é a palavra de Javé a Abraão: “Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar. Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome e tu serás uma fonte de bênçãos.” (Gen 12,1-2). Também Helena escuta a Palavra de Deus, confia como Abraão e põe-se a caminho. A promessa vive nela. Ela mesma é parte da promessa. Ela é capaz de suportar o penoso trabalho sem se queixar porque tem o objetivo diante dos olhos e é confirmado por Deus no caminho pela experiência da alegria: “Eu vivo, na Casa Missionária, felicíssima e contente.”

Em Maria Helena se resume o carisma missionário e o da contemplação. Seus diretores espirituais reconhecem nela tendência essa tendência contemplativa. Assim, ela procura aprofundar, cada vez mais, nas irmãs, o amor à vocação religiosa-missionária. Ela escreve às Irmãs: “Não deixemos de agradecer, nem em um só dia, do fundo do coração, pela grande graça de sermos irmãs missionárias. Alegrai-vos, porque Deus nos escolheu.”

Também entende a passagem à clausura como uma entrega para a missão. Agora, em cada momento livre, quer levantar o coração e as mãos a Deus, para que Ele abençoe o trabalho das missionárias.

Afirma várias vezes, que ama a vocação missionária e que somente dá o passo para a clausura, porque reconhece nisso a vontade de Deus. A experiência de Deus em Helena é intimamente relacionada com a experiência do chamamento missionário.
E assim, sem nunca ter pisado na China, ela faleceu no dia 3 de Fevereiro de 1900.

A Encíclica “Redemptoris Missio” indica como marca essencial da Espiritualidade Missionária a união íntima com Cristo e a participação nas Suas atitudes: “Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus (Fil 2,5-8). “O chamamento percorre o mesmo caminho e tem o ponto final ao pé da cruz”. Estas palavras de João Paulo II são como um espelho na vida de Helena. Dela é exigido renunciar a si mesma e a tudo o que, até então, considera como seu, para se tornar em tudo para todos. Ela escolheu o caminho de seguir Jesus, o Enviado do Pai. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário