quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Beata Rita Amada de Jesus

Rita Amada de Jesus, nasceu no dia 5 de Março de 1848 num pequeno povoado da Diocese de Viseu –– Portugal. Com muito poucos dias de idade recebe o batismo e foi-lhe dado o nome de Rita Lopes de Almeida. Cresceu num ambiente familiar muito piedoso onde à noite se fazia leitura espiritual e, desde criança, manifestou uma especial devoção por Jesus Sacramentado, por Nossa Senhora, por São José e carinho pelo Papa que, por essas alturas vivia vida atribulada, a ponto de se ver exilado e, poucos anos depois espoliado dos Estados Pontifícios.

A maçonaria, que em Portugal, na década de trinta se apoderou dos bens eclesiásticos, mandara fechar todas as casas Religiosas masculinas e nas femininas proibia a admissão de qualquer Noviça, concorreu para o cristianismo perder alguma vitalidade. Além disso, muitos bispos e até sacerdotes eram relapsos em seus deveres, pelas constantes lutas políticas em que se viam envolvidos.

No lar desta jovem, todos, a começar pelos pais, sentiam a ânsia de uma autêntica vivência cristã e desejo de a comunicar a outros. Deus fez nascer nela a vocação missionária para arrancar os jovens do indiferentismo, dos perigos morais e exercer apostolado em prol da família. Chegou a andar de aldeia em aldeia a rezar; e ensinava a rezar o terço e espalhar a vontade sincera de imitar Nossa Senhora. Encontrava pessoas de vida menos exemplar e fazia tudo quanto estava ao seu alcance para que Nosso Senhor as arrancasse do mal e as trouxesse ao bom caminho. Não tardaram ameaças de morte e até houve uma tentativa de homicídio frustrada.

À oração juntou a penitência. Nas vindas a Viseu, começou a contactar as Irmãs Beneditinas do Convento de Jesus e conseguiu delas alguns “instrumentos de mortificação”. Cedo deu-se conta, juntamente com seu confessor, que Jesus a chamava à vida de consagrada, numa época impossível pelas leis ainda vigentes que proibiam admissões de Noviças. Rita continuava no mundo, entregue ao apostolado, às mortificações, na esperança de que haveria de alcançar a consagração total a Deus e rejeitando peremptoriamente pretendentes, alguns deles ricos, porque no seu íntimo já era “consagrada”. Fazia a Comunhão Reparadora; crescia no fervor eucarístico, na devoção ao Sagrado Coração de Jesus e no forte desejo de salvar almas, tornando-se missionária e apóstola. Comungando no apostolado de Rita, os pais chegaram a albergar em sua casa mulheres desejosas de conversão e de mudar de atitudes e comportamentos morais com que tinham contribuído para a destruição de famílias.

Com cerca de 20 anos viu que era imperioso consagrar-se a Deus na Vida Religiosa. Confidenciava muito com sua mãe e o pai, embora muito piedoso, por sentir por aquela filha uma oculta predileção, opunha-se a este desejo.
Porque importa obedecer mais a Deus que aos homens, Rita não esmoreceu e finalmente aos 29 anos conseguiu entrar num convento de Religiosas, a única Congregação permitida em Portugal por ser estrangeira e se dedicar apenas à assistência. Ao confrontar o carisma daquelas Irmãs com o que lhe ia na alma, deu-se conta que não era esse o gênero de apostolado para que se sentia inclinada. O Diretor Espiritual da Comunidade a quem se abria inteiramente verificou o que era a vontade de Deus a respeito daquela Aspirante: recolher e educar meninas pobres e abandonadas. Rita deixou aquelas Religiosas de origem francesa e, ainda de acordo com Padre Francisco Pereira S.J., procurou meios de melhor se preparar para o futuro e urgente desempenho da sua especial missão. Deu entrada num colégio onde pôde aprender ao vivo como lidar com as exigências estatais e religiosas.

Rita, humanamente rica de predicados e virtudes, profundamente piedosa, levada pelo desejo de cumprir a vontade de Deus a seu respeito, deixando-se guiar pelo Diretor Espiritual, ao sair do Colégio, aos 32 anos, conseguiu vencer as dificuldades de natureza política e até religiosa para fundar a 24 de Setembro de 1880, na paróquia de Ribafeita, um colégio e simultaneamente o Instituto das Irmãs de Jesus Maria José, seguindo o lema da Sagrada Família de Nazaré. Ela mesma testemunha:
"(...) Estava pedindo esmolas em um certo lugar e fui acolhida por uma família onde passei a noite. Nesta casa havia um menino de 5 anos, cego e mudo de nascimento. Rezei ao Nosso Senhor para que curasse a crianca, da vista e da fala, como um sinal de que a fundação do Instituto era da Sua vontade. Assim reconheceria melhor os Seus insondáveis desígnios.
Depois de sair de lá, uma irmã, que habita hoje comigo e presenciou a cena, veio dizer-me que a criança já via, andava e falava.
Após este sinal, Nosso Senhor deu-me tanto fervor na fundação da obra, que não havia contradições que me demovessem."

Em breve espaço de tempo, estendeu a Obra de apostolado a outras Dioceses de Portugal; mas nas Dioceses de Viseu, Lamego e Guarda as autoridades políticas procuraram por todos os meios obrigá-la a encerrar a Obra. Não lhe faltaram também dificuldades econômicas e ainda internas com uma das suas religiosas. 

Porém, em Portugal no ano de 1910 a implantação da República desencadeou perseguição feroz contra a Igreja, apoderou-se dos bens que o Instituto possuía, aboliu novamente as Ordens Religiosas e Madre Rita teve que se refugiar na terra natal. Daqui conseguiu localizar algumas Irmãs dispersas, aos poucos reagrupá-las numa humilde casa e pôde salvar o Instituto, enviando-as depois em grupos para o Brasil. Lá continuaram o carisma da Fundadora que faleceu em Casalmendinho (paróquia de Ribafeita) a 6 de Janeiro de 1913, em odor de santidade, confortada pelos últimos Sacramentos. O funeral para o cemitério paroquial, presidido pelo Vigário Geral da Diocese foi antes uma ação de graças pelo dom desta Religiosa à Igreja e ao Mundo.



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