terça-feira, 8 de maio de 2018

Luta e Vigilância: A corrupção espiritual - Gaudete et Exsultate nºs 164 e 165

O caminho da santidade é uma fonte de paz e alegria que o Espírito nos dá, mas, ao mesmo tempo, exige que estejamos com “as lâmpadas acesas” (cf. Lc 12, 35) e permaneçamos vigilantes: “afastai-vos de toda a espécie de mal” (1 Ts 5, 22); “vigiai” (Mt24, 42; cf. Mc 13, 35); “não adormeçamos” (1 Ts 5, 6). Pois, quem não se dá conta de cometer faltas graves contra a Lei de Deus, pode deixar-se cair numa espécie de entorpecimento ou sonolência. Como não encontra nada de grave a censurar-se, não adverte aquela tibieza que pouco a pouco se vai apoderando da sua vida espiritual e acaba por ficar corroído e corrompido.

A corrupção espiritual é pior que a queda dum pecador, porque trata-se duma cegueira cómoda e autossuficiente, em que tudo acaba por parecer lícito: o engano, a calúnia, o egoísmo e muitas formas subtis de autorreferencialidade, já que “também Satanás se disfarça em anjo de luz” (2 Cor 11, 14). Assim acabou os seus dias Salomão, enquanto o grande pecador David soube superar a sua miséria.

Num trecho evangélico, Jesus alerta-nos contra esta tentação insidiosa que nos faz escorregar até à corrupção: fala duma pessoa libertada do demônio a qual, pensando que a sua vida já estivesse limpa, acabaria possuída por outros sete espíritos malignos (Lc 11, 24-26). E outro texto bíblico usa esta imagem impressionante: “O cão volta ao seu vômito” (2 Ped 2, 22; Prv 26, 11).


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