O termo grego "epifania" significa entrada poderosa, e se referia à chegada de um rei ou de um imperador. O mesmo termo servia para indicar a aparição de uma divindade ou de sua intervenção prodigiosa.
No oriente, o nome epifania indicava a desta do Natal do Senhor, a sua "aparição" na carne. No século II já era celebrada no dia 6 de janeiro em algumas comunidades.
No século IV se tem notícia da primeira festa ortodoxa da Epifania. No tempo de São João Crisóstomo (antes de 386) era celebrada em Antioquia e no Egito.
A festa entrou também no ocidente e, em algumas regiões pode ter precedido inclusive o Natal. Mas normalmente, tendo entrado depois, tinha como objeto a "revelação de Jesus ao mundo pagão, simbolizada no episódio da vinda e adoração dos Magos.
Desse modo, no ocidente se distinguiu claramente o objeto da celebração das duas festas:
Natal - nascimento (encarnação) em meio ao seu povo;
Epifania - homenagem das nações.
O Senhor deu
a conhecer a salvação ao mundo inteiro
“Tendo
a misericordiosa Providência de Deus decidido vir nos últimos tempos em socorro
do mundo perdido, determinou salvar todos os povos em Cristo.
Esses
povos formam a incontável descendência outrora prometida ao santo patriarca
Abraão; descendência gerada não segundo a carne, mas pela fecundidade da fé, e
por isso comparada à multidão das estrelas, para que o pai de todos os povos
esperasse uma posteridade celeste e não terrestre.
Entrem,
pois, todos os povos, entrem na família dos patriarcas, e recebam os filhos da
promessa a benção da descendência de Abraão, à qual renunciaram os filhos
segundo a carne. Que todos os povos, representados pelos três Magos, adorem o
Criador do universo; e Deus não seja conhecido apenas na Judeia mas no mundo
inteiro, a fim de que por toda parte o seu nome seja grande em Israel (Sl 75,2).
Portanto,
amados filhos, instruídos nos mistérios da graça divina, celebremos com alegria
espiritual o dia das nossas primícias e do primeiro chamado dos povos pagãos à
fé, dando graças a Deus misericordioso que, conforme diz o Apóstolo, nos tornou capazes de
participar da luz que é a herança dos santos; ele nos libertou do poder das trevas
e nos recebeu no reino de seu amado Filho (Cl 1,12-13). Pois, como anunciou Isaías, o povo que andava na
escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma
luz resplandeceu (Is 9,1). E ainda referindo-se a eles, o mesmo profeta diz ao Senhor: Nações que não vos
conheciam vos invocarão e povos que vos ignoravam acorrerão a vós (cf. Is 55,5).
Esse
dia, Abraão
viu e alegrou-se (Jo 8,56) ao saber que seus filhos segundo a fé seriam abençoados na sua
descendência, que é Cristo, e ao prever que, por sua fé, seria pai de todos os
povos. E
deu glória a Deus, plenamente convencido de que Deus tem poder para cumprir o
que prometeu (Rm
4,20-21).
Esse
dia, também Davi cantou nos salmos, dizendo: As nações que criastes virão adorar, Senhor,
e louvar vosso nome (Sl 85,9). E ainda: O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça (Sl 97,2).
Como
sabemos, tudo isso se realizou quando os três Magos, chamados de seu longínquo país, foram conduzidos por uma estrela, para irem conhecer e adorar o Rei
do céu e da terra. O serviço prestado por esta estrela nos convida a imitar sua
obediência, isto é, servir com todas as forças essa graça que nos chama todos
para Cristo.
Animados
por esse desejo, amados filhos, deveis empenhar-vos em ser úteis uns aos
outros, para que no reino de Deus, aonde se entra graças à integridade da fé e
às boas obras, resplandeçais como filhos da luz. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos.”
São Leão Magno - Séc V
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