VENCE A INDIFERENÇA E CONQUISTA A PAZ
Deus não é indiferente; importa-Lhe a
humanidade! Deus não a abandona!
Com esta minha profunda convicção,
quero, no início do novo ano, formular votos de paz e bênçãos abundantes, sob o
signo da esperança, para o futuro de cada homem e mulher, de cada família, povo
e nação do mundo, e também dos chefes de Estado e de governo e dos responsáveis
das religiões. Com efeito, não perdemos a esperança de que o ano de 2016 nos
veja a todos firme e confiadamente empenhados, nos diferentes níveis, a
realizar a justiça e a trabalhar pela paz. Na
verdade, esta é dom de Deus e trabalho dos homens; a paz é dom de Deus, mas
confiado a todos os homens e a todas as
mulheres, que são chamados a realizá-lo.
(...) Jesus ensina-nos a ser
misericordiosos como o Pai (Lc 6, 36). Na parábola do bom samaritano (Lc 10,
29-37), denuncia a omissão de ajuda numa necessidade urgente dos seus
semelhantes: «ao vê-lo, passou adiante» (Lc 10, 32). Ao mesmo tempo, com
este exemplo, convida os seus ouvintes, e particularmente os seus discípulos, a
aprenderem a parar junto dos sofrimentos deste mundo para os aliviar, junto das
feridas dos outros para as tratar com os recursos de que disponham, a começar
pelo próprio tempo apesar das muitas ocupações. Na realidade, muitas vezes a
indiferença procura pretextos: na observância dos preceitos rituais, na
quantidade de coisas que é preciso fazer, nos antagonismos que nos mantêm longe
uns dos outros, nos preconceitos de todo o gênero que impedem de nos fazermos
próximo.
A misericórdia é o
coração de Deus. Por isso deve ser também o coração de todos
aqueles que se reconhecem membros da única grande família dos seus filhos; um
coração que bate forte onde quer que esteja em jogo a dignidade humana, reflexo
do rosto de Deus nas suas criaturas. Jesus adverte-nos: o amor aos outros –
estrangeiros, doentes, encarcerados, pessoas sem-abrigo, até inimigos – é a
unidade de medida de Deus para julgar as nossas ações. Disso depende o nosso
destino eterno. Não é de admirar que o apóstolo Paulo convide os cristãos de
Roma a alegrar-se com os que se alegram e a chorar com os que choram (Rm 12,
15), ou recomende aos de Corinto que organizem coletas em sinal de
solidariedade com os membros sofredores da Igreja (ICor 16, 2-3). E São
João escreve: «Se alguém possuir bens
deste mundo e, vendo o seu irmão com necessidade, lhe fechar o seu coração,
como é que o amor de Deus pode permanecer nele?» (IJo 3, 17).
Deste modo, também
nós somos chamados a fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da
solidariedade um verdadeiro programa de vida, um estilo de comportamento nas
relações de uns com os outros. Isto
requer a conversão do coração, isto é, que a graça de Deus transforme o nosso
coração de pedra num coração de carne (Ez 36, 26), capaz de se abrir aos outros
com autêntica solidariedade. Com efeito, esta é muito mais do que um
«sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males
sofridos por tantas pessoas, próximas ou distantes». A
solidariedade «é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem
comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos
verdadeiramente responsáveis por todos», porque a compaixão brota da
fraternidade.
Assim entendida, a
solidariedade constitui a atitude moral e social que melhor dá resposta à
tomada de consciência das chagas do nosso tempo e da inegável interdependência
que se verifica cada vez mais, especialmente num mundo globalizado, entre a
vida do indivíduo e da sua comunidade num determinado lugar e a de outros
homens e mulheres no resto do mundo.
(...) No espírito
do Jubileu da Misericórdia, cada um é chamado a reconhecer como se manifesta a
indiferença na sua vida e a adotar um compromisso concreto que contribua para
melhorar a realidade onde vive, a começar pela própria família, a vizinhança ou
o ambiente de trabalho.
Mensagem do Santo Padre Francisco
para a celebração do XLIX DIA MUNDIAL DA PAZ
para a celebração do XLIX DIA MUNDIAL DA PAZ
1º de janeiro de 2016
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